Desde ontem, 25 de Agosto de 2014 – após relatos nos media de massas de que o serviço de migração tinha rejeitado os pedidos de asilo de 108 refugiados – têm ocorrido, em Berlim, preparativos para o despejo desses refugiados que, no passado, tinham ocupado a Oranienplatz em Kreuzberg; daí tinham sido despejados no início de Abril de 2014, mas tinham assinado posteriormente contratos com o Senado de Berlim, que lhes tinha prometido outros lugares para ficar seis meses, pelo menos, e examinar cada pedido de asilo como caso único. É conhecido que partes dos acordos mencionadas no contrato tenham sido já quebrados no começo, p.e. alguns refugiados viram os seus pedidos rejeitados, sem o exame de caso único prometido e ameaçados de deportação, antes mesmo do período de seis meses ter terminado. Deste modo, o Senado enviou oficiais aos respectivos refugiados para os informar quanto à rejeição das suas candidaturas e lhes ordenar o abandono imediato das suas casas.
Também ontem, cerca de uma centena de polícias e a Imprensa apareceram nas proximidades e frente à casa dos refugiados em Gürtelstraße, um antigo albergue no distrito de Friedrichshain. Além disso, na Gürtelstraße, há dois ou três dias atrás, a bófia tinha já armazenado barreiras de rua. Tudo isso indicava que haveria em breve operações policiais.
A polícia também apareceu pela Oranienplatz ontem, onde um dos seus carros de patrulha foi atacado com pedras por pessoas com raiva. Segundo relatos, um dos refugiados rejeitados cobriu-se com gasolina e ameaçou incendiar-se.
Uma parte dos refugiados da Oranienplatz têm estado em Marienfelde, um bairro na periferia de Berlim. Não há relatos independentes ainda sobre o que aconteceu com eles (apenas relatos da media, afirmando que eles saíram sem protestos visíveis).
A situação neste momento exacto (depois das 16:00, hora local), em Gürtelstraße, Friedrichshain é que, pelo menos, dois refugiados estão no telhado da casa. De acordo com relatos de rua, vários refugiados já deixaram a ex-hospedaria onde estavam a viver. Há várias centenas de polícias a cercar a área. Além disso, a imprensa está lá em grande número. O que falta são pessoas em solidariedade com os refugiados. Há apenas um par de pessoas, que são bastante passivas. Nenhuma faixa, ainda sem palavras de ordem, apenas alguns slogans escritos com giz, na calçada. A área não está fechada; pessoas em solidariedade podem chegar ao local, vindas de qualquer parte. Polícias anti-motim estão localizados na Gürtelstraße, Dossestraße e Scharnweberstraße. Há também uma quantidade grande de polícias disfarçados, na área. Agora a polícia está à espera de ordens dos seus chefes. Qualquer tipo de acção, em solidariedade com os refugiados e também a fim de distrair a polícia dessa zona é mais do que bem-vinda!
Fontes: linksunten.indymedia.org e a rua
Atualização (por volta das 17:30 hora local):
Atualmente, existem três refugiados no telhado do albergue em Gürtelstraße, Friedrichshain (ver mapa). Várias barreiras policiais estão localizadas no cruzamento das ruas Dosse com Oder, Dosse com Ede-und-unku weg, Gürtelstraße com Oder, Gürtel com Scharnweber. A entrada na área bloqueada só é permitida a residentes com bilhete de identidade ou membros da imprensa. Palavras de ordem, entoadas em apoio aos refugiados, assim como sirenes de polícia, podiam ser ouvidos a maior distância.
Atualização (cerca das 19:00, hora local):
Há uma pequena concentração de sentados na rua, na barreira da junção das ruas Guertel e Scharnweber. Não existem pessoas atrás das outras barreiras da bófia. A brigada de incêndio está plantada na rua Dosse com dois colchões infláveis (eles usam essas coisas quando as pessoas saltam por alguma razão a partir da janela, etc).
∙ Artigo relacionado: Bloqueio de rua em solidariedade tanto com os mortos como com a viva e combatendo
∙ Chamada para uma manif na Frankfurter Tor (Friedrichshain) hoje, 26 de Agosto, pelas 20:00 – Venham todxs!
Atualização (cerca das 20:00, hora local):
Ainda estão pelo menos três refugiados no telhado do albergue em Gürtelstraße. Xs apoiantes ainda estão um tanto passivxs e à espera. Bófia anti-motim está estacionada no telhado do Hotel Georgenhof, que é o prédio ao lado do antigo albergue (os dois telhados não estão ligados). Na junção das ruas Guertel e Scharnweber, existem cerca de 50 pessoas (transeuntes curiosxs incluídxs).
∙ Palavras de Badra Ali Diarra, que assinou um acordo com o Senado de Berlim e agora se encontra encarcerado: Algumas declarações do nosso amigo na prisão de deportação.
Atualização (cerca das 22:00, hora local):
– A manif iniciada na Frankfurter Tor acabou de chegar.
– Havia cerca de 150 a 200 pessoas na barreira da junção das ruas Guertel e Scharnweber.
– Agora as pessoas por lá estão a contribuir menos e a escassear.
– Gritaram-se palavras de ordem, p.e: “Estamos aqui, vamos lutar. Liberdade de movimento é um direito de todos”.
– Há também algumas faixas agora.
– Lugares para dormir são necessários para os refugiados expulsos.
– Gente em solidariedade estabelece uma concentração com microfone aberto, oposta à barreira, onde os discursos são mantidos por solidárixs e refugiadxs, informando sobre a sua situação.
– Num desses discursos, foi declarado que há mais de 60 pessoas do antigo albergue na rua Guertel entre aqueles que tiveram os seus pedidos rejeitados, a maioria deles deixou 10 pessoas que estariam ainda dentro do albergue ou no telhado.
– Outros refugiados que são afetados são de um alojamento de refugiados em Marienfelde e de um terceiro grupo em Hardenbergstrasse (Charlottenburg / Wilmersdorf ?).
– Também foi salientado que isto é apenas o começo e cada um/uma dxs refugiadxs que assinaram o acordo e que não tenha comparecido para um encontro com as autoridades, ou que tenha tido o seu pedido rejeitado, corre sério risco de perder as suas acomodações, os apoios financeiros e há também a enorme ameaça de deportação.
Atualização (dia 27 de Agosto, 08:30):
– Os refugiados estão ainda no telhado.
– Poucxs apoiantes passaram a noite atrás da barreira na junção das ruas Scharnweberstraße e Gürtelstraße.
– A bófia ainda está a bloquear nos locais acima mencionados.
– Durante a noite, a bófia começou a impor um “serviço especial” aos moradores que vivem dentro da área sitiada e bloqueada; cada residente tem sido acompanhado por um robocop “segurança” até à porta de entrada das suas casas.
Mais atualizações à medida que cheguem…