Rede tradutora de contrainformação

Chile: Compilado de textos do companheiro preso Marcelo Villarroel Sepúlveda


•   Palavras iniciais

“Não sou cidadão, não creio na democracia, não acredito no Estado, não creio em nenhuma das regulações impostas para se poder viver livres”.
– Palavras do compa, no final do julgamento pelo “caso security”. Junho de 2014.

Esta nova edição, tem o objectivo de multiplicar algumas palavras de resistência  – emitidas a partir da prisão de alta segurança neste território – do libertário Marcelo Villarroel Sepúlveda.

O compa Marcelo é um preso subversivo – atualmente a cumprir uma condenação de catorze anos pela expropriação de dois bancos, numa das quais foi abatido um polícia. Este caso mediático foi nomeado “caso security”. Além disso, cumpre uma condenação anterior, à volta de quarenta anos, por várias ações guerrilheiras – quando no passado combateu a ditadura militar e posterior transição à democracia, formando parte do então grupo armado Mapu-Láutaro.

Sem dúvida que a história de guerra do companheiro é digna de ser resgatada – já que aqui se manifesta uma clara experiência na base de valores, ideias e práticas contra esta sociedade indolente e a autoridade em todas as suas expressões, o poder político, o capitalismo, o Estado no seu conjunto. Sendo o amor, a solidariedade, o apoio mútuo e a ação direta, entre outros, os cimentos primordiais de uma práxis subversiva autónoma e libertária que resiste e continua, contra ventos e marés.

Para finalizar, desafiamos todas as mentes conscientes a tomar uma posição protagonista na solidariedade com xs companheirxs na prisão. Retro-alimentamos-nos entre afins, difundamos os seus textos, conheçamos as suas experiências de vida, recordações de combate, acertos e erros – já que estes são uma contribuição mais no conflito e luta contra tudo o que cheire a capital, poder e autoridade.

Ps: Esta 1ª publicação é a continuidade do antigo projecto editorial do Colectivo Luta Revolucionária (finalizado em Dezembro de 2016); hoje voltamos a sacar novos exemplares através da Feira Anarquista Lambros Foundas.

Xs editores.
Maio, Santiago 2017.

•   Breve cronologia

14 de Abril de 1973: Nasce o compa, em Santiago do Chile.

Novembro de 1987: É detido aos 14 anos, a seguir a uma propaganda armada do Mapu-Láutaro num liceu. Foi libertado 1 semana depois e esteve com liberdade vigiada até Outubro de 1989, momento em que voltou à prisão, por ações subversivas. Esteve 9 meses recolhido, sendo nessa altura o preso com menor idade do continente, segundo informações do Comité Internacional da Cruz Vermelha.

13 de Outubro de 1992: É detido quando tinha 19 anos, num operativo da inteligência policial realizado em Lo Prado – o compa opôs-se via confronto armado junto a dois compas mais, um deles faleceu algum tempo depois. Marcelo recebeu 3 balas e foi transferido, ferido, à Brigada de Homicídios de Investigações, onde foi torturado com electricidade e sofrendo vários golpes durante 15 dias.

Dezembro de 2003: O compa acede a benefícios intra-penitenciários, saindo da prisão. A condenação era até ao ano 2043 – acusado de ataque à embaixada de Espanha – por associação ilícita, expropriações, repartições de alimento em povoados, confronto armado com a escolta do intendente Luis Pareto e ataques armados a furgões policiais, em Cerro Navia e Conchalí.

18 de Outubro de 2007: É expropriado o Banco Security em Santiago Centro, durante a retirada os assaltantes abatem o polícia Luís Moyano. Depois destes factos, a imprensa e a polícia apontam-no como um dos assaltantes; o compa decide passar à clandestinidade. Desta maneira quebra o benefício intra-penitenciário.

15 de Março de 2008: O compa é detido, em San Martín de Los Andes, Argentina. Sendo acusado de porte de armas de guerra foi condenado a 3 anos e 6 meses de prisão. Quando já tinha cumprido metade da pena, é expulso a 16 de Dezembro de 2009  e é levado para a Prisão de Alta Segurança, em Santiago do Chile.

Julho de 2014: Após 4 anos de prisão preventiva, em diversos sectores da Prisão de Alta Segurança, após um longo julgamento, Marcelo é por fim condenado a 14 anos de prisão, pela expropriação de 2 bancos e para além disso deverá cumprir a condenação anterior, até ao ano 2043, pelas diversas acções, descritas anteriormente.

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