Rede tradutora de contrainformação

[Santiago, Chile] Projeção de documentário sobre a “IIRSA” – 11/05/2017


Lugar: USACH, Pastos de Sherwood, Zonal Jotabeche, Alameda #3677 (Metro U. de Santiago) e sala da Coordenadora de Psicologia (neste espaço será projetado o documentário e se dará espaço ao fórum/debate).

Dia: 5ª feira, 11 de Maio, desde as 12:30 hrs – aprox. 19:00 hrs.

Jornada de exposição do projeto da I.I.R.S.A e da sua repercução tanto no Estado $hileno como na América do Sul (Abya Yala).

A ideia de criar esta instância é a tensão dos conflitos em torno da urbanização, extração e gentrificação entre outros; dando importância à recuperação da natureza – como um todo (incluindo xs animais), quebrando as lógicas de coisificação que existe sobre esta.

Assim, entendemos que: “O poder e o avanço do capital – através das suas infra-estruturas – devastam diariamente a terra, tendo em vista o progresso da sua putrefata máquina de morte. As novas condições do domínio ampliam-se através da gentrificação, extração, urbanização da pobreza, novas formas de opressão, militarização dos bairros, e assim por diante. Onde quer que nos encontremos haverá um conflito contra o poder, controle e a sua infra-estrutura. Nas regiões do sul do mundo estão a ser levados a cabo mega-projetos de exploração a que os nossos inimigos têm chamado I.I.R.S.A. (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana), uma iniciativa de estados e empresas diversas, com o fim de agilizar o fluxo de mercadorias, impondo um reordenamento neocolonial e formas de controlo em cumplicidade com a sociedade dos cidadãos de consumo.

Antes de se presenciar o espectáculo de morte – antes de ser o elo totalmente fechado da cadeia – preferimos romper com o estabelecido, assumindo a responsabilidade por aquilo que passa por nós: É hora de aprofundar a guerra contra os Estados, contra a capital e os modos que adoptam para continuar e melhorar e aperfeiçoar a sua asquerosa maneira de viver. Como anarquistas fazemos uma chamada para a ampliação da revolta, propaganda, ação direta e solidariedade entre os pares e atacar o desenvolvimento e progresso do capital. Incitar à luta em defesa da terra contra o avanço da extração, contra as instituições cúmplices, suas leis funcionais e falsos críticos. Resistência e ofensiva devem ter um impulso que permita atacar toda a forma de poder, seja qual for a forma que  assuma. Devemos potenciar as diferentes lutas, aprender com as experiências e contribuir com reflexões, já que não há tempo a perder, é aqui e agora: passar à ação contra toda a formas de autoridade” – palavras retiradas de posições assumidas por alguns e algumas anárquicas, nas semanas de agitação e propaganda contra a IIRSA.

Resumo do projeto:

A iniciativa IIRSA surge em 2000, em Brasília, e é um trato entre doze países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela), o banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), O Fundo Financeiro da Cuenca del Plata (FONPLATA) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Neste acordo inicia-se o projeto de reconfiguração da geografia latino-americana, o qual se pretende realizar através de Eixos de Integração e Desenvolvimento (EID) por todo o continente. Estes eixos são definidos – de acordo com o próprio site da IIRSA – como “franjas multinacionais do território onde se concentram as áreas naturais, assentamentos humanos, zonas produtivas e os fluxos comerciais“. Cada uma destas franjas seria modificada para interligar os territórios extrativos e criar corredores comerciais com saídas nas costas do Atlântico e Pacífico: aqueles a que se têm chamado Corredores Bioceânicos. Por outras palavras, trata-se da construção da grande infra-estrutura para conectar os centros de produção com o consumo, reduzindo o custo e acelerando as transferências, facilitando ainda mais a exploração de jazidas de hidrocarbonetos, minerais, energia, água, recursos agrícolas e o seu transporte, reforçando ao mesmo tempo o controlo social. Estabelecendo um novo ordenamento lógico e novas fronteiras para a transferência de riqueza aos centros de procura (principalmente a Ásia).

Este cenário de desconexão absoluta entre as realidades e as necessidades locais, – tal como a implantação e posta em marcha de mega-projetos – que respondam ao mercado mundial – não é um acaso e para se compreender a magnitude do problema da pilhagem e da extração é preciso entender como é que as transnacionais, os capitais mundiais, concebem a nossa Yala Abya (o nome dado ao continente americano pelo povo Kuna antes da chegada dos europeus); como uma única grande fonte de inesgotáveis recursos de que não há limites para a sua extração – com a permissão obtida através da violência da colonização e, em seguida, através da cumplicidade dos governos atuais.

Embora muitas comunidades, em todo o continente, já se tenham visto confrontadas com as consequências da criação da IIRSA, há já muitos anos, este continua a ser um mega-projeto invisível ao nível da opinião pública. Isto, a nível sul-americano, a fim de se parcelar os conflitos territoriais, separá-los como se eles não tivessem nada em comum, como se a maioria não tivesse inserido neste projeto que considera a América do Sul como uma grande fábrica de mercadorias. A IIRSA já iniciou as suas obras e muito poucas pessoas no Chile estão disso cientes. Na Bolívia, a defesa do TIPNIS (Parque Nacional e território Indígena Isiboro Secure) perante uma via que pretende cortá-lo em dois, ameaçando com a extinção as comunidades e a natureza, no Peru, a Rodovia Interoceânica em Madre de Dios trouxe consigo a invasão de terras, contaminação pela mineração de ouro, extração de petróleo e de tipo agro-industrial e, na Colômbia, o departamento Putumayo está a ser atravessado por dois eixos de integração IIRSA: o eixo Amazônico, que inclui portos, estradas e canais para tornar o rio navegável e o eixo andino, que inclui estradas e linhas elétricas, condenando os seus povos a desaparecer. A IIRSA avança com a velocidade do capital, e não sabemos ao certo o que está em execução nesta parte da região. Só sabemos que muitas das iniciativas energéticas, por exemplo, amparadas sob o mito da “crise energética” e continuar a implementar para que a energia seja vendida no estranjeiro e para alimentar projetos fora do Chile.

“Muitas vezes nos perguntamos, o que mais? Quanto mais deve ser produzido para se alcançar o progresso, para conseguir essa promessa, essa felicidade e esse bem estar,adiados para o futuro? Hoje temos conhecimento, graças ao fluxo de informação e às próprias realidades que vivemos, que o grande número de mega-projetos industriais e extrativos que estão instalados na região não contribuem para o nosso desenvolvimento e nossa qualidade de vida, pelo contrário empobrecem, adoecem e contaminam a nossa terra e a nós mesmos. Nós sabemo-lo, porque a história recente o tem demonstrado – quando se instala uma hidrelétrica para represamento de um rio no sul, o objetivo final não é alimentar energeticamente a localidade onde o projeto está instalado, mas sim que esse local seja usado como plataforma de produção, do qual se extrairá a energia para ser levada para outros lugares à “indústria extrativa” provavelmente de qualquer lugar na América do Sul. A IIRSA serve os interesses das transnacionais interessadas em extrair a maior quantidade possível de lucro e mercadorias, secando e assassinando a terra, os recursos naturais e humanos … “ – O Pilpilen Preto.

Na jornada encontrar-nos-emos em:

A presentação do livro “Deserto”.

Feiras de Editoriais Anárquicas e Autónomas (traz a tua feira).

Oficina de Xilogravura por Matate Xilografía.

Expoem no Fórum :

– Revista Mingako

– Indivíduxs Anárquicxs de Proposta Informal perante a I.I.R.S.A

Conversa: Que fará frente aos conflitos da I.I.R.S.A nesta zona e na América do Sul, em geral? propostas e projeção.

Bandas ou individualidades convidadas a tocar (ainda por confirmar):

– Grone Aukan
– Jairoly

Guerra à devastação do progresso capitalista, ao extrativismo, à cumplicidade do Poder e dos seus Estados! Pela Libertação da Terra, Animal e Humana!

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