Rede tradutora de contrainformação

Grécia, Atenas: Comunicado da οkupa Kouvelou pelo ataque incendiário contra ela

Cartaz de convocatória para marcha de protesto, em 24 de setembro, em Maroussi

No sábado, 17 setembro, no bairro ateniense de Maroussi, houve uma ação contrainformativa acerca do ataque incendiário que recebeu a okupa Kouvelou na quinta-feira passada. A concentração na estação de metrô local durou muito tempo e foi acompanhada por um evento no mercado do bairro, onde foi distribuído o seguinte comunicado da okupa:

Tirem as mãos das okupações

Por volta da 3h da madrugada da quinta-feira, 15 de setembro de 2011, a Okupação Kouvelou, localizada na esquina das ruas Dionísio e Solon, no bairro de Maroussi, recebeu um ataque incendiário. Como conseqüência do incêndio o telhado caiu e quatro salas do prédio também foram queimadas. A mansão Kouvelou, que está okupada desde 7 de abril de 2010, constitui o lar de nossas idéias políticas e a base da nossa ação política, e ao mesmo tempo funciona como um espaço social livre. Durante este período, como proposta de auto-organização e de solidariedade, funcionando com estruturas anti-hierárquicas, temos conseguido limpar a área da mansão e torná-la funcional, realizando eventos com conteúdo político, bem como intervenções na comunidade local com ações contrainformativas.

Em tempos de crise sistêmica (política, social, econômica, institucional), e enquanto são visíveis fenômenos de tensão e agitação social, o Estado opta por proteger-se, intensificando o grau de repressão para manter a sua posição de poder. O objetivo é “atacar” cada fragmento da sociedade que resiste a suas planificações. Os espaços políticos e as ocupações, como parte dessa luta, estão no centro das atenções do aparelho repressivo, que age contra elas com despejo, investigações e processos, que muitas vezes vão acompanhadas de finanças excessivas. E isso, por serem núcleos de processos políticos, de união dos lutadores e da coletivização de suas ações.

A atividade política de tais projetos, que aumentou recentemente na Grécia, é natural que se enfrente a vários grupos neo-fascistas. Alguns grupos que se molestam diretamente com as propostas apresentadas por esses projetos, como as de igualdade e a solidariedade entre todos os sujeitos sociais, sem discriminações e segregações. Os ataques incendiários contra espaços e centros sociais okupados são algumas táticas comuns deles, já que tem havido ataques a companheiros que nelas participam, que ficaram feridos. Além disso, não são poucas as vezes que vimos a sinergia do Estado e de grupos paraestatais em ataques de tipo mafioso, e não apenas aos movimentos políticos, mas também nos pogroms dos imigrantes, em passeatas, e assim por diante.

Concebemos, pois, o ataque incendiário sobre a Okupação da mansão Kouvelou como uma atitude esperada de nosso inimigo político, que pensa que uma ação como essa pode nos intimidar e enfraquecer a nossa comunidade política. No entanto, o fogo pode ter causado danos materiais, mas fortaleceu a nossa vontade e a nossa determinação em continuar a nossa luta como uma entidade política.

Finalmente, como parte do movimento anarquista, anti-autoritário, acreditamos que um ataque como este não é um ataque a um único grupo, mas um ataque a um movimento político mais amplo. Um movimento que, baseando-se nos princípios da solidariedade, se uni e resiste de uma maneira combativa a ataques fascistas deste tipo.

10,100,1.000 okupações, contra um mundo de tédio organizado!

Okupação da mansão Kouvelou, Maroussi.

fonte: epavlikouvelou.squat.gr

agência de notícias anarquistas-ana