Tradução de um cartaz encontrado em Novembro de 2013 nas ruas de Paris
“Os tempos estão difíceis”, “São sempre os mesmos a pagar”, “Mas, do que estamos à espera para deitar fogo a tudo?”
E bla, bla e bla, bla, bla, bla. Ouve-se sempre a mesma cantilena no café e locais de trabalho. Toda a gente tem opinião sobre a catástrofe que nos atinge diariamennte, todo o mundo tem a sua própria ideia para melhorar a gestão do país, mas ninguém põe mãos à obra, verdadeiramente. E a seguir vota-se, resigna-se e volta-se a votar. Quer o bastão se chame Partido Socialista, União por um Movimento Popular [direita], Frente Nacional ou Frente de Esquerda, afinal qual é a diferença? A cenoura é sempre a mesma… Então, espera-se, diz-se que os dias maus hão-de acabar, que um milagre está para acontecer em algum lugar nas profundezas do universo, que um político providencial vai nos salvar desta merda, o messias, o apocalipse, que o dinheiro nos irá trazer a liberdade que nunca tivemos, que as alternativas nos permitirão viver fora deste mundo, que haverá outro lugar onde curaremos o daqui, um paraíso futuro para esquecer o inferno do quotidiano, dessas opressões rotineiras que são nomeadas de trabalho, controlo, reclusão e fronteiras.
Mas há demasiadas palavras, demasiadas gesticulações inúteis, a vida é demasiada curta para isso, agora é necessário rebentar o arame farpado que rodeia o nosso imaginário, é necessário passar ao ataque.
Aquelxs que são responsáveis por esta sociedade carcerária são da mesma constituição que nós, são feitxs de carne e osso, têm nomes e endereços, as suas estruturas estão ao virar da esquina. Xs que constroem as prisões pensadas para nxs domar, xs que aí trabalham, xs que participam na nossa miséria extorquindo-nos com os alugueres, fazendo-nos trabalhar, tomando-nos por tolxs, tentando domesticar-nos. Todxs eles sabem bem que, para se alterar a ordem das coisas, bastaria reparar que a vida é demasiado curta para se passar o tempo a curvar a espinha. São só xs dominadxs xs que não se dão conta?
Então, sim, a vida é curta, demasiado curta para este aborrecimento abismal, para esta vida de miséria sob o sol negro da dominação, os pés atolados no chão frio do capitalismo. Que pelo menos seja intensa e de uma vivacidade selvagem. Que pelo menos nos libertemos da resignação e do medo que este mundo nos impõe.
Tomar a tua vida nas mãos é atacar todos os poderes!
Por um mundo sem Estado nem dinheiro!
Pela insurreição!
Pela anarquia!
do italiano
original em francês