O T.I.P.N.I.S. (Território indígena Parque Nacional Isiboro Secure) é um território no qual os devastadores da Pacha (Terra) vêem um espaço para saquear e enriquecer, sofrendo um assédio permanente tanto do Poder como de outros com menos poder, mas igualmente exploradores, como sejam plurinacionais (colonos, de acordo com o disfarce semântico do neocolonialismo), capitalistas e os furtivos. Madeireiros, caçadores de jacarés, lagartos, jaguares, etc. Bolivianos e estrangeiros, produtores de coca, empresas petrolíferas, etc, constituem o grupo das partes interessadas que apoiam o “processo de mudança”, um projecto que ainda não é nada capitalista e já traz consigo empresas multinacionais, para o enriquecimento destas através da destruição da natureza.
Não é apenas a flora que tentam destruir, são milhares de espécies animais e comunidades que têm até aqui sobrevivido ao avanço do capital e da civilização – levando-lhes quartéis, hospitais, doenças das cidades. O que o poder faz é subestimar a capacidade que têm para coexistir em harmonia constante com o seu meio ambiente – apenas um pretexto para entregar o seu território aos exploradores – e a única coisa que querem é que não se construa a estrada que irá levar “progresso e desenvolvimento” (miséria e etnocídio, em síntese) e verem-se livres do seu rápido desaparecimento, pois esse “desenvolvimento” envolve a prostituição, o tráfico e a exploração humana e animal, o narcotráfico e todas as doenças que temos de combater nas cidades.
O TIPNIS encontra-se localizado entre o norte de Cochabamba e o sul de Beni; entre 2000 e 2012 foram feitas nove marchas pelo território e dignidade – exigindo que o Poder respeite a sua autodeterminação e que não se intrometa na sua forma de se relacionar com o seu meio natural , já que o lugar tem muita diversidade no que diz respeito à natureza, bastante atraente para os exploradores, portanto.
Em Outubro de 2011, após a chegada de milhares de manifestantes, em marcha pelos TIPNIS, obteve-se a aprovação de uma lei que concedia a intangibilidade à área protegida; O poder aprovou no dia 8 de Agosto uma lei que elimina a intangibilidade de TIPNIS, com base numa consulta fraudulenta, na qual as comunidades indígenas resistiram a participar, votando colonos, outras pessoas e líderes compradxs, expulsos mais tarde pelas comunidades TIPNIS. A finalidade do Poder é terminar a parte que falta da estrada que dividirá o TIPNIS em dois, beneficiando sectores e empresas capitalistas interessadasno saque do parque.
Este projeto faz parte da IIRSA, como sabemos; a sua intenção é “integrar” os países da América do Sul por meio de estradas, vias fluviais, ferrovias, etc. Esta integração é acompanhada de negócios entre o Poder, transnacionais, cocaleiros e restantes interessados em enriquecer à custa da pilhagem. Sabemos que o TIPNIS resistirá a essa imposição, o apoio solidário é importante em todas as cidades, para lá das leis e decretos, de ONGs, partidos de direita, ambientalistas reformistas e outras instituições. A solidariedade acrata marca presença nas lutas dos povos – porque lutam para se verem livres do Capital – alegramos-nos por ver ser gerada rebeldia e autonomia nestes setores, em que se luta por uma vida não condenada à exploração, como a que existe nas cidades. Temos muito contra que lutar: a central nuclear, as hidroeléctricas de Bala, Chepete, Rositas, contra todos os restantes projectos do Capital.
Noutros Estados – as lutas nos irmanam – lamentamos comunicar a desaparição de Santiago Maldonado, na Argentina, após a repressão em Cushamen, Chubut, onde viram como os gendarmes o detiveram, como parte da repressão a esta comunidade, para que a Benetton lhes possa arrebatar as terras. Força ao Povo Mapuche no Chile e Argentina, a sua luta é compartilhada por nós, todos os Estados são iguais, o inimigo é o mesmo.
Nem ditadura nem democracia, auto-organização e autonomia na luta
Jan jiwkampi TIPNIS (Não morras TIPNIS)