Este texto foi escrito por Alfredo durante a sua recente greve de fome, começada a 3 de Outubro e terminada a 25 de Outubro, altura em que as autoridades da prisão o libertaram do isolamento.
Valentina, Danilo, Anna, Marco, Sandro, Daniele, Nicola – amigos, irmãos, irmãs, companheirxs que foram detidxs e de novo detidxs.
Deveria narrar a mesma velha história sobre outra fabricação. Em vez disso, desejo falar sobre o motivo pelo qual elxs foram detidxs. Os irmãos e irmãs foram presxs porque atacaram, estavam cansadxs de esperar, ignoraram-se as decisões da maioria e tomaram-se medidas.
Permaneço otimista e animado porque a lógica de ‘1 + 1 = 2′ diz-me que xs companheirxs que atacaram ainda estão livres, são capazes até de atacar novamente.
O poder não reprime aleatoriamente. Hoje quer isolar e aniquilar parte do movimento anarquista, que tão “pequeno” quanto possa ser foi capaz de quebrar as correntes que o amarravam à velha “Anarquia social”.
Um anarquismo social que de uma maneira suicida e compulsiva procura “consenso a todo custo”. Diluindo continuamente as suas aspirações.
Esta visão que “nunca vai além’ é muito conveniente para o poder que, pelo contrário, teme aqueles anarquistas que recusam que o ‘consenso’ amarre as suas mãos, porque acreditam que só fora da ação (não feita de teorias abstractas ou buscando – perseguindo ‘pessoas’) pode nascer a estratégia, o caminho a seguir.
Não quero comentar as “acusações” e as chamadas “evidências”. A única coisa que eu diria é que os irmãos e irmãs da FAI-FRI sempre reivindicaram com as cabeças erguidas, na frente dos porcos da toga preta, os seus próprios méritos, suas próprias ações, assumindo plena responsabilidade, cuspindo nas faces dos porcos , como o mantivemos em Génova.
A minha prioridade principal não é sair da prisão a todo custo, mas sair com a cabeça erguida sem ter renegado nada do que eu era e do que sou.
Eu sairei de forma boa ou de forma ruim, tudo dependerá da minha força, das minhas capacidades, da força de meus irmãos e irmãs lá fora, mas certamente sairei com a cabeça erguida.
A minha cumplicidade ideal vai para os irmãos da “Cooperativa Artigiana Fuoco ed Affini” – FAI; os irmãos e irmãs da FAI-RAT (Rivolta Anonima Tremenda); os irmãos e irmãs da Narodnaja Volja – FAI, quem quer que sejam, onde quer que estejam.
A minha cumplicidade ideal vai para o anarquismo da práxis, o qual em novas formas está ressurgindo em boa parte do mundo, depois de uma longa hibernação.
Avante sem medo.
O futuro é nosso.
Pensamento e dinamite
Alfredo Cospito
em inglês via insurrectionnews