O anarquista Panagiotis Aspiotis (Panos) – atualmente encarcerado na prisão de Korydallos – encontra-se em greve de fome desde quarta-feira, 22 de Março, protestando contra a rejeição do pedido para estudar no Instituto público de Formação Vocacional (IVT) da prisão de Korydallos, apesar de ser plenamente elegível. Quatro outros prisioneiros tinham já começado uma greve de fome, a 18 de Março, invocando a mesma razão.
Na sua anterior solicitação para transferência de prisão, P. Aspiotis tinha invocado fins educacionais – a partir do momento em que tinha sido pré-selecionado para o IVT da prisão de Korydallos – bem como razões pessoais, relativas ao seu acesso à comunicação com criança recém-nascida e acompanhante dela. A rejeição das suas candidaturas não nos surpreende, na verdade, porque o Ministério da Justiça, em leal colaboração com o Ministério Público do Conselho Penitenciário, Stamatina Perimeni, há muito deixou cair as máscaras que velavam a sua mentalidade fascista. Desta vez, as razões – legalmente infundadas, evocadas afim de privar P.Aspiotis e todos os outros grevistas da fome do seu direito de estudar na IVT – prendem-se com o facto destes prisioneiros não estarem registados em korydallos, mas sim noutras prisões. Esta é uma ação que mina em si própria o funcionamento do IVT – veja-se que dos 21 candidatos escolhidos a apenas 9 foi concedida permissão para participar. Não é uma coincidência, tampouco, que o mesmo procurador – que aparece como nostálgico defensor dos campos de exílio de Makronisos – seja aquele que repetidamente rejeitou os pedidos de licença de K. Gournas e D. Koufontinas, exigindo votos de arrependimento.
A rejeição dessas solicitações, por parte desses representantes leais do governo da coligação SYRIZA-ANEL, constitui uma flagrante violação dos direitos dos prisioneiros e uma tentativa de intensificar a sua marginalização social. O seu bem-anunciado mas ostensivo anúncio de alterações que incluíam a melhoria geral das condições de vida dos prisioneiros, bem como disposições mais específicas para a criação de “escolas de segunda chance” e IVTs – transmitido pelo Secretário Sénior do Ministério da Justiça Pública (E. Fytrakis), há 2 meses – logo se revelaram promessas vazias e apenas mais uma campanha dos media para apaziguar xs prisioneirxs e silenciar qualquer afirmação de direitos humanos nesse sentido.
Este governo é ainda outro governo que engana, promove e protege os interesses das elites económicas, empobrece as pessoas, reduzindo salários e pensões, ndoa propriedades e instalações habitacionais para bancos e grandes empresas e coloca ativos públicos à venda para satisfazer o apetite voraz de corporações internacionais. Eles executam os planos dos seus predecessores com zelo excessivo, de forma a desmantelar qualquer sensibilidade social que eles pudessem ter pregado e intensificando os seus esquemas de opressão.
O caso de P. Aspiotis é uma manifestação flagrante da vingança, hipocrisia e autoritarismo dos mecanismos de aplicação da lei do estado. Em Fevereiro de 2016, o companheiro foi gravemente ferido pelos homens da força da Unidade de Contra-terrorismo após a sua recusa em fornecer amostra de DNA e, como uma conseqüência “natural”, a Unidade de Contra-terrorismo levou-o a julgamento em 6/4 ,no tribunal da rua Evelpidon [em Atenas]. É interessante notar que as disposições do Ministério Público sobre a recolha forçada de amostras de DNA foram oficialmente – ainda que somente na teoria – encerradas após a dura e ardente luta dos prisioneiros políticos que entraram em greve de fome, em Março de 2015.
O nosso companheiro, P. Aspiotis – e todos os outros prisioneiros que estão a participar nesta greve de fome prolongada – estão a defender o direito humano fundamental de acesso à educação e sua única arma são os seus corpos e a própria vida. O Ministério da Justiça, juntamente com o procurador, deliberadamente jogam com o tempo para que a greve de fome acabe e as exigências dos prisioneiros não sejam cumpridas. S. Perimeni, E. Fytrakis e o Ministro da Justiça Pública, S. Kontonis, utilizam a saúde e a vida dos prisioneiros nas suas manipulações e submetem-los a uma tortura sistemática. Eles devem ser responsabilizados pelas suas vidas. O nosso companheiro, P. Aspiotis, não está sozinho! É melhor se prepararem para uma reação proporcional ao resultado das vossas ações!
Em solidariedade com o nosso companheiro P. Aspiotis e os outros grevistas da fome.
Exigimos o cumprimento imediato da sua solicitação para estudar no IVT da prisão de Korydallos.
(Chamamos a todos para se concentrarem em solidariedade com o grevista de fome P. Aspiotis: 6/4 no tribunal da rua Evelpidon, 9:00)
Iniciativa de solidariedade com P. Aspiotis e todos os outros grevistas da fome