BEM-VINDO À GRÉCIA
A morte não acidental de um imigrante
Na terça-feira, 22 de Julho, Ahmad Mohamed Farogh do Paquistão, um detido no campo de detenção de Amygdaleza, que sofria de doença no coração, pediu repetidamente aos guardas atenção médica. Deram-lhe medicamentos desajustados e uma ambulância foi chamada; a ambulância não veio e um veículo da polícia foi usado para levar o homem para o hospital. Ele morreu no caminho.
E.H. do Afeganistão tentou escapar do campo de detenção de Amygdaleza e conseguiu; os guardas deram por isso, avistaram-no e apanharam-no. Espancaram-no brutalmente no momento em que o capturaram e novamente no campo, na frente dos outros detidos. Permaneceu a sangrar durante horas, em Amygdaleza. Foi então transferido para o hospital e, eventualmente para outro campo de detenção, com fracturas nos braços e pernas. Na mesma noite, outro emigrante tentou fugir, não conseguiu, e desde então o seu destino é desconhecido.
Nos campos de concentração contemporâneos, os imigrantes estão prisioneiros duma guerra que ocorre diariamente e da bófia para decidir sobre a sua vida e morte; mortes que quase nunca são divulgadas ou são apresentadas de tal forma que parece natural e óbvia. Tão óbvia como parece ser a punição daqueles que tentam escapar, dos que desafiam a violência quotidiana que experimentam, dos que questionam a detenção que lhes é imposta. E além de óbvia deve ser exemplar e dura.
Todas essas coisas estão a acontecer, não só na obscuridade dos campos de detenção. Elas estão a acontecer em plena luz do dia, nas ruas da metrópole. Lá, onde pogroms estatais são feitos diariamente, levando dezenas de imigrantes aos “paraísos da hospitalidade grega” – ou seja, ao campo de detenção Amygdaleza ou às Direcções de Alienígenas de Attica (rua P. Ralli) – para uma detenção incondicional e indefinida.
“Grécia é um país verdadeiramente hospitaleiro”
Vassilis Kikilias, no novo centro de detenção, em Moria, ilha de Lesbos.
No meio de uma temporada turística bem sucedida, o ministro da ordem pública, Vassilis Kikilias, disse que o governo grego está a fazer “um trabalho humanitário, apoiado por cientistas, médicos e psicólogos” em Moria. Pergunta-se se Ahmad Farogh – como qualquer outro imigrante detido – deveria ter sido transferido para Moria, para experimentar lá, de forma científica, a política de extermínio dos modernos campos de concentração [lager].
Assembleia No Lager, Atenas, 29 Julho de 2014
Contra os centros de detenção para imigrantes
Força e solidariedade com as lutas diárias dos imigrantes detidos