Começarei por fazer uma pequena alusão às relações entre compas antiautoritárixs:
Nunca poderemos surgir como alternativa de vida contra o alienante buraco negro chamado sociedade, se não tomarmos a sério o nosso papel primordial para transformar as nossas própias vidas.
Se não abandonarmos, pela raíz, condutas baseadas no ego-civilizado que tantas vezes nos tem causado um tão grande retrocesso insurrecional.
Se não percebermos que entre xs companheirxs há um/a ou outrx “cabeça de pistola” que leva nos lábios certo discurso que nem elx nele acredita e que, no momento de o concretizar, o faz sob o peso que representa para si o que dirão delx.
Muitos são aos casos em que transformam a violência num fetiche, vazio de raiva à sociedade, vazio de ilusão por uma vida que rompa com a estrutura patética dos Estados e dos sistemas hierárquicos, vazio de toda a projeção antagónica a um mundo grotesco que se alimenta das nossas mesmas contradições – uma violência que carece de beleza caótica e que cai repetitivamente num círculo vicioso de auto-satisfação, masturbação, e portanto com projeção nula…
Ao fogo o ego-alienado-civilizado, em especial ao ego que emana entre nós mesmxs, anarquistas, antiautoritárixs, nihilistas da ação, insurgentes, etc… Não continuemos a cair nos mesmos erros que caiu a velha escola rebelde, erros esses que permitiram que fossemos aniquiladxs e que a aniquiliram também.
Não falarei do sistema neoliberal, nem de Estados, nem do capitalismo, somente da raíz da nossa deprimente realidade: a autoridade, as hierarquias. Uma estrutura social baseada em papéis designados e inalienáveis. Uma vida parcial e baseada nos ensinamentos, determinados não pelos nossos pais – pateticamente eles a soportam – mas pelo monstro da autoridade, da civilização, o agente encarregado de que a estrutura se perpetue infinitamente, numa engrenagem interminável.
Desde a família, que injeta as primeiras noções de como se deve existir e como se deve levar uma vida longe do perigo, até ao maldito colégio, com os seus professores e inspetores, odiando-nos mutuamente e fazendo-nos a vida impossível, desde as oito da manhã – já que eles são a autoridade. Depois a universidade e as suas eruditas visões inalcançáveis, a sua visão relativista que tudo está bem ou mal dependendo de como o vejamos… depois o trabalho… enfim, morrer, morrer parado, morrer com os olhos abertos, morrer lentamente numa agonia de oito horas por dia, cinco dias por semana (se tiveres sorte), depois morrer para ser castigadx pelos seus pecados e julgadx quase da mesma maneira como vivemos, sendo julgadxs na terra… Irra! Que vida…
Opomo-nos a toda a forma de dominação, assumimo-nos como animais selvagens que a sociedade ainda não pode civilizar (muito), odiamos a estrutura que nos enrijece todos os dias, odiamos o cimento e as suas expansivas ruas cheias de contaminação de toda a espécie, odiamos todas as figuras de autoridade e neste momento não duvidamos mais em transformar a nossa raiva num incêndio de grandes proporções…
Aproximadamente às 20:00 do dia 7 de Novembro, perto do metrô “União Latino-americana” (ULA), um grupo de indivíduos amantes de ver arder aqueles que nos fazem colocar a cabeça no chão todos os dias, concentrámo-nos e dirigimo-nos à porta do Banco do Estado e, sem hesitações, derramámos para o interior aproximadamente 20 litros de “acelerante”, como gosta dizer a bófia; cortámos a rua, erguendo barricadas fora do banco e lançámos um coquetel molotov – para que se inflamasse tudo o que estivesse molhado no interior do banco. Em consequência disso – e para nossa alegria incendiária-insurrecional, o banco com as suas 4 caixas ATM dentro ficou completamente incinerado, destruído, e inutilizado e o trânsito ficou obstruído, durante um bom tempo, pelas barricadas que foram feitas. Não houve detidxs nem feridxs da nossa parte. A polícia ficou-se a cagar e os cidadãos ficaram com as suas caras típicas, estupefatas e estúpidas.
Reivindicámos tambem a colocação do engenho explosivo, num banco BCI, em panfletos e rascunhos, dedicando-a a Hans Niemeyer, companheiro encarcerado e, apesar de termos muitas diferenças políticas, dedicámo-la também aos companheiros Marcelo Vilarroel, Juan Aliste Vega e Freddy Fuentevilla, presos acusados de assaltar um banco Security e matar o porco Mollano em 2007, ação que aplaudimos naquele momento. Com esse comunicado mandámos um efusivo beijo e abraço aos 4 mencionados e gritámos de fora da prisão: Não estáo sós animais selvagens evnarcerados, o espírito vândalo dxs descontentes pelo mundo em que nos forçam a viver, cada dia se inflama mais. Com ações, escritos, reflexões, incêndios, bombas, balas, molotovs. Todos os dias ele está presente em nós, preparando-se para declarar a guerra definitiva e impiedosa contra os Estados e sociedades do mundo.
Compas presxs a guerrear no bairro de Villa Francia em 11 de Setembro de 2013. Nós, efusivxs vândalxs, atuamos em vingança pelos golpes que deven ter recibido nessa noite e pelas penas com que o Estado almeja sentenciá-lxs. Presxs da Villa Francia do 11 de Setembro em prisão domisiliária para as ruas!
Barry Horne, guerreiro, não te esqueceremos, nem o tempo, nem a tua morte, nem a nossa própia morte conseguirá que te esqueçamos.
Punki Mauri, se pudesses escutar-me, o que sei que não podes: a ofensiva recorda-te com nostalgia, e em vão nunca ficará a tua valente morte.
Que a guerra antisocial se torne perigosa com ações surpresa, atentando contra a instánvel e patética paz que acredita possuir a cidade. Saibam que nos estamos a preparar para iniciar um confronto sem piedade contra os seus vigilantes, e que cedo ou tarde romperemos os seus cercos e dispararemos nas suas mansões ou casas. Tenham isso claro: bófia, delegados, juízes, dirigentes, inspetores, empresários, fiscais, traidores, altos mandatários e todo aquele que fizer a guarda deste sistema doente o qual suportamos há milhares de anos.
Que a guerra antisocial não seja uma simples palavra de ordem. Que se reproduza em 100% do dia a dia dos indivíduos que se posicionam pela guerra. Não se esqueçam disso quando forem curtir e ter um pouco de diversão.
Nas vesperas das eleições presidenciais, de deputados e senadores… Votar é o mais patético que se pode escolher, votar é assumir que estamos mortxs em vida, votar é desertar da batalha que nos permita derrotar este império do qual somos vítimas… Morte a Marcel Claude, a Roxana Miranda, e a todos guardiãos dessa estrutura asquerosa.
Fogo a civilização, às drogas (que tanto nos civilizam e destroem) e a todas as malditas autoridades. Conspira, planeja, estuda o teu objetivo, desconfia, ataca, incendia, atenta, destroça.
Pela libertação total humana e animal não-humana!
Assinam: Uns/umas quantxs meninxs selvagens do bosque que desejamos viver num mundo menos grotesco e insensível