Um resumo dos acontecimentos durante o dia de Greve Geral em toda Grécia
É, sem dúvida, mesmo aos mais bem-intencionados, que o Estado, em perfeita colaboração com todos os aparatos que o apóiam, decidiu declarar guerra contra a sociedade. Evidentemente eles estão com medo da fúria social, como expressaram agora, e como expressarão no futuro. A função repressiva do Estado, expressada através do mecanismo assassino da polícia grega, e não apenas, já começou a espalhar seus tentáculos, em um esforço para difundir e sufocar qualquer surto generalizado no futuro. Fascistas, secretas fascista [à paisana], súditos leais, chefes de família e outras escórias da sociedade, têm sido mobilizados para atuar como uma extensão natural desta formação assassina.
É um fato que deveria preocupar a todos nós, é algo que aconteceu, mas agora está sendo desenvolvido de uma forma mais massiva, aberta, declarada e descarada. Isso está acontecendo diante de nossos olhos. Em uma Atenas militarizada, com milhares de policiais de todos os tipos espalhados por toda a cidade.
Atenas: Desde a manhã muitos manifestantes começaram a chegar aos pontos de concentração no centro da cidade. Todo o trecho da avenida Patision (que passa em frente da Escola Politécnica e do Museu de Arqueologia) desde o campo de Marte até a Praça Omonia (uns 15 minutos a pé) estava cheio de pessoas, enquanto gradualmente as calçadas também iam sendo tomadas. Talvez não faça sentido falar em números exatos, mas algumas estimativas dizem que cerca de 200.000 pessoas estavam na passeata, números comparáveis apenas à manifestação de 5 de maio último. Antes de começar a passeata, em pelo menos três casos, a polícia secreta foi perseguida e expulsa das proximidades da concentração, após a intervenção eficaz dos companheiros. Em um caso eles tentaram deter quatro companheiros no caminho da concentração que carregavam bandeiras e faixas, mas a pronta intervenção de uns 50-60 companheiros evitou as detenções.
A passeata começou com combatividade, com slogans gritados e vibrando o centro de Atenas. Uma característica significativa do tamanho da marcha, é que quando os primeiros blocos estavam chegando à Praça da Constituição (Syntagma), o último ainda estava na rua Patision. Durante a passeata, e antes que ela chegasse a Praça Syntagma, foram feitas pichações e arremessadas bombinhas de tinta em prédios do governo, e estava claro que o desejo e a decisão das pessoas não era provocar tumultos durante a marcha, mas que se desse uma batalha fora do Parlamento, com bastante gente preparada adequadamente (com máscaras, líquidos contra gás lacrimogêneo, extintores de incêndio e diversos materiais para auto-proteção), refletindo em grande medida o desejo de enfrentamento de uma parte bastante grande da marcha.
Os confrontos começaram quando uma grande parte da passeata chegou à Praça Syntagma. Grandes blocos de manifestantes atacaram os guardas da classe dominante local e do Capital. Por um longo tempo se puderam ouvir as explosões em toda a área e ao redor da Praça Syntagma. Houve ataques com coquetéis molotov, pedras e fogos de artifício, extintores, etc, contra vários esquadrões da polícia ao redor da praça, e em muitos casos, houve confrontos corpo a corpo com a polícia antidistúrbio, assim como com os golfos do grupo motorizado DIAS. A polícia antidistúrbio respondeu com gás lacrimogêneo e granadas de atordoamento, e conseguiu dividir a marcha em vários pontos, generalizando os embates que se estenderam em várias áreas do centro da cidade.
Uma grande parte da passeata foi para o Propilaea da velha Universidade, realizando ataques contra a polícia antidistúrbio, os bancos e carros de luxo, enquanto policiais e secretas violaram o asilo universitário procedendo algumas detenções. Ao mesmo tempo, muitos manifestantes que haviam se afastado da marcha devido às cargas dos policiais, realizaram ataques a grupos antidistúrbio na região do pé da Acrópole, onde conseguiram botar fogo numa van da polícia. Em vários pontos do centro as pessoas reagiram com êxito às cargas brutais da polícia, enquanto em outra avenida uns antropóides do grupo DIAS foram agredidos por manifestantes furiosos, que ainda queimaram duas motos da polícia. Ao mesmo tempo, os manifestantes atacaram o ex-ministro do governo de direita, fato que saiu barato graças à intervenção de seus guarda-costas, que o acompanham aonde ele vai. Tudo isso acontecia enquanto vários blocos nem tinham chegado à Praça Syntagma.
As cargas dos grupos antidistúrbio foram indiscriminadas e violentas, eles batiam nos transeuntes inocentes e, em geral, naqueles que se encontrava em seu caminho. Em vários pontos no centro foram vistas vans das quais saiam polícias à paisana, com capuz e vestidos de preto.
Uma marcha espontânea formada por sindicatos de base e o “Movimento Anti-autoritário”, foi para a sede da Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia (GSEE) com o objetivo de ocupá-la. Houve confrontos com a polícia corpo a corpo, mas a superioridade numérica dos policiais foi capaz de detê-los.
Durante várias horas, os combates continuaram em torno da Escola Politécnica. Enquanto muitas pessoas haviam entrado em seus quartos, não puderam sair, porque estava bloqueada por grupos antidistúrbio. Novamente cargas da tropa de choque, que deixou muitos feridos. Rumores falam de uma tentativa de levantar o asilo universitário, fato que não se realizou.
23 pessoas foram detidas preventivamente, das quais 10 foram presas.
Nas províncias, bem como em Atenas, o ambiente na maioria das cidades foi combativo, com a maioria das pessoas expressando sua indignação contra os sindicalistas vendidos, colaboradores do Estado. Em algumas cidades houve enfrentamentos, enquanto que nas manifestações em vários municípios houve muitos policiais à paisana. O PAME (a União de Sindicalistas do Partido Comunista) realizou suas marchas separadas em cada cidade, longe da fúria popular.
Tessalônica: Grande marcha com mais de 10.000 trabalhadores, desempregados, estudantes, sindicatos de base, esquerdistas, anarquistas e pessoas irritadas. Desde o ponto da concentração e em marcha, um grande bloco de manifestantes foi à sede do Sindicato dos Trabalhadores, onde tinha sido o chamado da GSEE-ADEDY, e de vários líderes do sindicalismo grego. Lá anarquistas gritaram slogans contra estes sindicalistas, foi desconectada a aparelhagem de som e se derramou água sobre os oradores-representantes dos vendidos e convocada pelos alto-falantes uma greve combativa. Durante o protesto foi distribuído folhetos em lojas que estavam abertas ou cujos patrões ameaçaram os trabalhadores com demissão se aderissem à greve.
Durante a passeata combativa que começou por volta das 11 horas, foram quebrados caixas eletrônicos, bancos, grandes redes de lojas, correios, Mc Donalds e câmeras dos bancos, enquanto as mercadorias de um supermercado foram expropriadas e também de uma padaria. Ao chegar ao velho Ministério, os policiais deixaram o prédio, e sem razão alguma começaram a atacar a manifestação com bombas de gás lacrimogêneo e granadas de atordoamento. A marcha continuou, mesmo divida em vários blocos. Os policiais e secretas realizaram cerca de 20 detenções tipo filme policialesco, dos participantes da marcha e das pessoas que estavam na entrada de suas casas, utilizando vans sem identificações. Dois ou três detidos estão feridos e internados, e, claro, os policiais transformaram as detenções preventivas em prisões para justificar a surra.
Patras: Mais de 4.000 pessoas marcharam pelas ruas da cidade. Blocos massivos de estudantes, sindicatos, esquerdistas e anarquistas. Os ataques foram realizados com pedras e coquetéis molotov contra o Tribunal, os bancos e uma van da polícia. Uma passeata de um número similar de manifestantes foi realizada pela União de Sindicalistas do Partido Comunista.
Heraklion: Passeata massiva pela manhã, com cerca de 2.000 pessoas de diferentes sindicatos de base, desempregados, imigrantes, esquerdistas, anarquistas, etc. Esquerdistas impediram o discurso do Presidente do Centro de Trabalho e de outros representantes vendidos. Durante a marcha foram quebrados caixas eletrônicos, fachadas e câmeras de bancos e paredes internas pichadas com slogans contra os sindicatos vendidos. A polícia secreta seguiu a manifestação, mas não foram registrados conflitos. Na parte da tarde houve uma marcha anarquista pelos bairros da cidade.
Volos: Muito massiva a marcha, com cerca de 2.500 pessoas. Antes do início da manifestação não foram autorizados a falar os representantes dos partidos locais e os dirigentes sindicais. Pequenos ataques contra os bancos e as sedes do Governador Civil.
Chania: Cerca de 1.500 pessoas marcharam nas ruas da cidade, com trabalhadores, desempregados, estudantes, anarquistas e grupos de esquerda, e um bloco de imigrantes que conseguiu participar da greve. Durante a marcha foram pichados slogans, distribuídos panfletos; alguns supermercados foram sabotados com “esferas (ampolas) de fedor!” Lá também os sindicatos vendidos foram vaiados pelos manifestantes.
Xanthi: Uma das manifestações mais massivas no município. Cerca de 1.500 pessoas marcharam no centro da cidade. Foram pichados slogans e arremessadas bombinhas de tinta nos bancos.
Ioannina: Combativa marcha com aproximadamente 2.000 pessoas no centro da cidade, com um pulso tremendo e muitos slogans gritados.
Manifestações e passeatas semelhantes com centenas de pessoas foram realizadas em várias cidades da Grécia, como Kavala, Berea, Aigio, Zante, Corfu, Lesbos, Naxos, Rethymnon, Serres, Esparta, etc.
agência de notícias anarquistas-ana