Até 7 de Julho de 2017
A polícia atacou como se tornava previsível já – nos dias anteriores à manif do “Welcome to Hell“ da noite de quinta-feira – de forma brutal e quase sem aviso. Pessoas subiram os muros laterais, em pânico, canhões de água extremamente perto e virados até para as pessoas que se encontravam nos telhados circundantes a observar a paisagem. O ataque foi executado simultaneamente em vários locais, um ataque frontal, lateral e pela retaguarda de extrema violência. A assembleia com mais de 10 000 manifestantes, no mercado de peixe de Hamburgo, foi dissolvida cerca das 20 horas. A raiva reprimida irrompeu; após a derrota da manif, cerca de 4000 pessoas participaram noutra manif espontânea e foram feitas várias ações diretas nas ruas de Hamburgo durante o resto da noite e que se prolongaram até ao dia seguinte.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=11&v=Cd6fWPSEeRU
7 de Julho de 2017 e madrugada de 8 de Julho
Num bloqueio, na sexta-feira de manhã, na Schnackenburgallee cruzamento com a Rondenbarg, foram relatadas dezenas de pessoas presas, muitxs delxs feridxs. Para escapar da violência da polícia, os manifestantes tentaram ultrapassar uma cerca de quatro metros de altura, o qual entrou em colapso sob o peso de pessoas. A polícia provocou nesse momento uma situação de pânico sem ter em conta as consequências. O resultado: 14 feridxs foram hospitalizadxs, dos quais 11 gravemente feridxs.
Após o dia da abertura da cimeira do G20, na noite de 6ª feira para sábado, a polícia perdeu completamente o controlo de zonas de Hamburgo. Nem os 15.000 polícias – além dos solicitados a outros estados e que já foram aprovados – nem os mais de 20 canhões de água ainda a ser utilizados, nem a massa pulverizada de gás lacrimogéneo nem a cassete nem os punhos conseguiram colocar a situação sob controlo. Por último, na cidade hanseática, assistiu-se à utilização de unidades especiais fortemente armadas anti-motim a serem utilizadas contra a sua própria população.
Depois da meia-noite, uma força especial armada com metralhadoras invadiu uma casa dos Demónios Verdes, onde xs paramédicxs da manif tratavam xs feridxs. Uma pessoa ficou ferida e tão mal que xs Demónixs queriam levá-la a um hospital. Demónixs foram interpeladxs e chamadxs com uma metralhadora em riste: “Mãos ao alto!” E isso significa claramente que de outra forma isso seria feito pelos tiroteios. Em seguida, xs paramédicxs da manif foram levadxs individualmente para dentro de casa, entretanto estão todxs livres, novamente. A pessoa ferida foi colocada nos serviços de emergência, após negociações com a polícia.
Mas não é só nas ruas, a polícia vai usar a força contra todxs xs que se opõem a eles. No centro de detenção na Schlachthofstrasse, em Hamburg-Harburg, um advogado foi maltratado por três policias durante a madrugada de 8 de Julho. O advogado insistiu que o seu cliente não iria partir, o que levou a bófia a agarrar-lo e a agredi-lo no rosto, torcerem-lhe o braço e a arrastarem-no depois para fora do centro de detenção.
Dias 8 e 9 de Julho
Após o dia da ação contra a cimeira do G20 a 7 de Julho e da evacuação da polícia do bairro Schanzenviertel, a LKA (autoridade policial do estado federal) invadiu o centro internacional B5 na Brigittenstrasse em St.Pauli. Às 10:45 da manhã, uma unidade de captura de provas invadiu a casa do clube e agrediu as pessoas presentes, assim como dois apartamentos particulares no mesmo edifício foram pesquisados. Durante as incursões, duas pessoas ficaram feridas e foi lhes negado atendimento médico.
Em 8 de Julho, ocorreu uma manifestação massiva com o lema “Solidariedade sem fronteiras em vez de G20. Durante a manif houve várias operações policiais contra os manifestantes. Os manifestantes de Hamburgo foram particularmente alvo de uma unidade de captura de provas.
Em toda a cidade, a polícia de Hamburgo procurava ativistas internacionais em albergues e em estações de trem. Alegadamente, as autoridades estavam especialmente à procura de manifestantes italianos e franceses enquanto procuravam bandeiras curdas. Já durante a grande manifestação, cerca de 15 italianos foram presos. Ordens de prisão foram emitidas contra 15 pessoas, 28 permanecem em prisão preventiva. Alguns dos detidos foram transferidos para prisões em Billwerder e Hanöversand. As celas do centro de detenção em Harburg foram lotadas sem necessidade. Certas células foram ocupadas por oito em vez de cinco reclusos. A temperatura nas celas chegou aos 35 °C, não lhes tendo sido fornecidas celas com climatização. Alguns dos presos relataram que só receberam duas fatias de pão, no decorrer de 24 horas.
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Para domingo, foi anunciada uma manifestação no centro de detenção de Harburg para exigir a libertação de todxs xs presxs. Segundo o comunicado emitido “Vamos continuar a demonstrar a nossa solidariedade com xs detidxs e a raiva contra os órgãos de repressão nas ruas, exigindo a sua libertação e contra a repressão e prisões“.
A manif começa na Praça Harburg Town Hall (S-Bahn-Harburg Rathaus), passando pelo centro de detenção e terminando no centro de Harburg.
Por uma vida sem prisões e repressão
Mais informação: g20ea.blackblogs.org/