“… A partir de agora, livre para sempre”
Honra a Spyros Dravilas
– Anarquistas
A 29 de Maio de 2015 – durante uma operação antiterrorista da polícia grega na zona de Nea Anchialos, na região de Magnésia, próximo da cidade de Volos – Spyros Dravilas cai morto no interior de uma casa segura, em circunstâncias ainda não esclarecidas. A operação policial contra os apelidados “salteadores de Distomo” resultou não só na morte de Spyros Dravilas (um ilegalista e ex-prisioneiro em luta) mas também na detenção de Grigoris Tsironis (um compa anarquista, muito ativo nas últimas duas décadas, que se encontrava na clandestinidade desde 2006) e Spyros Christodoulou (um ilegalista e ex-prisioneiro rebelde). As autoridades disponibilizaram um relatório da autópsia onde se indica que Dravilas disparou um rifle na boca. Obviamente não podemos saber o que realmente aconteceu mas, até agora, parece que nem os que lhe são próximos nem os próprios dois detidos tinham negado esta versão da história.
Durante o ano de 2006 Spyros Dravilas pôs-se em fuga, não regressando à prisão após uma autorização de saída da mesma. Foi recapturado em 2008 e acusado por ter libertado dois dos presos – Vassilis Palaiokostas, que está em busca, após outra fuga com helicóptero, e Alket Rizai, recapturado em 2009 – aterrando um helicóptero, pela primeira vez, no pátio das prisões de Koridallos, em Junho de 2006. Spyros Dravilas negava estas acusações.
Em 2009 foi condenado a 17 anos de prisão, cumprindo a pena no presídio de Domokos. Durante o verão de 2013 foi divulgado que Dravilas tinha violado os termos do direito a saídas da prisão que tinha conseguido através de uma longa greve de fome e que se encontrava outra vez na clandestinidade.
Após a operação antiterrorista em Nea Aghialos, a polícia e a imprensa tentaram apontar o falecido Dravilas como autor do ataque armado contra Serafeim Kallimanis, chefe dos carcereiros da prisão de Domokos, ataque realizado a 21 de Fevereiro de 2015 na zona de Kouvela, em Stylida. Provavelmente não se trata de coincidência o facto da “Organização Milícia/Justiça Popular” – a 31 de Maio de 2015 no meio da histeria mediática – ter assumido a responsabilidade pela execução de Kallimanis (sem fazer qualquer referência a Spyros Dravilas).
Seguem-se alguns extractos de um texto publicado a 1 de Junho de 2015 por companheirxs e amigxs de Spyros Dravilas e dos que foram capturados em Nea Aghialos:
[…] Grigoris foi e continua a ser um companheiro. Desde as suas primeiras detenções – resultantes da sua participação nos factos de 1995 na Politécnica e das lutas contra a gentrificação da praça de Exarchia em 1997 – até à sua participação em dezenas de intervenções combativas do meio anarquista e como trabalhador no sindicato dos mensageiros, Grigoris estava sempre do nosso lado. Encontrava-se em fuga desde Janeiro de 2006, após a expropriação do Banco Nacional na rua Solonos, passando uma década no combate e sobrevivência contra o Capital e seu aparelho repressivo. […]
[…] Spyros Christodoulou foi e continua a ser um insubmisso proletário que traçou e continua a traçar a sua própria trilha de dignidade sob as condições mais adversas: a reclusão e a clandestinidade. […]
[…] Spyros Dravilas sabia o que o esperava, já o tinha experimentado desde os seus 21 anos, altura em que pela primeira vez se viu confrontado com a cruel realidade da reclusão. Desde aí – com vários anos como preso a pesar sobre os seus ombros, fugitivo e procurado – até à idade de 34 anos, Spyros recusou conscientemente a possibilidade de uma privação longa da sua liberdade. Negou-se, como poucxs o podem fazer, a se ver, outra vez, a caminhar nos miseráveis corredores da prisão e nas celas das penitenciárias, negando-se a abandonar os últimos anos de uma juventude insubmissa nas masmorras contemporâneas. […]
A 2 de Junho de 2015, Grigoris Tsironis e Spyros Christodoulou foram levados aos tribunais de Evelpidon, em Atenas, onde insultaram os lacaios da imprensa que estavam presentes. Após o fim da audiência de formalização, a polícia transferiu-os pelas traseiras do tribunal de modo a impedir o contacto visual com a concentração solidária dxs 50 compas que gritavam palavras de ordem, tendo havido algumas escaramuças entre o pessoal solidário e a bófia.
As autoridades judiciais ordenaram a prisão preventiva de Tsironis e Christodoulou, enquanto a polícia lhes retirava à força amostras de ADN. A solicitação que apresentaram – para que os transferissem às prisões de Koridallos – foi-lhes negada e, em vez disso, ordenou-se a transferência de Grigoris para a prisão de Trikala e a de Spyros à de Alikarnassos, na ilha de Creta. Entretanto, a polícia realizou mais invasões de casas, em busca de assaltantes de bancos.
SPYROS DRAVILAS PRESENTE!
FORÇA PARA GRIGORIS TSIRONIS E SPYROS CHRISTODOULOU!