Contribuição solidária dxs compas Elisa Di Bernardo e Stefano Fosco para o evento em apoio axs anarquistas presxs de pena longa, realizado por Contra Info em Madrid a 11 de Janeiro de 2014.
Escrever ou dizer algo sobre Marco Camenisch não é fácil… não é difícil… poderia ser algo estranho para quem o conhece há anos… para quem conhece suas ideias, palavras, ações… a sua essência, a determinação e o amor por uma vida de luta que o move. Isso: uma vida de luta, a única que vale a pena viver, esse é o Marco!
Poder-se-ia começar a desenvolver a sua biografia a partir da sua vida de pastor? Da sua repulsa atávica pela energia nuclear e tudo o que é contaminação e ecocídio? Das condenações que, desde 1980, lhe aplicaram? Da sua fuga e dos dez anos como fugitivo? Da prisão intermitente que, desde 1991, está cumprindo sem se curvar nem por um instante? Da dignidade que o caracteriza como indivíduo livre e em inevitável conflito permanente com toda a forma de poder? Mas, no final, como se distingue tudo isto? Como se separa uma vida de luta contra qualquer dano, qualquer monstro destruidor da natureza inteira, qualquer abuso e o ato libertador de uma vida de amor livre e rebeldia – inerente a qualquer indivíduo digno, a qualquer imposição que recusa lucidamente esta cultura dominante feita com obediência e alienação assimilante?
Marco ama, odeia, sabota o existente com qualquer ato seu de resistência diária através de traduções, escritos, declarações, greves de fome em solidariedade com todos xs rebeldes presxs…
Marco é livre e prisioneiro. Prisioneiro desta prisão gigantesca a céu aberto que a todxs nos rodeia. Prisioneiro como todxs xs anarquistas que repudiam a escravidão pela liberdade possível. Ainda assim, livre da prisão suíça que o encarcera fisicamente e quer psiquiatrizar a sua recusa a renegar-se a si mesmo, que patologiza e medica qualquer atitude rebelde e iconoclasta sua.
Segundo a própria lei que o mantem atrás das barras, Marco já teria que estar a desfrutar da chamada liberdade condicional, mas isso não ocorreu; não podia ocorrer pela sua total e declarada atitude refratária contra qualquer distanciamento da luta pela libertação total. Não tem ocorrido porque Marco está entre nós através de qualquer ação que nos aproxima dessa mesma libertação total.
Considerando o tratamento que a Suíça (lugar onde, entre outros, a politização do “delito” não se deve ter em consideração) reserva aquelxs não se curvam à vontade de qualquer carrasco a soldo, de toga ou camisa branca que seja, é muito provável que depois do fim da sentença (2018), lhe seja imposta a chamada “cadeia perpétua branca”, ou seja, uma vigilância especial por toda a vida, imposta para proteger todos os bons cidadãos da sua alta “periculosidade social”.
A solidariedade que é necessário e urgente expressar ao nosso amado Marco, pura e simplesmente só pode ir para lá das palavras!