Rede tradutora de contrainformação

México: ataque incendiário explosivo em duas concessionárias de Ecatepec

ecatepecQuem vingará esta terra?
Esta terra que cospe sangue
esta terra que chora e geme
entre tempestades …
cada vez mais cinza.

Nós não celebramos genocídios. Que vivam os corações indomáveis.

Cansados de aguardar as condições materiais favoráveis ​​(que nunca irão chegar), lançamos-nos ao nada, envoltos em sentimentos de ódio, tristeza, raiva e vingança.

Hoje, 12 de Outubro de 2015, cobiçados pelas sombras, sob o céu estrelado que já quase não se consegue ver, saímos às ruas para descarregar a nossa raiva num pequeno ataque, que é apenas simbólico em comparação com o ultraje milenar que têm feito contra a terra, ar, mares e rios, contra a vida selvagem e grupos étnicos diferentes dos seus.

Escolhemos este lugar e esta data porque para nós são profundamente significativos, não esquecer o massacre genocida que implica a colonização da América pelo Ocidente, não só contra grupos humanos já habitavam estas terras (milénios antes que nos “descobriram”), mas também contra a nossa bela Coatlicue. O 12 de Outubro é, por conseguinte, o dia em que trouxeram a pior maldição de todas: a civilização, o dia em que começou este pesadelo nojento chamado progresso, o sistema tecno-industrial é um monstro insaciável devorando a vida e reduzindo-a a cinzas, massas cinzentas urbanizadas que materializam o cenário necessário para manter esta forma de vida cobarde, fastidiosa e que nos deixa insatisfeitos, carecendo de sentido, primeiro que tudo.

Queimamos os seus carros, não queremos o seu espectáculo ou a sua mercadoria, não queremos continuar a colaborar com o envenenamento do nosso templo (a natureza), através das suas máquinas de fumaça e da sua normalidade de assassinos.

Atacar uma minúscula manifestação deste sistema tecno-industrial nausiabundo, representa para nós o sentido da nossa vida, o desafogo da nossas lágrimas e ira, não encontramos outra maneira mais digna de viver que a existência no conflito, empenhar o nosso alento e concentrar as nossas mais selvagens e indomáveis paixões no ataque a todas as formas de dominação e domesticação.

As árvores, os rios, as montanhas, os montes nossos avós pedem-nos vingança – os promotores do sistema tecno-industrial arrasam tudo no seu caminho e querem-nos pacíficos, calados e tranquilos em trabalho de merda por dinheiro de merda para comprar comida e diversões de merda. Perdemos a vida tentando ganhá-la e perpetuamos um sistema de pesadelo que nem mesmo o inferno com todos os seus demónios a aguentaria. Construímos um mundo artificial baseado em dor e sofrimento, matando tudo por diversão em nome do progresso. O inferno são estas cidades imundas de cimento, onde reina a angústia e tristeza, onde nos adoecem com químicos na comida e água, onde as medicinas envenenam o nosso corpo, onde destroem por diversão; e onde tu segues com a tua vida como se nada se tivesse passado, como se não soubesses de nada, lendo as notícias para não te inteirares de nada, sabendo que o nosso planeta está a morrer, que os nossos irmãos animais não-humanxs estão a extinguir-se, que populações inteiras são massacradas, que trabalhamos para enriquecer porcos milionários que lucram com a miséria, que as prisões engordam-se de inocentes e que tu podes ser o próximo, que existimos graças à devastação à nossa volta, que comemos o tormento de outros seres vivos, que torturamos em nome das putas da ciência e tecnologia, que a vida que nos têm querido impor certamente não é digna de ser vivida. Nós aceitaremos ser escravos satisfeitos, como muitos aceitam.

Não há palavras dignas nem exatas para descrever o que sentimos, odiamos até vomitar esses promotores de toda esta miséria (e não têm ideia de quanto), se disser que me mataria para que eles também morram, ficaria muito aquém ainda. Só temos que dar a vida para matar os seus juízes, seus polícias, soldados e escravos que, mesmo sabendo toda esta merda vão felizes e contentes servir e trabalhar.

Pronunciamos-nos pela agudização do conflito, no aqui e agora, não acreditamos de forma alguma na construção de organizações – que criam posições rígidas e determinísticos e também têm o ânimo de continuar a permitir a curto prazo a perpetuidade sistémica mediante o politicamente correcto; eles tendem a mudar a nossa cabeça até ao reconhecimento da “autoridade” de qualquer tipo. Sabemos que a todo o momento nos acompanha a sombra do “pior” no sentido estrito do reconhecimento diário de nossa existência como um confronto. No entanto, igualmente discorrendo na maior das alegrias, sem medo a tudo com que nos confrontamos e conhecendo dia a dia novas maneiras de desafiar a normalidade e a monotonia inteira. Não aceitamos condições de nenhum tipo. Nesta sociedade tecno-industrial, não temos na nossa boca qualquer solução dogmática para melhorar o existente; mas, mesmo assim, ansiamos destruir as suas esperanças de progresso. Não é porque neguemos a existência, na mente de alguns e algumas, de um desejo utópico, mas porque cada vez que actuamos realizamos o inimaginável da melhor maneira possível; sem esquecer que estamos sempre em guerra constante. Ansiamos a destruição de tudo o que envolve a civilização moderna, mas também sob nenhuma circunstância ou em qualquer momento aceitamos a imposição que ameaça aquelxs que querem ser livres de qualquer gaiola ou algema, quer provenham de qualquer grupo ou individualidade, sob qualquer modelo ou temporalidade que seja. Este é o nosso modo de vida e não renunciaremos a ele.

Nós queremos massas, nem um movimento com poder popular, queremos a destruição de tudo o que representa a realidade feita pelo sistema existente, inclusive nós.

Sentimos a dor e a dor nos faz sentir vivos, a dor que sente a Terra e o nosso mundo como um todo ao olhar para o que lhe/nos temos feito.

Pelo nada e a destruição de tudo, pela vingança de tudo e todxs, Guerra à normalidade. Destrói o que te destrói.

Reivindicamos o ataque explosivo incendiário em duas concessionárias Fiat (e Crhysler), na manhã de 12 de Outubro, numa das principais avenidas do município de Ecatepec.

Senti a infâmia da espécie nas minhas entranhas. Senti a raiva subir implacável para minhas têmporas, mordendo os meus braços. Eu senti que a única maneira de ser bom é ser feroz, que o incêndio e a matança são a verdade, há que mudar o sangue dos odres podres. Compreendi, naquele instante, a grandeza do gesto anarquista e admirei o júbilo magnífico com que a dinamite troveja e rasga o vil formigueiro humano.”
-Rafael Barret

É hora de saberem que não há nenhuma lei que respeitemos, se temos de lutar atacaremos os seus pescoços, se tivermos de nos confrontar mataremos os seus cães, se tivermos de morrer morrerão eles primeiro
-Punky Mauri

Tlauele iknoyotl!

P.S: Haha!

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