O Estado não é uma fortaleza. Não irá encontrar nenhuma porta que o conduza a algum tipo de máquina ou motor que possa ser desligado através de um interruptor. O Estado não é um monstro que você possa matar com uma estaca no coração. É algo completamente diferente. Poderíamos compará-lo com um sistema: uma rede composta por milhares de máquinas e de interruptores. Esta rede não se impõe à sociedade de forma hierárquica. Espalha-se por toda a sociedade a partir do seu interior. Por sua vez ainda se estende à esfera da vida privada, alcançando e tocando as emoções a um nível celular. Molda a consciência e é moldado por ela. Conecta-se e une-se à sociedade que, por sua vez o alimenta e o glorifica numa troca contínua de valores e padrões. Neste jogo, não existem espectadores. Cada um de nós desempenha um papel activo.
Costas Pappas, “Incontornável”
Com rostos tristes e cansados, características próprias de um pesadelo que durou vários meses, mas com dignidade e determinação em seus olhos, pais e mães dos condenados no caso da Conspiração das Células de Fogo, deram as boas-vindas aos amigos, jornalistas e dezenas de outras pessoas de diferentes idades, reconhecidas ou não, que chegaram à sala da ESIEA (União de Jornalistas do Daily Newspaper de Atenas) para uma coletiva de imprensa.
Uma semana após a decisão dos três membros do tribunal de apelações, que condenou de 11 a 25 anos de prisão seis dos nove acusados, os pais, mães e advogados dos condenados não estão dispostos a se render.
Na coletiva de imprensa acusaram o tribunal de uma “decisão política”, “desumana e vingativa”; afirmaram, mais uma vez, que as três explosões não causaram nenhum ferimento ou morte de ninguém, para justificar um total de 130 anos de prisão que o tribunal proferiu a seus filhos.
Um silêncio prevaleceu no recinto quando a voz trêmula da senhora Hadjimihelakis, mãe de Haris Hadjimihelakis (de 19 anos) condenado a 25 anos de prisão, leu a declaração coletiva dos pais e mães: “Foi uma decisão injusta, cruel, exaustiva, absurda, arbitrária, desumana, vingativa.
Foi uma decisão baseada na lógica nazista de responsabilidade coletiva, tendo como alvo indivíduos, com base unicamente em sua ideologia”, disse a Sra. Hadjimihelakis.
Ela acrescentou que, “às infames ‘explosões’ foram mostradas que não causaram nenhum perigo para qualquer pessoa e que os depoimentos das testemunhas esclareceram absolutamente que eram ações dentro da ‘esfera’ de protesto político”.
Quanto aos resultados das “explosões”, inclusive através da experiência dos responsáveis pelos serviços, foi demonstrado que se tratava de fogos de artifício, com uma quantidade não padronizada de pólvora, que pode causar uma deflagração e não uma explosão”.
Ela seguiu suas declarações em termos políticos, insistindo que “a justiça castiga brutalmente e impiedosamente, destrói jovens pela conjectura e conclusões, e não ações. E deixa impunes os envolvidos em grandes escândalos políticos e econômicos, que colocam em risco a vida das pessoas e a estrutura constitucional do país”.
Fonte: actforfreedomnow.wordpress.com
agência de notícias anarquistas-ana