Texto repartido durante a concentração solidária com xs represaliadxs da Operação Pandora, em frente à embaixada de Espanha, em Atenas, no dia 30 de Dezembro de 2014 .
« Na madrugada de 16 de Dezembro de 2014, no âmbito de uma ofensiva coordenada denominada “Pandora” e executando as ordens da Audiência Nacional, as forças policiais catalãs invadiram 12 casas de anarquistas, 2 ateneus libertários (Ateneu Anarquista de Poble Sec e Ateneu Llibertari de Palomar) em Barcelona e arredores, bem como o centro social Kasa de la Muntanya, ocupado há 25 anos. Outra casa foi também invadida em Madrid. Após várias horas de buscas, confiscam tudo o que encontram, desde telemóveis celulares e vários tipos de computadores até notas manuscritas, um monte de livros e ferramentas de construção, além de roubarem certa quantia de dinheiro. Como resultado da operação 7 companheirxs foram encarceradxs enquanto outrxs quatro foram libertados sob condição restritiva de aparição semanal na esquadra da polícia. Os 11 enfrentam acusações de “constituição, promoção, direção e pertença a organização terrorista”, bem como “posse e armazenamento de substâncias ou engenhos explosivos”. Também foram acusadxs de realizar vários ataques incendiários em todo o território espanhol, embora sem especificar atos ou autoria deles. Por causa da segredo de justiça, permitido pela lei espanhola, os advogados dlxs detidxs não conhecem as acusações exactas, nem em que se baseiam as provas.
O regime democrático de emergência em Espanha, assim como o da Grécia – encurralado por seus próprios conflitos internos dentro das instituições mas também pela sua deslegitimação crescendo aos olhos dos eleitores – continua a aplicar as táticas para criar artificialmente o clima de tensão e alarme social, enquanto aponta para o “inimigo interno”, que neste caso é o movimento anarquista. De facto não é casual que tudo isto aconteça quando na Espanha da crise económica e sistémica se acaba de aprovar uma nova lei sobre a “segurança pública” (conhecida como “Ley mordaza”:”Lei Mordaça) enquanto o Código Penal foi modificado para reduzir e reprimir ainda mais os direitos e liberdades, e impor um estado de excepção. Está claro que o Estado espanhol, ao reforçar os seus mecanismos repressivos, se prepara para agudizar os seus ataques contra os sectores sociais que resistem.
Mas xs nossxs companheirxs não são vítimas inocentes de outra montagem estatal nem são perseguidxs simplesmente pelas suas ideias. Durante anos foram, são e continuarão a ser contra o Poder em todas as suas formas, em cada recanto do planeta. Um movimento que teve sempre como perspectiva a libertação social e individual, que promove os valores que por si só já são uma ameaça para o complexo autoritário. Publicando livros, jornais e artigos, organizando conversas políticas, intervenções e marchas combativas, criando relações genuínas de solidariedade com outrxs insurretxs fora e dentro das prisões, atacando o Estado e o Capital. O mesmo que nós fazemos!
Liberdade para xs 7 anarquistas presxs!
Fogo às prisões!
Solidariedade com xs 11 anarquistas represaliadxs no âmbito da operação “Pandora”! »