Repressões e prisões tornaram-se parte das nossas vidas, assim como das vidas de todxs aquelxs companheirxs recalcitrantes que preferem conduzir uma luta ofensiva contra o Estado e o capital, atacando todas as manifestações de poder e destruindo a ordem opressora. Cada vez mais no decorrer dessa luta ouvimos chamadas de todos os cantos do mundo para solidariedade com pessoas afins reprimidas e presas, ouvimos histórias de como mais um/a de nós foi colocado/a atrás das grades, espancado/a, torturado/a ou mesmo morto/a, e também ouvimos como esta ou aquela infra-estrutura de anarquistas foi destruída, saqueada, como esta ou aquela iniciativa sofreu ataques de grupos punitivos do Ministério do Interior (MVD).
As autoridades, tal como há cem anos, estão a tentar travar-nos. Hoje, como ontem, opomos-nos aos guardiões das estruturas estatais que foram treinados e dotados com o “direito legal” ou, em palavras simples – cães de estado leais aos seus mestres e interessados em manter o status quo, reprimindo anarquistas e outras pessoas rebeldes.
Todos esses momentos desagradáveis vão acontecer e acompanhar-nos-ão pelo caminho bem direção à libertação. Tudo isso é esperado e não é surpreendente. O desafio a partir do inimigo tem sido aceito por nós, logo que nos tornamos anarquistas, e os apelos de nossos companheiros ficaram muito claros. Para nós isso significa apenas que a luta contra manifestações de pode tem que ser permanente! Portanto, só a solidariedade por tempo indeterminado, a luta até à plena vitória e satisfação de todos os nossos desejos rebeldes! Não há negociações com funcionários do Estado: em conflito constante com as autoridades!
Antes de contarmos aos nossos irmãos e irmãs acerca do nosso próximo ato, vale a pena discorrer e especular no objetivo escolhido e no método que usamos. O método que os nossos corações rebeldes preferiram foi coordenado com as convicções e ideias de outros anarquistas insurgentes – as de que ataques, incêndios, explosões e ações armadas contra os nossos inimigos devem ser parte integrante da guerra contra eles.
Agora acerca da escolha do alvo. Como alvo de ataques de retaliação, consideramos como estruturas inimigas, todas as facções e individualidades bem como qualquer infraestrutura conectada que sirvam para cometer terrorismo de estado contra anarquistas e pessoas que pensem. O estado continua a torturar, a quebrar, destruir, organizar processos e meter os combatentes da liberdade na cadeia. Portanto, atacamos aqueles que controlam, prendem e nos matam numa base diária.
Os nossos inimigos: começando pela polícia, juízes, acusadores do ministério público e guardas prisionais, terminando nos cidadãos que em consciência formam e apoiam essa sociedade podre. Em suma, toda a figura chave no sistema, todo o seu servo, são um alvo para nós, guerrilheirxs anarquistas.
Ao contrário deles, somos anarquistas e, portanto, não queremos pertencer a nenhum estado e seguir as suas leis. Não somos obrigados e não queremos obedecer às leis, porque qualquer lei é apoiada pela inevitabilidade da punição pela violação do direito de vingança apropriado pelo Estado. Nos nossos relacionamentos com outras pessoas não somos guiados por leis escritas por funcionários. A nossa lei é nossa ética!
Cada segmento-alvo requer considerações e explicações separadas pela sua má conduta. Dado que à noite o fogo foi iniciado no centro de treino do Ministério da Administração Interna, devemos prestar atenção a essa gangue organizada.
Na Ucrânia, após o Maidan em 2014, o novo governo começou a chamada reforma do Ministério da Administração Interna. A sua principal tarefa era transformar a polícia na “polícia nacional”, reabilitando a imagem das estruturas de poder e restaurando a confiança das pessoas nelas. Eles estão a tentar convencer as pessoas de que a nova polícia não é aquela polícia odiosa que apareceu na era soviética. Este truque é tão antigo quanto o próprio mundo. Apesar de todas as reformas, eles continuam a ser a bófia de sempre!b Há mais de cem anos que o território da moderna Ucrânia pertencia ao Império Russo, mesmo assim a polícia estava a proteger o Estado e as pessoas ricas, tal como faz hoje. Então todos os revolucionários travaram guerra contra isso até à revolução de Fevereiro de 1917, após o que o departamento de polícia foi abolido.
Agora, a ideia do Ministério da Administração Interna – criado pelas autoridades e responsável perante eles, está totalmente estruturado e visa a realização de funções repressivas e punitivas, proteger os cidadãos poderosos e rico da nossa presença nas ruas. Portanto, nenhum governo antigo ou novo e nenhum estado – ucraniano, russo, bielorrusso, grego, etc, com a sua polícia e ministérios – nunca poderão ganhar a nossa confiança. Sabemos perfeitamente todas as suas intenções e, portanto, enquanto o aparato repressivo permanecer, vamos continuar a nossa luta!
Uma patrulha policial comum, operativos ou um grupo de propósito especial estão em estado de prontidão e, ao sinal das autoridades superiores, vão deter qualquer um, e, em seguida, aplicar medidas de contenção e punição para ele. Tudo de acordo com as instruções e leis que protegem o estado e o capital. Antes de entrarmos na cadeia e sermos entregues aos guardas da prisão, o nosso irmão ou irmã terá que lidar com representantes do Ministério da Administração Interna. Então, o Ministério do Interior – e o que estiver conectado com isso – é visto por nós como um instrumento para quebrar o espírito e a vontade de qualquer anarquista insurgente que se mova energicamente em frente.
Do ponto de vista da perspectiva revolucionária, pode-se até dizer com segurança que a existência de uma instituição profissional como o Ministério do Interior prejudica não só nós xs anarquistas mas também o resto da sociedade, desestabilizando e enfraquecendo as suas oportunidades de autodefesa – deixando assim as pessoas sem direito à autodefesa, fazendo com que se sintam desamparadas. A população, sendo incapaz de resolver problemas de forma independente, transfere esses poderes para o sistema e o Ministério da Administração Interna, por sua vez, como qualquer outra instituição do estado, confia e conta com o medo, com a incapacidade das pessoas para realizar o seu potencial interno, sem restrições externas.
Assim, de noite, a 19 de Setembro de 2018, o centro de treino dos funcionários do Ministério do Interior tornou-se o objeto do nosso ataque. É aqui, no centro de treino, que eles são treinados para nos deter com sucesso, atirar sonre nós, praticar confiscações e assaltos aos nossos apartamentos de armas na mão, armas que as pessoas comuns não podem possuir.
O centro de treino está localizado a 500 m da Rua Boryspilskaya, na floresta, no distrito Darnytskyi da cidade de Kiev. No centro existem pistolas e galerias de tiro automáticas, uma pista de obstáculos, um campo de ténis, um campo de vólei, um campo para mini-futebol, salas de treino bem como uma estrutura onde grupos de captura são praticados. Foi em tal estrutura que lançámos um “galo vermelho”!
Estivemos mais de quatro meses a cuidando desse objeto. Há pouco tempo, no edifício acima mencionado, reparos de caros foram realizados e equipamentos elétricos foram adquiridos.
Para o incêndio a provocar, precisávamos de 17 litros de mistura incendiária, 10 pneus de carros e coisas antigas encontradas na rua. Fizemos 2 áreas de fogo em lugares diferentes. Também na parede deixamos uma mensagem: Destrua o Ministério da Administração Interna. O guarda e dois cães não suspeitaram de nada…
Embora o nosso ataque seja simbólico, ainda assim aponta para o inimigo e a direção na qual a resistência deve se desenvolver.
Nossas calorosas saudações e solidariedade vão para xs anarquistas na Rússia e nas prisões bielorrussas e campos de prisioneiros: Ilya Romanov, Oleksandr Kolchenko, Sergey Romanov, Yevgeny Karakashev, Ilya Shakursky, Vasily Kuksov, Dmitry Pchelintsev, Victor Filinkov, Andrei Chernov, Arman Sagynbaev, Mikhail Kulkov, Maxim Ivankin , July Boyarshinov e outrxs.
Este fogo é para si. Não nos importa se é culpado ou não, se está ou não envolvido/a no que é acusado/a. O fato é que na luta contra o Estado somos todxs culpadxs. Portanto, saibam que se xs “inocentes” uma vez mereceram a nossa solidariedade, então xs “culpadxs” merecerão mil vezes…
Também queremos enviar palavras de solidariedade aos/ás anarquistas que operam no Chile, Grécia, Itália e a todxs xs outrxs companheirxs que lutam tanto fora quanto dentro das prisões! Saiba que as suas ações e lutas são importantes para nós!
Viva a Anarquia!
Destrua o Ministério da Administração Interna! Destrua o estado!
Célula anarquista Ilya Romanov / FAI –FRI
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