Vingança por Rémi, fogo nas ruas contra a indústria nuclear, a sociedade carcerária e o (a) capital verde
A polícia francesa matou Rémi Fraisse e tenta esmagar uma ocupação combativa do bosque de Sivens que impede a construção de um pântano. Incendiámos um veículo ao serviço da multinacional francesa GDF, a qual:
Tem vindo a trabalhar na construção de um novo reator nuclear não muito longe daqui, em Hinkley Point; está envolvida em projetos nucleares em vários países;
Impõe pântanos tornando irrecuperáveis terras indígenas na Amazónia com o apoio do Exército Brasileiro e presta serviços de gestão de instalações da polícia, nessa região;
Mantém instalações nas ilhas Shetland, em nome de um dos maiores terminais de petróleo e gás na Europa; administra diversas prisões francesas;
De uma maneira geral, projecta tecnologias para os mesmos bancos e entidades comerciais de forma a disfarçar o capitalismo industrial sob a capa de desenvolvimento sustentável.
A acção foi realizada na zona de Long Ashton, onde deitámos fogo a vários outros veículos, um ousado carro tipo 4 × 4, dois carros desportivos de luxo e um veículo da OCS – considerada uma das principais empresas de segurança privada no Reino Unido, oferecendo serviços de pessoal de guarda, patrulhas, instalações de câmaras de vigilância e monitorização, etc.
Em França, a ocupação da ZAD (zona a defender) que se opõe a uma planeada catástrofe ecológica – a qual pretende destruir habitats importantes para se irrigarem plantações de milho transgénico – ainda não foi subjugada. A anarquia interpõe-se no caminho dos industrialistas. Outra destruição é possível.
Alargam-se as divisões entre as classes, as devastações ambientais chegam umas atrás das outras, corrói-se o significado das nossas vidas, e pensavam eles que todos correríamos atrás da sua fantástica terra de conveniências e faríamos a vista grossa para obter benefícios sociais? Os níveis de miséria, de vigilância e de contenção estão a aumentar, as linhas foram traçadas e sabemos onde tomar posição. Ainda há alguém que acredite que a polícia tenha esta cidade completamente sob controlo?
Eles podem aprisionar Reiss Goyan Wilson (pelo incêndio a uma esquadra de polícia, em Nottingham, durante os distúrbios de 2011) mas não podem matar as nossas memórias. Enquanto o Estado reprime as irritantes manifestações de estudantes, xs anti-autoritárixs e xs marginalizadxs – aos quais massacra sem piedade em Londres, Paris ou Ferguson – trazem de volta o fogo de Agosto.
No próximo ano, Bristol ostentará o prémio da Capital Verde Europeia, como se alguém acreditasse existir a mínima intenção de fazer frente à matança causada pela ideologia capitalista de crescimento económico. É claro que o discurso duplo ambientalista (a guerra é paz, cidades são verdes, etc.) mascara a satisfação dos patrões, visto o prémio atrair ainda mais investimentos à crescente economia verde e seus seguidores. Entretanto a crise da biodiversidade continua a avançar de forma incontrolável. Trata-se de uma piada (muito lucrativa) tal como em Nantes – nomeada Capital Verde Europeia para 2013 – onde um outro projecto de resistência está a levar a cabo uma forte luta contra o enorme desenvolvimento “verde” de um novo aeroporto e tudo o que isso implica.
Da mesma forma, iremos atacar esta farsa da lavagem verde – aos interesses capitalistas que estão por trás – não nos sítios das suas cerimónias auto-complacentes mas sim nos locais onde realizam os seus negócios diários, e também nas ruas daqui, onde se reproduzem os valores e as normas desta civilização. Não é por acaso que ateámos fogo durante a noite, porque atirarmos-nos de cabeça, confiando nos especialistas, nunca foi suficiente para combatermos a condição miserável que temos num império vacilante e biocida.
Contra a sociedade de classes e o desenvolvimento industrial, inclusivé e em especial, contra o da lavagem verde. Vitória para a ZAD de Testet e a ZAD de Notre-Dames-des-Landes. Vitória para a greve de fome rotativa nas prisões gregas (em apoio a Nikos Romanos, nosso confederal da Federação Anarquista Informal) e para todxs xs presxs em guerra com a prisão.
F.A.I. Tochas na noite – Frente de Libertação da Terra