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Brasil: Guerra à THIEFA!

A FIFA prepara mais uma vez o seu ataque de rapina tal como tem feito em todas as anteriores Copas do Mundo.

Recordando o balanço catastrófico da Copa do mundo, em 2010, na África do Sul- a FIFA teve um lucro de aproximadamente 1,5 bilhões de euros, tendo também arrecadado mais de 1 bilhão apenas com os direitos de transmissão televisiva. Os estádios e as zonas circudantes foram entregues à FIFA durante o período do torneio (como “casulos livres de impostos”, áreas controladas e vigiadas pela FIFA e isentas do imposto normal e outras leis estaduais sul-africanas), incluindo estradas e pontos de acesso. Dessas regiões foram excluídas as pessoas que vendem produtos não licenciados da FIFA. Para além disso a FIFA, como proprietária exclusiva da marca Copa do Mundo e dos seus produtos derivados, dispos de uma equipa com centenas de advogados e funcionários que percorreu o país para rastrear qualquer venda não autorizada e para fazer marketing da sua própria marca. Os produtos ilegais foram apreendidos e os vendedores foram presos, apesar do fato da maioria da população na África do Sul e do continente comprar os seus produtos no setor do comércio informal. Porque muito poucos sul-africanos têm 400 rand (40 euros) para pagar pelas camisas das seleções e outras “engenhocas” da Copa.

Os jornalistas também foram efetivamente amordaçados neste evento, na hora de se credenciarem, a FIFA incluia a aprovação formal de uma cláusula que impede as organizações de mídia de criticá-la, comprometendo claramente a liberdade de imprensa.

Por sua vez o governo gastou quase 800 milhões de rands (mais de 85 milhões de euros) –757 milhões para o desenvolvimento das infra-estruturas e 30 milhões para estádios que nunca mais ficarão lotados– e já foram até alguns desmantelados, por esse motivo- num país caracterizado por uma pobreza extrema e com um desemprego à volta de 40%.

Para agravar a situação, o Estado tem vindo a fazê-los pagar estes investimentos: através da implementação de medidas de austeridade drásticas para a recuperação dos milhões gastos nas infra-estruturas, a maioria dos quais são de interesse nulo para os afrodescedentes pobres (a esmagadora maioria do país).

Nos cinco anos anteriores, os trabalhadores manifestaram a sua indignação e decepção face à incapacidade do governo para corrigir as enormes desigualdades sociais, organizando, em todo o país, mais de 8000 manifestações para exigir serviços básicos (água, electricidade, saúde…) e habitações dignas.

Com a preparação do Mundial, chegaram também os “esquemas” de renovação urbana, acompanhados pelos programas de gentrificação, com o governo a tentar, apressadamente, esconder debaixo do tapete a crua realidade deste país.

Em Joanesburgo: as mais de 15 000 pessoas sem-abrigo e crianças de rua foram apanhadas e “despejadas” em “abrigos”.

A ironia maior desta história toda é que o futebol era originalmente o esporte da classe trabalhadora. Ir assistir aos jogos nos estádios era uma atividade de baixo custo e de fácil acesso para as pessoas que escolhessem passar 90 minutos das suas vidas esquecendo o cotidiano sob a bota do patrão e do Estado. O futebol negócio e a Copa do Mundo touxeram lucros exorbitantes para um pequeno grupo da elite mundial e nacional (com milhões de gastos desnecessários, especialmente em um momento de crise capitalista mundial), que cobram aos seus clientes-torcedores- espectadores milhares de rands, dólares, libras, euros, etc., para assistirem a futebolistas caindo em excesso e mergulhando em campos super bem tratados e que discutem, através de agentes parasitários, se são ou não dignos de seus salários mirabolantes. O jogo em si, que em muitos aspectos, mantém a sua beleza estética, perdeu a sua alma trabalhadora e foi reduzido a uma série de produtos destinados a serem explorados e consumidos.

Bakunin disse que “as pessoas vão a igreja pelos mesmos motivos que vão a um bar: para hostilizar, para esquecer a sua miséria, para imaginar serem, por alguns minutos, também, livres e felizes”. Talvez possamos dizer o mesmo do futebol negócio, com estas bandeiras nacionalistas agitadas e a sua cegueira, com as estridentes vuvuzelas. Deste modo parece mais fácil de se esquecer do dia a dia, de tomar parte na luta contra a injustiça e a desigualdade.

A FIFA, é a cara oculta do Mundial de Futebol 2014. Outras juntar-se-ão em 2016 nas Olimpíadas. No Brasil.

Os estados, ao serviço do capital, asseguram- através da militarização cada vez mais brutal- o genocídio a médio prazo de cada vez mais populações, retirando-lhes qualquer possibilidade de sobrevivência no modelo capitalista.
SÓ A GUERRA SOCIAL E A AUTOGESTÃO PERMITIRÃO REVERTER
A CATÁSTROFE!
GUERRA À “THIEFA”!

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