Rede tradutora de contrainformação

Grécia: Expropriações de supermercados em Dezembro

Em dezembro de 2011 os anarquistas na Grécia intensificaram a sua propaganda pela recuperação popular de tudo o que os poderosos nos roubam diariamente. Várias ações diretas foram realizadas nos templos de consumo capitalista em diferentes lugares.

Na cidade de Volos, levaram-se a cabo duas expropriações de supermercados, durante a combativa manifestação de quinta-feira, 1 de Dezembro, no âmbito da greve geral em todo o país. Os manifestantes invadiram as sucursais das cadeias AB Vasilopoulos e Carrefour Marinopoulos, que estão localizadas na rua 2a Noemvri e retiraram de lá alimentos e produtos básicos  para oferececê-los em seguida aos trabalhadores da “Siderurgia Grega” de Aspropyrgos (Atenas), que já cumprem dois meses em greve.

Na segunda-feira, 19 de dezembro, mais duas expropriações foram realizadas em diferentes bairros de Atenas. Na zona de Neos Kosmos, um grupo de companheiros expropriou produtos de um supermercado da cadeia Extra, e distribuíram-nos no mercado popular ao ar livre, perto do supermercado.

No mesmo dia, outro grupo de compas expropriou uma sucursal da cadeia Carrefour no bairro de Peristeri. Os expropriadores distribuíram por sua vez os produtos no mercado popular ao lado, juntamente com folhetos explicando a sua ação, feita também em solidariedade com os grevistas da “Siderurgia Grega”.

As acções directas em Peristeri continuaram no sábado, 24 de Dezembro, quando dezenas de companheiros de vários bairros metropolitanos cortaram o trânsito na rua que une as avenidas Konstantinoupoleos e Andrea Papandreou e desfraldaram uma faixa onde se lia: “Expropriações de supermercados , guerra contra os patrões”. Em seguida expropriaram dois supermercados e cantando dirigiram-se para o mercado popular, ao lado, onde distribuíram os produtos expropriados  eo seguinte comunicado que propaga o contra-ataque ao mundo capitalista:

EXPROPRIAÇÕES DE SUPERMERCADOS-GUERRA CONTRA OS PATRÕES

Hoje em dia nada é mais enfurecedor do que assistir à mesma festa de mentiras, mantida pelos patrões, agindo como se nada tivesse acontecido, como se um futuro brilhante nos esperasse no capitalismo, como se o ataque que experimentamos fosse simplesmente uma manobra de diversão, causada por alguns políticos corruptos, e não um ataque pelo sistema de exploração como um todo.

E agora que alguns tecnocratas-banqueiros assumiram a administração da “nação” com o seu selo, tudo será resolvido num passe de mágica, se cada um de nós for “paciente”, fazer mais sacrifícios, dobrar a cabeça dia após dia … NÓS os trabalhadores, os desempregados,os  estrangeiros, NÓS, os oprimidos, e em nenhum caso o Capital e os seus mecanismos.

E mesmo agora, na condição de um conto de fadas que se desfez, sobre o consumo e o capitalismo sem fim e  onde todos se encaixam,  impelem-nos, mais uma vez, para vestir as nossas roupas domingueiras, correr para o shopping e comprar, comprar, comprar, ou pelo menos lembrar os dias em que poderíamos fazê-lo com dinheiro emprestado, para fazer a celebração do Natal do costume, para podermos  intencionalmente esquecer que as novas medidas,as  novas humilhações estarão esperando por nós amanhã, e que, enquanto não resistirmos, qualquer amanhã só vai ser pior.

Isto oculta a realidade- sob as luzes cintilantes da degradação contínua das nossas vidas- que não pode ser reformada –  ela só pode ser derrubada, e não há uma solução pronta para o seu derrube.

A criação de estruturas de solidariedade e de apoio-mútuo entre os oprimidos é condição necessária para lidar com as consequências inerentes ao funcionamento da máquina capitalista, quer estejamos num período de crise ou de desenvolvimento- estruturas essa que devem apoiar as práticas de confronto e luta de classes ; estruturas que ocorrem na satisfação colectiva das necessidades diárias de cada um e todos.

SOLIDARIEDADE – AUTO-ORGANIZAÇÃO – CONTRA-ATAQUE

Trabalhadores–Desempregados dos bairros da metrópole
24 de Dezembro

fontes: 1, 2, 3, 4