Fernando Bárcenas saíu da prisão a 11 de Junho de 2018, pelas 21h. Uma vez cá fora queimou o uniforme prisional que foi obrigado a usar durante 4 anos e meio.
Preso a 13 de Dezembro de 2013, durante os protestos contra o aumento das tarifas do metro, o companheiro foi acusado de ter incendiado a árvore de Natal da Coca-Cola; desde então encontrava-se na prisão norte conhecida como ReNo, na cidade do México.
Em dezembro de 2014 foi condenado a 5 anos e 9 meses de prisão por ofensas de ataques à paz pública e à associação criminosa. Pouco depois de sua detenção, Fernando trabalhou em numerosos projetos: oficinas de redação, difusão e informação – fanzines e o jornal independente de combate à prisão “El Canero”, que significa “Aquele que está na cadeia”- um media livre, produzido por prisioneirxs, por trás das grades de várias cadeias, na capital mexicana e noutros lugares.
Para Fernando, “El Canero” é um projeto que quer explicar a realidade vivida nas prisões e relacioná-la a um contexto social mais amplo, no qual somos todxs prisioneirxs em diferentes níveis. Este jornal ajuda a espalhar a luta anti-prisão, tecendo uma ligação de comunicação entre xs prisioneirxs e o mundo exterior”. Para ele é “demonstrar que a luta é conduzida independentemente do local e com os meios disponíveis, sem esperar que todas as condições sejam cumpridas”.
Assim, o primeiro Canero foi lançado em junho de 2014 e até ao momento foram já escritos cinco números, o conteúdo tem evoluído. Este jornal é o produto de inúmeras reuniões de prisioneirxs, intercâmbios e reflexões, ações conjuntas, greves de fome … No seu caminho, Canero vê o nascimento de organizações informais de prisioneirxs em resistência, ações coordenadas – ele liberta denunciando a besta da prisão, a autoridade e confinamento dentro e fora dos muros.
Em novembro de 2017, Fernando lança uma nova ideia: criar uma biblioteca independente gerida pelxs próprixs prisioneirxs, e após vários meses de trabalho e construção, a biblioteca foi inaugurada a 28 de abril de 2018 com o nome de Xosé Tarrio González *; a biblioteca continua a crescer até hoje contando já com muitos documentos, entre livros, revistas e folhetos … a biblioteca continua a sua rota, hoje.
Durante todos esses anos, Fernando também incentivou e iniciou a organização de prisioneirxs na resistência; primeiro, incentiva a formação do CCPR (Coordenação de Combate dxs Prisioneirxs em Resistência), mais tarde participou na coordenação de greves de fome com outrxs prisioneirxs anarquistas (da Cidade do México). Depois disso, o compa lança e encoraja a formação do C.I.P.RE (coordenação informal de prisioneiros em resistência) como uma forma de organização e espaço para todxs aquelxs que foram apanhadxs e torturadxs pela maquinaria de prisão. O CIPRE, sendo uma organização informal, dissolveu-se e hoje está a desaparecer sem deixar nenhuma experiência organizacional, por trás dele. O compa lança por fim uma nova proposta – dando origem ao coletivo de prisioneiros CIMARRON, que se refere ao significado de “fugir, fugir” da propriedade de um mestre.
Um abraço apertado Fernando, companheiro!
Finalmente nas ruas.
Até à liberdade total!
N.T: *Xosé Tarrío González nasceu em 1968 em La Coruña. Aos onze anos, foi trancado num colégio interno e, em seguida, foi posto num reformatório para acabar em 17 anos de prisão, onde contraiu SIDA. Na prisão propagou o anarquismo e a rebelião, liderando inúmeras tentativas de fuga, praticando a verdadeira solidariedade entre xs prisioneirxs, combatendo resolutamente os guardas da prisão e a prisão; todas essas atitudes levam à sua humilhação, isolamento, sendo torturado inúmeras vezes. Em 2004 a sua saúde volta a deteriorar-se de novo, devido à sua doença e. a 2 de janeiro de 2005, morre vítima da prisão e da sociedade que a apoia. Xosé foi prisioneiro em regime FIES especial e autor do livro “Huye, hombre, huye” [Foge, homem, foge].