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Fim da greve de fome dos 300 imigrantes na Grécia

Cumpre-se parte importante das demandas dos 300. A assembléia dos imigrantes decidiu encerrar a greve de fome. Abre-se caminho para a legalização de milhares de imigrantes na Grécia.

Após os 44 dias em greve de fome de 300 imigrantes “ilegais” na Grécia, sob a pressão de sua luta e de um amplo movimento de solidariedade, o governo grego foi forçado a mudar sua postura intransigente e cumprir uma parte importante das demandas dos 300 grevistas imigrantes.

Em sua luta, apostando suas vidas a cada dia que passava, conseguiram quebrar o silêncio e abrir caminhos que levam à oportunidade de legalização de milhares de pessoas “sem papéis” na Grécia.

Assim: o encontro (na tarde de ontem, 9 de março), dos imigrantes em greve de fome com os Ministros do Interior e da Saúde (e dado que os grevistas há dias haviam rejeitado a “oferta” e “generosidade” do governo grego como um regime de tolerância de seis meses para os grevistas), resultou em:

1. Redução do tempo necessário para a legalização de um imigrante na Grécia, de 12 anos de permanência no país a oito anos (milhares de imigrantes, depois disto, podem se legalizar imediatamente).

2. Estende “o regime de tolerância”, sem limite de tempo, até que os imigrantes que trabalham no país há anos possam completar o tempo necessário (e assim as propostas e condições) exigido para serem legalizados.

3. Reduz o número de selos trabalhistas (uma das propostas para a legalização) de 200 para 120.

4. São dadas aos imigrantes, que estão trabalhando na Grécia, autorizações de trabalho e documentos de viagem, dando-lhes a oportunidade de viajar, por razões humanitárias, à sua terra natal e voltar para a Grécia.

Após esta reunião, realizou-se uma assembléia dos imigrantes no edifício Ypatía, em Atenas, assim como no Centro de Trabalhadores em Tessalônica, seguido por comunicação direta com todos os imigrantes que estão nos hospitais, decidindo pelo fim da greve de fome.

“Nossa vitória é uma vitória de todos os trabalhadores, de toda a classe trabalhadora”, declarou Abdul Jatzi, um dos imigrantes. “Agradecemos de coração à Iniciativa de Solidariedade e todo/as o/as solidário/as na Grécia e no estrangeiro. E, especialmente, agradecemos aos companheiro/as médico/as, que nos atenderam e nos acompanharam por dia e noite nesses 44 dias, em nossa luta por dignidade”.

A Iniciativa de Solidariedade aos 300, em comunicado, afirmou:

“A decisão do governo grego, de atender parte das justas reivindicações dos 300 imigrantes em greve de fome, demonstra que a única luta perdida é a que não acontece.

Também demonstra a todo/as o/as trabalhadores que o governo do FMI e as medidas neoliberais não são invencíveis. A luta e a solidariedade social podem dar frutos, podem vencer.

Obviamente que se necessitam lutas duras, por muitos anos, para acabar com o apartheid contra o/as trabalhadore/as imigrantes na Grécia e na Europa. No entanto, não há dúvida de que o ânimo, a coragem e bravura dos 300 abriu um novo caminho de esperança.

Agradecemos a todos e a todas (e eram muito/as…) que apoiaram esta luta difícil a cada momento, da Faculdade de Direito aos hospitais.

Mas, principalmente, queremos saudar com respeito aos 300 lutadores que dão orgulho para toda a classe trabalhadora. ”

Atenas, 9 de março de 2011

Iniciativa de Solidariedade aos 300 imigrantes em greve de fome

agência de notícias anarquistas-ana