No domingo, 23 de janeiro, 300 trabalhadores imigrantes chegaram ao porto do Pireu desde a ilha de Creta (mais fotos e vídeos) para iniciar uma greve de fome em todo o país. No mesmo dia, 50 dos 300 imigrantes chegaram ao Centro de Trabalhadores de Salónica, a fim de participar nesta greve de fome.
Eles estão exigindo a legalização de todos os imigrantes, igualdade de direitos políticos e sociais e obrigações iguais com os trabalhadores gregos. Imigrantes em greve de fome em Atenas, foram instalados em um prédio da Faculdade de Direito, que atualmente não é utilizado para fins académicos. A resposta do presidente foi o encerramento do Colégio, ao contrário da oposição da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito, que anunciou o seu apoio à luta dos imigrantes.
O estado esta a ameaçar com mais “açoes drásticas” ou seja a violar o asilo acadêmico, invadindo a Faculdade de Direito. Desde o primeiro dia, os meios de desinformação estão difamando os imigrantes, e em cooperação com as autoridades Rectorais academicas, desencadearam uma ofensiva contra o direito dos imigrantes para reivindicar seus direitos na forma de sua escolha.
O movimento obreiro exigiu a igualdade de direitos, liberdades, salários e obrigações para todos os trabalhadores, locais e imigrantes. Em vez disso, o ministro da Ordem Pública, Paputsís, anunciou a construção de um muro em Evros, fronteira da Grécia com a Turquia, enquanto o governo grego leva os imigrantes ao empobrecimento.
Solidariedade com a luta dos imigrantes e trabalhadores locais
Na terça-feira 25 de janeiro às 12:00 h, foi realizada uma conferência de imprensa de imigrantes, os grevistas da fome, no pátio da Faculdade de Direito de Atenas.
Logo haverá mais atualizações.
Sem comentários “Imigrantes em greve de fome: O estado ameaça a violar o asilo universitário”
Comunicado da assembleia dos imigrantes em greve da fome desde 25 de Janeiro em toda a Grécia
Somos imigrantes a viver em toda a Grécia. Chegámos aqui perseguidos pela pobreza, pelo desemprego, pelas guerras, pelas ditaduras. Nos nossos países as multinacionais ocidentais e os seus súbditos políticos não nos deixaram outra opção que não fosse a de arriscar as nossas vidas 10 vezes até chegar à porta da Europa.
É no Ocidente – saqueador dos nossos países, com um nível de vida infinitamente melhor do que o nosso – que se encontra a única oportunidade de vivermos como seres humanos.
Chegámos à Grécia – entrando no país de forma normal ou não – e estamos a trabalhar para sobrevivermos (nós e os nossos filhos).
Manter-nos-ão no estado de indignidade e de clandestinidade – a ilegalidade – enquanto os patrões e os serviços do estado tirarem proveito da exploração selvagem do nosso trabalho. Vivemos do nosso suor e alimentamo-nos do sonho de conseguir algum dia os mesmos direitos que os nossos companheiros gregos.
Ultimamente as coisas têm se tornado insuportáveis para nós. Enquanto vão diminuindo os salários e as pensões, enquanto tudo se torna mais caro.
O imigrante é apresentado como o culpado, como o responsável da miséria e da exploração brutal dos trabalhadores gregos e dos pequenos proprietários. A propaganda dos partidos e dos grupos racistas e fascistas converteu-se na linguagem oficial do Estado no que respeita à migração.
A sua fraseologia é também quase idêntica à dos meios de comunicação quando a nós se referem. As suas “propostas” são apresentadas como se de política do governo se tratasse.
Um muro ao longo do rio Evros, na fronteira com a Turquia, quartéis flutuantes e o Exército Europeu no mar Egeu, pogrons e esquadrões de assalto nas cidades, deportações massivas. Estão a tentar convencer os trabalhadores gregos de que constituímos uma ameaça iminente, que somos nós que temos a culpa da ofensiva sem precedentes que os seus próprios governos lançaram sobre eles.
A resposta a esta infâmia, a esta falácia e a esta brutalidade tem de ser dada imediatamente e é isto que irá ser feito por nós: os imigrantes.
Usaremos a nossa própria vida para deter a injustiça que se abate sobre nós
Exigimos a legalização de todos os imigrantes, pedimos a igualdade de direitos políticos e sociais e a igualdade de deveres com @s trabajador@s greg@s. Apelamos aos nossos companheiros trabalhadores gregos e a cada homem e mulher que sofram também a exploração do seu suor que se solidarizem connosco. Que apoiem a nossa luta, que não deixem que vença no seu país a falácia e a injustiça, o fascismo e o totalitarismo das elites políticas e económicas. Ou seja o que se tem mantido nos nossos países e que nos obrigou a emigrar para poder viver com dignidade, nós e os nossos filhos.
Não temos outra maneira de fazer ouvir a nossa voz, de que escutem a nossa causa.
Trezentos (300) de nós, de toda a Grécia vamos iniciar uma greve da fome em Atenas e Tessalónica a 25 de Janeiro.
Pomos em risco as nossas vidas porque ao fim e ao cabo isto não é vida para um homem digno. Preferimos morrer aquí a que os nossos filhos vivam o que nós temos passado.
Janeiro de 2011,
A Assembleia dos imigrantes em greve da fome
Tradução em português por Emília Cerqueira a partir da tradução de Contra Info (em espanhol).
Colectivo Indymedia de Portugal.