Rede tradutora de contrainformação

Áqueles que guardam o parlamento…

Vídeo dos confrontos entre manifestantes e “policias vermelhos” de PAME/KNE

Na manhã de sexta-feira, 21 de outubro, um grupo de cerca de 25 compas realizaram uma intervenção anti-estalinista no campus universitário de Zografou, em Atenas. Todas as sedes estudantis do KKE/MAS (sindicato estudantil estalinista)  foram destruídas e frases contra os polícias vermelhos foram escritas. Durante a intervenção o seguinte texto de contra-informação foi distribuído:

Áqueles que guardam o parlamento…

Vamos esclarecer a nossa posição desde o início.

Se vemos um caminho “para sair da crise” com os termos dos oprimidos e não os termos dos patrões,este caminho começa pela auto-organização da sociedade – as assembleias nos bairros, as fábricas ocupadas, as greves de massa – caminho que acaba por esmagar cada coisa que reproduza o mundo da exploração e da miséria: desde os ministérios e os parlamentares ate às suas muletas morais e de ação, os seus meios de comunicação, os seus polícias e, às vezes, os paraestatais de cada cor (da extrema direita e guardas vermelhos).

Estes últimos, como outras reservas douradas do regime (ou para dizer melhor, reservas vermelhas) foram mobilizados durante a greve de 48 horas (19-20 outubro), para “cercar”/guardar o parlamento dos “maus” manifestantes.

Mas de quem afinal?

De todos aqueles que optaram por não participar nas linhas de (K)KE, que optaram por não entender o parlamento como algo que merece respeito, proteção ou participação, mas sim como uma instituição e um alvo material a ser questionado activamente.

A sua espionagem ultrapassou todos os limites na quinta-feira, 20 de outubro, quando com capacetes e bastões tentaram repelir os manifestantes para longe do parlamento. Nao entraremos numa lógica de vitimalizacãoo ou de heroísmo; as pessoas defendiaram a sua presença física na rua por qualquer meio, tendo perdas durante a batalha mas tambem ferindo várias unidades de KNAT (1), como iam fazer no caso das unidades de MAT.

A cooperacao dos dois mecanismos repressivos, do oficial e do “vermelho” deu a “soluçao”: As unidades de MAT salvaram as unidades de KNAT dos manifestantes, acabando assim por criar um esquema oxímoro: o partido “comunista” guardava o parlamento junto com os policias, tentando controlar por completo a manifestação.

E como se isto nao fosse suficiente, os caçadores de votos deste partido (2) acabaram por usar o assassinato dum trabalhador para os seus míopes interesses micro-politicos.

Abraçados com os medias corporativos, divulgam as suas calúnias, acusando as pessoas que lutaram durante os confrontos como responsaveis do assassinato estatal, oferecendo assim um álibi moral para o regime.

Não temos mais palavras para os “cidadãos exemplares” do PAME e da KNE. Temos só a declarar que cada mão que se estende será cortada porque simplesmente… o caminho pela autogestão individual e social passará por cima de cada colaborador pago ou subserviente da própria vontade do regime.

Revoltadxs


(1) KNAT, jogo de palavras que faz alusão às unidades da policia antidisturbios MAT. Este acrônimo é amplamente usado na Grécia para descrever os polícias vermelhos da juventude do partido estalinista KKE.

(2) Intraduzível jogo de palavras: Os autores do texto trocam a palavra “κόμμα”, que significa “partido politico”, com a palavra homófona heterográfica “κώμα”, que significa “estado de coma”, para descrever o estado adormecido e de cegueira em que se encontram os membros deste partido.

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