Rede tradutora de contrainformação

Lisboa, Portugal: Programa da Feira Anarquista do Livro 2016 – 23, 24 e 25 de Setembro

www.fal2016.tk
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Feira Anarquista do Livro 2016

                                                                 Rua da Penha de França 217, Lisboa

Em todos os sítios onde os civilizados apareceram pela primeira vez, foram sempre considerados pelos indígenas como seres nocivos, fantasmas, espectros. Nunca como seres vivos!
Intuição insuperável, profética perspicácia, se ainda se pode dizer.

E. Cioran

A tragédia talvez tenha começado com o advento da humanidade, mas nunca como agora a vida esteve tão encurralada e acorrentada. As utopias sociais estão completamente mortas, os novos messias da democracia caem muito antes de poderem sequer indicar o caminho da salvação… e os dominados e dominadas? Esses resignam-se cada vez mais à sua condição de rebanho, o progresso tecnológico condiciona-os como nunca e nada nesta história nos faz esperar um final feliz. Sabemos que tudo isto vai acabar muito mal e, por isso, alguns e algumas já não temos nada a perder: decidimos agarrar a vida com os dentes e os punhos fechados, porque o sangue ainda nos queima as veias! E é assim que insistimos em mais uma Feira Anarquista do Livro, porque ainda nos interessa propagar a palavra dos/as rebeldes, dos criminosos e das criminosas, dos conspiradores e das conspiradoras, e porque insistimos em manter vivas memórias e saberes dos quais nos tentam, a todo o custo, tornar órfãos, porque sabemos que desistir já não é uma opção, encostaram-nos ao abismo e só nos resta resistir…

E depois de dois anos de Mostra de Edições Subversivas optámos por recuperar um nome já velho (com uma pequena mudança na ordem das palavras, sempre traiçoeiras), e não, não nos pusemos nostálgicos, mas nestes dias em que a anarquia volta a ser o crime que contém todos os crimes, com a repressão a golpear grupos e indivíduos em todo o globo (Espanha, República Checa, França, Grécia, Chile, etc.), decidimos que esta palavra não está vazia, carrega às suas costas séculos de uivos que gritam “Não!”
E como um fungo especialmente teimoso, aqui estamos e aqui continuaremos…

Para participar na Feira Anarquista do Livro de Lisboa, contacta-nos através do email: feiranarquistadolivro@riseup.net

Feira Anarquista do Livro 2016 | Lisboa

www.fal2016.tk

PROGRAMA:

SEXTA 23
20h
Jantar

21h
Mesa redonda em torno da história do fanzine anti-autoritário em diferentes latitudes: Venezuela, Espanha e Portugal.
Exposição de fanzines durante os três dias da feira.

23h
Projecção do documentário “Que Trabaje Federica”, de Carlos Plusvalías (28 min.)
Documentário baseado no livro de Michael Seidman, “Os Operários contra o trabalho”, editado pela Pepitas de Calabaza.Michael Seidman faz um estudo comparado da história social e política durante a revolução espanhola em Barcelona e o governo da Frente Popular em Paris, entre 1936-1939, centrando-se na atitude adoptada pelos trabalhadores de ambas as cidades face ao trabalho, quando as organizações que os representavam exerciam, em maior ou menor medida, responsabilidades de governo.
Editado pela primeira vez em 1991, nos Estados Unidos, “Os operários contra o trabalho” abunda em documentos e informações em primeira mão sobre as lutas operárias quotidianas, e demonstra que as análises produtivistas e culturalistas são incapazes de abarcar de forma adequada aspectos fundamentais do comportamento da classe trabalhadora. Este trabalho, que oferece um exame da actividade da classe operária tanto em contextos revolucionários como reformistas, põe em evidência a persistência de uma resistência directa e indirecta ao trabalho.

SÁBADO 24
15h
Apresentação de O Irresponsável de Pedro García Olivo, pelo seu editor e tradutor.
O Irresponsável, livro diabólico de Pedro García Olivo, inaugura a crítica feroz que o autor dispara contra a Escola, campo laboral que tinha justamente acabado de experimentar. Essa experiência, entranhada na sua consciência e na sua carne, só poderia ser expurgada através do ato da escrita catártica libertada no papel através de um ataque sem tréguas ao alvo da sua repulsa. O Irresponsável é o seu resultado. Nem sempre fácil de adentrar, este é um livro pessoal que nos abre uma janela para a luta do autor dentro e contra a Instituição Escolar e que deixa entrever a crítica antipedagógica por si elaborada em trabalhos posteriores como El educador mercenario, El enigma de la docilidad e La bala y la Escuela.

17h
Mesa redonda em torno de publicações de informação crítica: CQFD (França) / El Topo (Espanha) / Mapa (Portugal)
O El Topo Tabernário é de Sevilha, e o CQFD de Marselha. Dois jornais Libertários em papel que continuam a chegar às ruas independentemente de Estados de Excepção, de perseguições políticas ou das limitações à liberdade de informação, tão comuns nos nossos dias. Para os apresentar, estarão presentes membros dos dois colectivos redactoriais que, para além de partilharem os seus modos de funcionamento e os seus formatos, farão parte de um debate sobre a informação alternativa, a crise política e social na Europa, o papel dos jornais e da comunicação alternativa. Ao debate juntar-se-ão projectos de Portugal organizados na Rede de Informação alternativa, compondo assim uma mesa redonda aberta à discussão.

20h
Jantarzinho bom

22h
Concerto de tango com La Miséria Deluxe e mais alguma banda surpresa…

DOMINGO 25
11/12h
Manhã “Pipi das Meias-Altas” para os mini-humanos, actividades diversas:
Grande espectáculo de fantoches!
Encadernação de livros
Oficina de brinquedos
Tinta para pintar paredes
& etc…

15h30
Surrealistas & Anarquistas. Apresentação a partir do livro Manifestos do Surrealismo de André Breton (Letra Livre, 2016) por António Cândido Franco.
A partir de 1946, Andre Breton aproxima-se do movimento libertário francês, analisando em retrospectiva o nascimento do surrealismo e a respectiva ligação ao partido comunista francês em 1925. Agarramos na recente edição da Letra Livre de “Os Manifestos do Surrealismo” para propor uma viagem pela aproximação dos surrealistas ao movimento anarquista.

17h
Apresentação de A un Latido de Distancia pela autora, Adelaida Artigado.
Não há nada mais antigo, recorrente e rotineiro que o poder de intimidação e dominação do castigo. E poucos castigos minaram tanto a vontade popular, poucas instituições o condensaram de uma forma tão nítida, como a prisão.
As dores e as penas que povoam estes breves relatos, dão-nos conta da crueldade e do absurdo inerentes ao encerro humano. Mas, como um maravilhoso contrário que sempre forma parte dessa paisagem tenebrosa, Adelaide Atrigado faz-nos sentir, a um batimento de distância, o espírito de luta das e dos pobres, a sua cumplicidade e solidariedade, a sua lealdade, essa força para resistir, criar e, em definitivo, para rir-se do poder e da opressão que nos destrói sem piedade.
Para Dostoievsky, “o grau de civilização de uma sociedade mede-se pela forma como trata os seus presos”. Felizmente, a humanidade também se reflete em todos e em cada um dos gestos de rebeldia das pessoas que estão sequestradas por todos os Estados.

20h
Jantarada

21h
Projecção do documentário “Curdistão, guerra de raparigas” de Mylène Sauloy, 2016 (legendas em espanhol) e debate com o colectivo da editora Descontrol de Barcelona sobre o livro A revolução ignorada. Feminismo, democracia directa e pluralismo radical no Médio Oriente.
A partir destes dois meios (documentário e livro), lançamos a última conversa da feira sobre a revolução que se está a levar a cabo na zona ocidental do Curdistão, Rojava, assediada pela guerra fratricida da Síria. Uma revolução/guerra onde as mulheres têm um papel protagonista.

* FIM *