Em frente, todos! E com braços e coração, palavra e caneta, punhal
e revólver, ironia e maldição, roubo, envenenamento e fogo posto,
vamos declarar… guerra à sociedade…
Dejaque
Vamos pôr um ponto final na espera, nas dúvidas, nos sonhos de paz social, nos pequenos compromissos e na ingenuidade. Todo o lixo metafórico que nos é fornecido nas lojas do capitalismo. Vamos pôr de lado as grandes análises que explicam tudo até ao mais ínfimo pormenor. Enormes volumes carregados de senso comum e medo. Vamos pôr de lado ilusões democráticas e burguesas de discussão e diálogo, de debate e assembléia, e as iluminadas capacidades dos chefes mafiosos. Vamos pôr de lado a sabedoria que a burguesa ética do trabalho escavou nos nossos corações. Vamos pôr de lado os séculos de Cristandade que nos ensinaram o sacrifício e a obediência. Vamos pôr de lado padres, patrões, líderes revolucionários, líderes menos revolucionários e os que não são revolucionários de todo. Vamos pôr de lado números, ilusões de quantidade, as leis do mercado. Vamos nos sentar por momentos nas ruínas da história dos perseguidos, e refletir. O mundo não nos pertence. Se tem um amo que é estúpido o suficiente para o querer do modo como está, esse amo que fique com ele. Que conte as ruínas no lugar de edifícios, os cemitérios no lugar de cidades, a lama no lugar de rios, e o resíduo putrefato no lugar de mares. O maior espetáculo de magia do mundo não mais nos encanta. Estamos certos de que comunidades de prazer irão emergir da nossa luta, aqui e agora. E pela primeira vez, a vida triunfará sobre a morte.
Extrato de “La gioia armata” de Alfredo M. Bonanno (capítulo XI)
Edizioni Anarchismo, Catania 1977