Um dia antes do aniversário do assassinato de Alexandros Grigoropoulos, 6 de dezembro, a ditadura democrática grega, de uma maneira tragicômica decidiu ativar os seus aparatos repressivos, afim de evitar a rebelião social. Todos os funcionários do regime estão em alerta para manipular a opinião pública e aterrorizar os segmentos da sociedade que estão resistindo.
Ontem à noite, 4 de dezembro, os bastardos da Brigada Antiterrorista passaram a invadir casas e centros sociais em Atenas, Pireus, Tessalônica, Agrinio, Chalcis e Creta, argumentando que detectaram armas e explosivos. Os bem pagos fantoches dos meios de comunicação estavam festejando “o sucesso da polícia grega contra o terrorismo”, gerando um clima de histeria e terror. Após 24 horas, foi anunciado que as armas encontradas em Atenas e Pireus não foram usadas em “ataques terroristas”.
Depois de um dia inteiro de ocultação deliberada de informações, na tarde deste domingo, 5 de dezembro, os milicos publicaram os nomes e fotografias de seis pessoas presas em Atenas, Pireus e Creta, solicitando informações adicionais para os cidadãos… Para duas das pessoas presas havia mandados de prisão pelo caso “Conspiração das Células de Fogo”.
Em Tessalônica, na mesma noite de sábado, foi realizado por agentes secretos e encapuzados uma invasão no espaço ocupado anti-autoritário “Nadir”, que está localizado em uma residência estudantil da Universidade de Tessalônica. Eles confiscaram materiais impressos e computadores, e ainda espancaram muitas pessoas, efetuando 11 prisões e um número desconhecido de detenções preventivas. Dezenas de pessoas se reuniram em solidariedade aos detidos fora da área. A invasão dos milicos ao espaço ocupado foi precedida após um ataque a um posto de guarda da empresa de segurança privada do campus da universidade.
Além disso, os milicos bloquearam algumas ruas na cidade de Agrinio, próximas do local anarquista da cidade. A eletricidade do imóvel foi cortada sob o pretexto de invasão do “esconderijo”.
As autoridades proibiram um dos direitos básicos dos reféns e presos, que eles mantivessem contato com seus familiares e advogados por mais de 24 horas.
A seguir a declaração do advogado de um dos suspeitos presos:
“Até este momento o que foi com certeza desarticulado foram os direitos processuais dos presos e sua capacidade de se comunicar com suas famílias e advogados. A proibição absoluta do exercício dos direitos fundamentais, ao completar quase 24 horas após sua detenção e negação da confirmação dos nomes dos detidos, beira o rapto. O desprezo é complementado pelo método usual de vazamento seletivo de “informação” e a manipulação comunicativa da opinião pública. E tudo está acontecendo com o consentimento do Ministério Público, confirmando a coincidência dos mecanismos de repressão, não na proteção, mas na abolição da ordem jurídica e constitucionais.
Um dia antes de cumprir o segundo aniversário do assassinato de Alexis Grigoropoulos, e quando toda a sociedade está em crise e está se preparando para as mobilizações, o Estado, sente a evidente necessidade para a consternação, para mostrar algum sucesso e, sobretudo, para legitimar o autoritarismo que está sendo preparado para o aniversário amanhã, 6 de dezembro.
Nenhuma tolerância! Nenhuma intenção política e comunicativa se sobrepõe aos direitos e liberdades!”
Atenas, 5 de dezembro 2010,12h
Kostas Papadakis
O advogado de defesa de um dos suspeitos presos
Além das invasões, detenções e prisões ontem, o Estado passou a um outro movimento preventivo (!), que proíbe a circulação de veículos em todo o centro de Atenas (!), com vista as manifestações de amanhã. Em concreto, a circulação estará proibida a partir das 10h desta segunda até às 7h da terça-feira, 7 de dezembro, enquanto estará proibida a parada e o estacionamento de veículos a partir das 6h de segunda até às 7h da terça-feira em ruas do centro.
A Coordenadoria de Resistência de Iniciativas de Estudantes e muitas coletividades anarquistas/anti-autoritárias e de extrema-esquerda chamaram manifestações para 6 de dezembro, no Propileos da velha Universidade, no centro de Atenas. Convocações de manifestações e passeatas foram realizadas em mais de 20 cidades de toda a Grécia.
Solidariedade com os presos políticos!
Estamos em guerra!