Crónica do 1º hackmeeting em Portugal (Porto) e de como se “sincronizou” com o hackmeeting no México (Cereza, Ojo de Agua, Tecámac)
O primeiro hackmeeting em Portugal realizou-se a 29 e 30 de Outubro, partilhado pelos espaços CasaViva, Es.Col.A e Espaço Musas.
Um encontro livre e autogestionado que se focou na tecnologia e nas suas implicações sociais, e que aproveitou a energia do Hackmeeting Ibérico que teve lugar em A Corunha, no fim de semana anterior.
Tudo começou na sexta-feira à tarde, na CasaViva, com a chegada do primeiro material para a montagem de alguns nós da rede Guifi.net – uma rede comunitária wireless, que conta já com milhares de utilizadores na Catalunha e no resto do estado espanhol. Entre hackers, hacktivistas, ciclistas e outros freakies, o espaço foi-se dividindo entre configurações de hardware e hardcoding do jantar. Depois da refeição, e ao som de música livre, decorreu uma sessão VJing em software livre – Delvj – com bastante entusiasmo e vontade de aprender do público. Já a noite era avançada quando se fez um pequeno streaming para o México, onde decorria em simultâneo o Hackmitin Mexico.
No sábado de manhã, depois de poucas horas de descanso, decorreu na estufa do Espaço Musas uma conversa sobre bio-hidroponia social, uma forma de, utilizando tecnologias simples e esse desejo básico de hackear, produzir comida, em espaços reduzidos e com pouco esforço. Enquanto alguns ainda saboreavam o almoço bio e as alfaces hidropónicas, já na Es.Col.A começava a sessão Transparência Hackday, que continuou a “bater código” pela tarde fora.
Ainda durante o sábado, em jeito de conversa informal decorreu uma apresentação do Hacklaviva.net e da Es.Col.A e um possível documentário a realizar sobre o espaço e que licença a utilizar. Falou-se ainda das implicações sociais de transmitir conhecimento tecnológico a comunidades com pouco acesso a ele – onde se apresentou um projecto de oficinas de captura e edição de vídeo em comunidades isoladas no interior do Brasil. Seguiu-se uma apresentação da rede Guifi.net e das antenas disponiveis para montar no Porto e iniciar, também aqui, alguns nós dessa rede.
Logo a seguir ao jantar, a Es.Col.A encheu, não só de hackers mas principalmente de vizinhos interessados no concerto da AJA – Associação José Afonso, música de intervenção dum autor que, como nós, aspirava a um mundo melhor e mais partilhado.
Com muito menos resistentes, começou uma sessão sobre hardning com GRSecurity, onde se demonstraram exploits do Apache e como se proteger de base (com um patch ao kernel do servidor) contra eles.
Era já domingo em Portugal, quando se estabeleceu uma ligação com o sábado no México e se conversou sobre questões de género, sexismo e tecnologia. De volta à CasaViva, subiu-se ao telhado, numa tentativa de montar a primeira antena, o que só veio a conseguir-se à tarde, decorria já na Es.Col.A a primeira assembleia de crianças em acção.
Nessa tarde, teve também lugar uma conversa na Es.Col.A sobre o evento Cidadania 2.0, seguido por uma participada oficina de Delvj, onde se transmitiram conhecimentos sobre instalação e iniciação ao VJing em software livre. Houve ainda uma conversa sobre moedas comunitárias, partilha e redes sociais livres, que começou antes do jantar e se prolongou pela noite fora.
O encerramento deste primeiro Hackmeeting fez-se com uma assembleia de avaliação fora de horas e, por isso, já com poucos hackers resistentes, mas manifestou-se a vontade de repetir e coordenar esforços com a comunidade Hackmeeting Ibérica num futuro próximo.
Fonte: pt.indymedia.org