[Concentração contra a Repressão no Estado Espanhol realizada a 13 de Março de 2018, Lisboa]
No dia 13 de Março concentraram-se junto à Embaixada de Espanha, em Lisboa, cerca de 3 dezenas de pessoas em protesto contra a repressão que se tem feito sentir no Estado Espanhol e em solidariedade com todas as pessoas presas e perseguidas por exercerem o seu direito à liberdade de expressão. A faixa afixada de frente para a Embaixada ostentava a frase “Contra a vossa repressão, contra a vossa democracia, somos ingovernáveis”. Um megafone fez soar música combativa e palavras de ordem anti-autoritárias, e distribuíram-se flyers informativos com o texto que se segue:
Contra a repressão, solidariedade e insurreição!
Nas últimas semanas o Estado Espanhol voltou a evidenciar o seu carácter fundamentalmente repressor e fascista, tendo diversos músicos sido condenados a penas de prisão e multas, por insultos à monarquia e exaltação do terrorismo, outras pessoas acusadas e sentenciadas porfrases escritas em algumas redes sociais e a censura de uma exposição sobre presxs políticxs na maior feira de arte de Madrid.
Desde a aprovação da Ley Mordaza em 2013, o Estado Espanhol tem vivido um estado de excepção não-declarado, onde a mera expressão de opinião crítica ao regime tem como consequência graves penas, tendo assim o intuito de estender um clima de medo numa sociedade onde os movimentos sociais e a organização de base têm experimentado uma forte adesão nos últimos anos. Foi até criada uma rede por parte da Polícia Nacional Espanhola chamada “Stop Radicalismos”, renovada recentemente, que incentiva a denúncia aleatória de qualquer pessoa por motivos ideológicos ao melhor estilo de um regime totalitário.
Desde a instauração da democracia este estado de excepção era já uma situação quotidiana em regiões como o País Basco onde, devido ao contexto de conflito histórico, a transição democrática nunca escondeu a continuação de um projeto de Estado centralizado, imperialista e fortemente repressivo.
Esta tendência de aumento e normalização da repressão não é exclusiva ao Estado Espanhol, sendo que em França o estado de emergência justificado pelos atentados de 2015 tornou-se permanente com a nova lei antiterrorista do governo de Macron.
A perseguição que habitualmente era aplicada a grupos minoritários de dissidência política, tais como anarquistas, independentistas, ou qualquer outro tipo de militante ou ativista social, generaliza-se como algo quotidiano que afeta todos e todas e aqueles e aquelas que se atrevem a tornar público um pensamento que põe em causa as bases do sistema capitalista, denuncia as suas estruturas opressivas e se arrisca a propôr novas formas de organização social.
Estas situações demonstram que esta democracia (que enche a boca a tantos defensores da liberdade de expressão) e ditadura são as duas face de uma mesma moeda, que se alternam de maneira a perpetuar um sistema de domínio, o capitalismo, cujo único objectivo é a reprodução de si mesmo.
Contra toda a vossa polícia, os vossos juízes, os vossos media, seremos sempre ingovernáveis!