Edimburgo, Escócia, 22/12/2015:
Durante a noite de 22/12 sabotei 3 caixas electrónicos na zona de Edimburgo. Usei espuma de poliuretano para bloquear todas as entradas e saídas da máquina. Este material expande-se e solidifica após algum tempo. Desta forma foram atacados os muros da minha existência civilizada. O selvagem não existe no fantasma da Natureza. A única coisa que existe, é algo tão idealista como a alienação do civilizado. O que é selvagem não tem rosto, manifesta-se pelo rotura da sistematização. O ataque não é efetivo quando nos confinamos a nós, em rígidos diálogos connosco mesmxs. A separação natureza – civilização é igualmente civilizada. A civilização intangível é mais dissimulada ainda do que a material. Quando o ser anti-civilização é visto apenas como insurreição contra a tecnologia e defesa da sagrada natureza, então torna-se míope e produto da alienação social em vez de escolha consciente.
Esta sabotagem não é mais do que a exteriorização de sentimentos de misantropia, direcionada àquelxs que irão encontrar no amanhã um congelamento da sua normalidade – ainda que por apenas algumas horas – e que julgarão o perpetrador. As massas são algo pútrido e talvez ainda mais repugnantes do que xs que dominam, seja porque o seu fantasma de Justiça as fazem reclamar, visto não estarem satisfeitas ou simplesmente porque se tornaram autómatos da sociedade. É através das massas que existe o amo, não há outra hipótese. Assim, neste contexto, não tenho nada a dizer aquelxs que estão do outro lado da barricada. A todxs xs outrxs, qualquer que seja a abordagem – caso não tenham sido consumidxs já por uma nova moralidade ou por outras correntes do ego – vou dizer apenas o suficiente.
Esta sabotagem é contra a sociedade e as cadeias da sua intangível civilização… A parte mais importante da civilização e que constitui os seus pilares não é mais do que as coisas que foram ficando inscritas em cada um ou uma de nós. E que se irá opor a qualquer civilização dominante com outra que ainda manterá resquícios da sociedade. A cultura segue as suas próprias morais, costumes e tradições. É, essencialmente, oposta à individualidade. Individualidades são aquelxs que estão vinculadxs aos seus egos em vez de a ideias. O ego é a única essência que se pode opor ao Estado, à sociedade e à civilização. A sua diversidade é infinita. Não é sagrado, não tem nem chefe nem qualquer moralidade. É o primeiro passo para a completa destruição do existente.
As ações infelizmente não falam por si próprias e a percepção necessita de profundidade tal como o abismo de cada um ou uma. Sei que com a minha ação não vou alterar nada mais do que o ódio mas mudar-se-ão coisas dentro de mim: a explosão dentro do meu abismo e a reivindicação da responsabilidade dentro do isolamento. Dentro da nossa insignificante existência, os únicos momentos significativos são aqueles em que um ego ou individualidades conscientes criam por si próprias. Tudo o resto é um produto de consumo. Na minha opinião, aquelxs que lutam conscientemente contra o existente nunca precisam de desculpa para procurar coordenação e actuar. Para atuarem nem esperam por tempos correctos nem necessitam de recordar eventos específicos. Saudações axs compas Panagiotis Argyrou e Nikos Romanos a quem devemos, a partir da Grécia, o apelo por um Dezembro Negro.
Em direção ao nada….
Célula dx anarquista e consciência nihilista “Falcão do Caos”
em inglês