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Calcídica: mobilizações contra as minas de ouro

“Nosso ouro são os bosques, os mares, as águas”

Em 26 de novembro a empresa OURO GREGO, em estreita cooperação com o Ministério do Meio Ambiente, Energia e Mudanças Climáticas, apresentou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do investimento previsto no norte da província de Calcídica (norte da Grécia). Este investimento refere-se à construção de novas minas de ouro de extração aberta, na área de mineração de Scuriés (formação de uma cratera de mais de 700 metros de diâmetro e de mais de 700 metros de profundidade) no subsolo, e a criação de fábricas e de bacias de resíduos, em uma área arborizada de centenas de hectares, frondosa e de rara beleza e riqueza natural. Ao mesmo tempo estão ameaçadas áreas povoadas, visto que as pessoas na área (Virgen Grande, Ierisos etc.) estão a poucos quilômetros de distância da “obra”.

Em 26 de outubro, no meio da campanha eleitoral, o Ministério do Meio Ambiente, Energia e Mudanças Climáticas lançou um processo de deliberação e pediu às autoridades municipais e regionais (!) anteriores às eleições (!) para dar um parecer sobre o estudo do impacto ambiental da obra dentro de um prazo de 35 dias, e se o fizessem, a sua opinião seria considerada positiva!

A empresa, num ato de chantagem sem precedentes, ameaça que se o projeto em Scuriés não avançar fechará as suas minas tradicionais ali existentes, atirando para a rua os trabalhadores e as suas famílias. Assim, sem qualquer vergonha, em 26 de novembro levou os trabalhadores a Poligiros, para aplaudirem obrigatoriamente a cerimônia de inauguração do projeto, enquanto o sindicato, que durante anos tem mantido silêncio sobre os sucessivos acidentes nas galerias, convocou uma greve… Além disto, e contando com a ansiedade dos jovens e dos desempregados na região, durante os últimos dias a empresa tem feito centenas de telefonemas dizendo que se alguém deseja trabalhar, poderia ir na sexta-feira a Poligiros (capital).

No entanto, a intenção de fraude e chantagem da empresa não tem tido efeito. Os conselhos municipais do povo da Virgem e de Estágira-Acanto condenaram o processo e abstiveram-se da alegada discussão, e em vez disso vão recorrer aos tribunais. Em Ierissos, em 26 de novembro, foi organizada uma reunião contra os planos do Ministério e da empresa, com uma participação recorde. Na quinta-feira, 25 de novembro, foi organizada no povoado da Virgem uma assembléia popular, em que centenas de cidadãos decidiram responder dinamicamente e reunir-se no dia seguinte em Poligiros.

Na sexta-feira, enquanto que a Secretaria Especial do Ministério do Meio Ambiente, Energia e Mudanças Climáticas, a Sra. Karavassili, estava apresentando juntamente com a empresa OURO GREGO o projeto de destruição da nossa província, os moradores da Virgem Grande e dos povoados vizinhos fizeram uma ocupação simbólica do edifício da Administração da Região e realizaram uma marcha massiva pelas ruas de Poligiros, dando testemunho do que decidiram há muitos anos: Este projeto é um desastre, não é desenvolvimento e não vai ser feito! Com uma luta massiva e perseverante vamos vencer!

O texto a seguir foi divulgado em Poligiros durante a ocupação e a marcha:

1. Condenamos o ato do Ministério do Meio Ambiente, Energia e Mudanças Climáticas de avançar com o processo de deliberação e orientação sobre a Avaliação de Impacto Ambiental das Minas de Cassandra da empresa OURO GREGO S.A. porque:

• Nomeou porta-voz da deliberação a própria empresa.

• Apresentou o Estudo de Impacto Ambiental num período pré-eleitoral (como sabemos, na Grécia, a maioria das violações constitucionais ou outras são feitas durante os períodos eleitorais).

• Obrigou os conselhos municipais, que já não estão em funcionamento, a assessorar durante 35 dias um estudo de quatro mil páginas e 100 mapas, caso contrário a deliberação seria considerada a favor!

• Convida os cidadãos a participar numa discussão que não é feita sequer no local relativo ao Estudo de Impacto Ambiental, mas na capital da província e num dia de semana, assim os cidadãos não puderam assistir a ela e expressar as suas objeções.

• Faz do “vender a qualquer preço para o primeiro que” lei do Estado. Chamam a isso fast track (via rápida), para nós continua a ser uma venda arbitrária de propriedade pública!

2. Declaramos que nos opomos ao Estudo de Impacto Ambiental, pois inclui atividades de mineração em Scuriés, o que terá conseqüências devastadoras para a nossa província.

• A destruição de centenas de hectares de floresta.

• Um grande impacto sobre o meio ambiente, a qualidade do ar, a quantidade e qualidade da água, a qualidade das terras aráveis, o futuro das riquezas florestais e marinhas, a rica fauna e flora da região.

• O impacto do investimento nas tradicionais, bem como nas novas formas de desenvolvimento sustentável, irá destruir a região e vai durar pouco tempo, se sabemos que o valor econômico do investimento será incomparavelmente menor em comparação com outras possibilidades da nossa terra.

Estamos lutando

• Pela conservação de um dos lugares mais bonitos da Grécia, queremos entregá-lo aos  nossos filhos como nós os herdamos de nossos pais e avós!

• Por dar à nossa terra novas oportunidades! As minas não são a única possibilidade.

Habitantes de Calcídica preocupados e em luta