O Bosque Ibirapijuka é um espaço okupado anarkista que existe a 6 anos, onde se vivenciam distintas práticas de busca pela autonomia além de realizar inúmeras atividades que visem a confrontação ao poder. No lugar existem e funcionam, ativa e autogestionadamente: a Biblioteca Lápis em Luta, uma farmacinha de Plantas medicinais, o estúdio Guata-Core, uma Padaria, uma serigrafia além de outros vários projetos esporádicos e/ou itinerantes.
Porto (nada) Alegre, dia 3 de novembro no maldito calendário cristão,
A matilha uiva chamando a todxs xs lobxs…
No dia 1° de novembro chega as portas de nossa casa uma oficial de justiça trazendo em suas mãos um aviso judicial de que já se está encaminhando o processo de reintegração de posse , que tramita na justiça desde junho deste ano. O documento que tal lacaia trazia, havia sido expedido no dia 2 de outubro, explicitando mais uma jogada suja do poder visando que percamos tempo em nossas possibilidades de reação a esta iminência de despejo.
Não confiaremos nem um milésimo de segundo nas artimanhas do poder, não pretendemos dialogar, não acreditamos em acordos com nossxs inimigxs, nossas vidas não estão a venda nem são negociáveis. Quando optamos pela okupação como modo de vida e ferramenta de luta, foi uma escolha com plena consciência de conviver com esta incerteza com relação ao tempo, sabemos que por mais tranqüilas que pareçam as condições de um espaço okupado, sempre haverá um fim, já que um desalojo pode aparecer da noite pro dia e este fim na grande maioria das vezes é algo imposto, sobretudo porque não okupamos desejando neutralidade ou alternativas, não okupamos desejando a legalização, a posse ou a propriedade, okupamos com o desejo de abolir radicalmente a propriedade privada, transformando-a em um espaço anarkizante de luta.
O despejo de nossa casa está intimamente ligado com os processos de avanço do capital, que hoje despejam e removem uma infinidade de ocupações e comunidades em todas as grandes cidades deste território. Está diretamente ligado a chegada da maldita Copa do Mundo, às transformações urbanísticas que preparam e “higienizam”as cidades para este mega-evento. Hoje manteremos mais viva que nunca a flamejante recusa que trazemos no peito das maneiras dessa sociedade sub-existir. Seguiremos até o final com a perspectiva de fazer deste espaço um lugar de encontro e troca entre companheirxs e de confrontação permanente a realidade existente. Faremos o que está em nossas mãos fazer para reagir a esta iminência de despejo: O bosque pulsará vida e atividade até o último segundo de sua existência!
Neste momento acreditamos e confiamos inteiramente no fortalecimento e na expansão da solidariedade, nossa memória está viva e acesa, neste bosque brotam as sementes da Flor do Asfalto, do Toren , do Pantâno Revida. Também estamos atentxs e solidárixs a situação de ocupações que por mais que tenham perspectivas diferentes da nossa, resistem dignamente aos mega-eventos e aos projetos megalomaníacos como a Quilombo das Guerreiras, que enfrenta o genocida Porto-Maravilha na zona portuária do Rio de Janeiro. Enviamos saudações cúmplices e solidárias as/aos companheirxs que hoje enfrentam a situações similares em La Solidaria, em Montevideo, Uruguai; e na Biblioteca Los Libros de la Esquina, em Buenos Aires, Argentina.
Convocamos desde já a todas individualidades solidárias a estarem antenadas e a partir desta terça feira, 5 de novembro se dará início um ciclo de atividades contra o desalojo. Permaneceremos aqui com os pés fincados na terra e com a compania das árvores e passarinhos.
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