A montanha
abriga no seu ventre
guerrilheiras naturais
estratégias de guerra
da terra espezinhada.
…
Abre o seu ventre a montanha
rio de copihues vermelhos
em negros cabelos abraçados
Avalanche incontível
num parto milenário
de justiça e liberdade.
….
O medo não faz tombar
as pétalas vermelhas do copihue
O canelo não verga a sua copa
para que beba o invasor.
….
Nos meus sonhos
meus avós me falaram.
Da cordilheira ao mar
do norte ao sul,
Do mais profundo
da nossa mãe terra
suas vozes aconselham,
que expulsemos
os usurpadores
da nossa terra.
Os usurpadores
da nossa liberdade.
….
De infinitas melodias
um arco-íris de odores e cores
acaricia a terra.
Gvnecen sorri.
e os pássaros werkenes
cantam
uma nova melodia libertária.
Versos extraídos do livro “Luna de los primeros brotes” de Rayen Kvyeh, poetisa mapuche.
11 de setembro de 1973. CHILE. Um golpe militar, chefiado pelo general Pinochet, com a ajuda do governo norte-americano, derruba Salvador Allende, que não sobreviveu, sendo instaurada uma ditadura sangrenta no Chile. Milhares de chilenos foram levados para o Estádio de Santiago e foram assassinados, ali mesmo ou feitos desaparecer. Milhares e milhares escolheram o exílio…
Os mapuches são povos originários, concentrados principalmente nas regiões centro-sul do Chile e no Sudeste da Argentina. São historicamente perseguidos e reprimidos e hoje representam cerca de 900 mil habitantes. Em luta permanente pela sua sobrevivência, contra os latifundiários e as grandes empresas madeireiras, que lhes roubam as terras e envenenam os rios, reivindicam o fim da aplicação da “lei anti-terrorista”, em vigência no país desde 1984, promulgada na ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Além da lei possuir dispositivos que dobram automaticamente as penas, ela ajuda a criminalizar qualquer luta indígena. A lei também suprime o direito ao hábeas corpus e à consolidação do “inimigo interno”, mecanismo que possibilita ao aparato policial e militar torturar e prender à bel prazer sob pretexto da violação da propriedade privada, da terra e de “ameaça ao povo”.
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POESIA COMPROMETIDA CON EL WE DE NUESTROS ANATEPASADOS MARRICHIWEU WELUPETU MONGELAIÑ AUN ESTAMOS VIVOS MARRICHIWEU MARRICHIWEU