Na noite de domingo, 31 de Agosto, uma grande manif partiu da rua Warschauer, em Friedrichshain e chegou à junção das ruas Gürtel e Scharnweber, num dos bloqueios da polícia em torno do antigo albergue sitiado, onde xs refugiadxs estão ameaçadxs de despejo e processo de deportação, desde a manhã do dia 26. A participação de pessoas em solidariedade na manif era suficientemente boa, mas muitxs manifestantes deixaram o local logo depois. Antes da chegada da manif, a bófia já havia tentado dispersar a concentração, próximo do albergue em Gürtelstraße, alegando que o número de pessoas presentes não era suficiente para ser considerado um protesto legítimo. Noutras palavras, além das manif de solidariedade, o que é necessário é a presença mais constante e em massa de manifestantes nas barreiras.
Entrementes, ainda há refugiadxs no telhado do albergue. Já não há ligação em directo com elxs, pois as baterias dos seus telefones celulares estão descarregadas. Eles ficaram apenas com 6 litros de água desde quarta-feira, 27. No domingo, estava a chover, e xs refugiadxs conseguiram recolher um pouco de água. Enquanto estão famintxs, a bófia espalhou a mentira (também através dos media) de que xs nove refugiadxs estão em greve de fome.
Após a marcha de protesto ter chegado à rua Gürtel, refugiadxs na rua fizeram emocionados discursos. Alguns deles apontaram para o facto de que não tinham escolha senão migrar após o capitalismo e as guerras terem destruído as casas delxs. Houve também uma banda com instrumentos tocando música ao vivo. Em termos de solidariedade da vizinhança, há agora mais faixas penduradas nas varandas envolventes, mostrando apoio e exigindo o direito de ficar para todxs (de vez em quando, a bófia roubar as faixas de solidariedade nos passeios). Para além disso, dois grupos de moradores tentaram passar pelas barreiras policiais para dar alimentos aos refugiados que resistem no telhado do prédio, mas sem sucesso. O primeiro grupo foi bloqueado. Alguns deles tiveram de se identificar e foram escoltados pela bófia aos seus apartamentos, onde obtiveram de volta os seus bilhetes de identidade. Também tiveram que suportar comentários racistas da bófia (por exemplo, foram informados que, visto importarem-se tanto com estes “sujos”, devem levá-los para casa e alimentá-los lá). O outro grupo noticiou que tinha sido capaz de deixar os alimentos na entrada do edifício na Rua Gürtel, que foram levados pela bófia, mas que nunca foram entregues aos refugiados.
Um pacifista amante da bófia (não alguém dos refugiados), apelou pelo menos umas duas vezes à multidão para permanecer não violenta e para não jogar qualquer coisa sobre a bófia porque “eles também são seres humanos e têm filhos e famílias.” Uma parte da multidão expressou a sua desaprovação através de assobios e gritos: alguns manifestantes até deixaram a concentração após este repelente apelo. Verdade seja dita, é praticamente impossível levantar um violento choque contra as forças de repressão no local, principalmente porque não há uma massa crítica de pessoas para apoiar este caso. De fato, alguém que mostre apoio é logo assediadx, ainda há alguma desobediência civil de vizinhos contra o estado policial e as medidas dentro da zona militarizada.
A seguir algumas fotos da junção das ruas Scharnweber e Gürtel
Enquanto as autoridades estatais tentam silenciar rigorosamente o protesto dos refugiados, ações diretas em solidariedade com os manifestantes refugiados ocorreram nos últimos dias: por exemplo, “grupos autónomos” realizaram um ataque incendiário no cabo do eixo Berlim S-Bahn entre o Parque Treptower e estações de Ostkreuz no dia 28, causando danos consideráveis e uma suspensão temporária de parte da rede de transportes, e o Centro de registo de estrangeiros de Berlim em Moabit foi simbolicamente atacado no dia 30.