Há violência quando se interrompe um estado de paz e se cria injustiça.
Lançar toneladas de bombas sobre países indefesos, causando numerosas vítimas e destruindo infraestruturas essenciais: isto é violência. Invadir e ocupar países estrangeiros com alegadas missões de paz: isto é violência. Encher o subsolo de material tóxico e causar um número incalculável de mortes: isto é violência. Garantir que uns poucos se tornem cada vez mais ricos, enquanto a maioria se torna cada vez mais pobre: isto é violência. Encerrar homens e mulheres em prisões, manicómios e CIES: isto é violência. Levar o nosso planeta ao precipício de uma destruição irreversível: isto é violência. A lista de crimes com os quais se mancha o poder todos os dias é interminável…
Quem está ciente disso e passivamente assiste a este teatro dos horrores, cúmplice se faz. Quem sabe, mas reage apenas com a palavra, quer seja a falar ou por escrito, expressando somente dissidências estéreis, também é cúmplice. Quem critica a luta anarquista marcando-a como “violência” não faz mais que engrossar as filas dxs muitxs que, por comodidade ou cobardia, se façam cúmplices dos crimes do poder.
Nós, anarquistas, amamos sinceramente a paz e a justiça, tanto que para alcançá-las não hesitamos em utilizar todas as formas de luta compatíveis com as nossas ideias.
Quem luta contra o poder não é violentx, está acima disso; é quem não combate quem o legitima com o seu próprio silêncio e a sua passividade. A luta revolucionária não interrompe nenhum estado de paz, somente intervém num estado de violência e tirania para restabelecer a paz e a justiça. Apenas uma luta clara, dura e incisiva contra o poder pode testemunhar a nossa vontade de não sermos cúmplices. Sem dúvida, a ação directa: o ataque destrutivo e sem mediações contra as propriedades do poder e dos seus representantes é a forma de luta mais eficaz e menos recuperável.
A nossa forma de actuar não é violência, é só um raio de luz que rompe as trevas da opressão e ilumina cenários de libertação.
Pasquale “Lello” Valitutti
Cruz Negra Anarquista, Aperiódico anarquista, nº 0, Abril de 2014 Pág. 10