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11 de Fevereiro: solidariedade internacional com a luta dos imigrantes na Grécia

Na terça-feira, 25 de Janeiro o velho edifício da Faculdade de Direito em Atenas, de momento devoluto, voltou a ser lugar de uma luta justa e democrática – palco de várias lutas sociais no passado – ao sediar a luta de 250 dos 300 trabalhadores-imigrantes que lutam, em Atenas e Tessalónica, pela legalização incondicional de todos os imigrantes. Uma luta pela igualdade de direito à vida, realizada por aqueles que querem deixar de ser clandestinos.

Desde o primeiro instante tornou-se evidente o boicote e a desinformação sobre estes acontecimentos, acusando a greve da fome dos imigrantes de ser um acto ilegal, legitimando deste modo a violação do asilo académico e a evacuação forçada dos imigrantes em luta no histórico edifício.

Na tarde de quinta-feira, 30 de Janeiro, a polícia interrompeu o trânsito no centro de Atenas, criando uma imagem de cidade ocupada, e cercou o edifício da Faculdade de Direito. As milhares de pessoas que vieram manifestar a sua solidariedade à luta dos imigrantes foram impedidos de se aproximar da área, cercada pela polícia e espontaneamente foram criadas concentrações de protesto. A partir das 18h e até às 5h da manhã os grevistas foram pressionados para deixar o local. A meio da noite, os grevistas de fome e as pessoas que se solidarizavam com eles passaram, por fim, para um outro edifício no centro de Atenas, ao fim de 4 horas de manifestação. O novo local (propriedade privada) acabou por se transformar num campo de refugiados, pois o seu espaço não era suficiente para tanta gente e não possuía infra-estruturas de higiene. Para além de se obrigar parte dos grevistas de fome a dormir em tendas no pátio, com temperaturas gélidas.

O governo e os media depreciaram completamente a luta, retratando-a como uma manipulação dos seus promotores com o intuito de criarem agitação social no país. É um dos grevistas que desmonta isto ao afirmar: ” O mais frustante de tudo é que não conseguem entender que a carência que nos trouxe aqui é tão grande que não precisamos de promotores, mas de adeptos”. Por fim, num clima de intimidação e repressão, cinco companheiros da Assembleia de Solidariedade foram convocados, pelo advogado do estado, na qualidade de suspeitos do crime de “tráfico”.

Enquanto o ministro do Interior negava qualquer possibilidade de legalização, revogava o decreto que permitia que 15 dos grevistas imigrantes pudessem ser legalizados desde 2009. Para além disso, lançou o aviso a todas as comunidades de imigrantes para que aceitassem isto e para evitar que “os seus membros participem em actos que se tornem desestabilizadores da ordem”.

Nós, pessoas solidárias com a justa luta dos imigrantes em greve de fome, declaramos a nossa co-responsabilidade com os 5 companheiros acusados, declarando também sermos “traficantes” da dignidade e da solidariedade. Devido ao clima de repressão e de políticas anti-imigrantes existente na Grécia e em toda a Europa, torna-se premente a nossa acção de forma a serem criadas fissuras significativas no sistema e alcançarem-se vitórias políticas.

É mais urgente do que nunca o mais amplo apoio à luta dos 300 grevistas. Fazemos um apelo internacional para um dia de acção comum a 11 de Fevereiro, dia esse em que, por toda a Grécia, multiplicar-se-ão as acções de solidariedade com esta luta. Dirigimos o nosso apelo a cada associação, grupo, organização ou grupo político de forma que, em uníssono, todos protestemos em solidariedade com a justa luta dos grevistas imigrantes.

Em solidariedade com os 300 imigrantes, trabalhadores em greve.
Exigimos a legalização incondicional de todos os imigrantes.
Apoiamos a sua reivindicação de igualdade de direitos políticos e sociais com os dos trabalhadores gregos.
NINGUÉM É ILEGAL!

Assembleia de Solidariedade com os Imigrantes em Greve da Fome

Fonte / Fotos: 1, 2, 3 / Vídeos

Actualizações: Tessalónica / Atenas

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