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Chile: Resistência Mapuche reinvidica ataques incendiários ocorridos 4 anos depois da morte de Matias Catrileo

Passados 4 anos do cobarde ataque que assassinou Matias Catrileo Quezada, mapuche comprometido com o processo de resistência mapuche contra as empresas florestais, mineiras, energéticas, assim como latifúndios e o militarismo da ocupação do território mapuche, o Wallmapu. A Resistencia Mapuche, em comunicado, reinvidica o ataque incendiário realizado num centro de depósito da empresa florestal Volterra (um camião, uma máquina carregadeira e uma cabine), na zona de Peleco a caminho de Paicavi, na madrugada de 1 de Janeiro de 2012.

Outro ataque incendiário, ocorrido na madrugada de sexta-feira, 30 de Dezembro, na zona de Victoria (Araucania), afetou um helicóptero pertencente à empresa florestal Masisa. No local foram deixadas duas faixas reivindicando a ação. Numa das faixas podia ler-se textualmente “Liberdade para os presos políticos mapuche e para os presos políticos sequestrados nas prisões do Estado Chileno, Resistência Mapuche”, enquanto que a segunda assinalava “Os Nossos Mortos continuam a lutar Alex Lémun, Matías Catrileo e Jaime Mendoza Collio, Weichafe Resiste “. Todas as acções foram assumidas pelos Orgãos de Resistência Ancestral Mapuche da Coordenadora Arauco Malleco.

O helicóptero prestava apoio à CONAF no controlo dos incêndios que afetam as plantações florestais. A Corporação Nacional Florestal (CONAF) na prática nada mais faz que regulamentar a exploração da Terra trabalhando para as empresas florestais e os grandes proprietários de terras (latifundiários).

A Araucania é uma região muito rica em recursos naturais. No entanto é atualmente uma das regiões mais pobres do país, com altos índices de pobreza. No passado, muitas terras da nação mapuche foram expropriadas ilegalmente e posteriormente vendidas a privados e empresas. Hoje, as empresas florestais são responsáveis pela continuidade da espoliação territorial dos mapuche, pela sua exploração laboral, pela desertificação e contaminação dos rios e terras. A militarização dos territórios é total, os carabineiros invadem militarmente as zonas de conflito, de modo a proteger os interesses do grande capital.

Os incêndios florestais têm-se concentrado maioritariamente nas plantações de pinheiros, em zonas ressequidas devido à depredação dos solos – provocada pelas monoculturas florestais – e em setores  de milhares de hectares de plantações de pinheiros onde estes estão  a morrer, devido a uma praga da vespa taladrora “florestal Sirex noctilio”, causando prejuízos às empresas. Os mega incêndios – que já provocaram várias vítimas humanas- têm permitido  às  mega empresas acederem ao cobro de seguros que, por seu lado, os permite combater a praga que está absolutamente descontrolada.

Com a insinuação de que serão os causadores dos recentes incêndios, mais uma vez o terrorismo de estado se prepara para aplicar a lei “anti-terrorista” ao povo mapuche, não tendo hesitado no passado em torturar e aprisionar menores, em fazê-los “desaparecer” e assassinar às claras os bravos guerreiros.

No Chile, muitas dezenas de resistentes mapuche estão a ser processados ou já o foram, ao abrigo de uma lei criada pelo ex-ditador Augusto Pinochet. A lei anti-terrorista prevê a aplicação da prisão preventiva por dois anos, bem como o impedimento dos advogados de defesa de acederem à investigação ou interrogarem testemunhas, cuja identidade é considerada confidencial. Também prevê uma duplicação das penas por “causa” e “efeito.”

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