«Quem fala de guerra, deve ter um plano…»
A autoridade mais insidiosa é a que mantém a promessa de globalidade. É por isso que passamos de uma monarquia para uma democracia e não para a liberdade. A palavra “segurança” é a mais apreciada pela democracia. Quanto mais ouvimos falar sobre “segurança” mais as nossas vidas e a nossa liberdade recuam. Mas, sobretudo, o poder e a democracia contemporâneos empurraram a sociedade para compromissos e para se submeter quase voluntariamente. A democracia agita-se como uma fábrica transparente que produz relações sociais. Os indivíduos submetem-se à ideologia governamental, às normas sociais e aos comportamentos disciplinados, considerando que o que vivemos hoje (a tirania económica, a chantagem da escravidão assalariada, na ditadura do espectáculo, a segurança tecnológica) é uma inevitável e natural ordem do mundo.
Portanto, mesmo na presença de uma autoridade omnipresente, chefes, funcionários, gerentes e proprietários sempre existirão. Hoje, a visibilidade de quem está no poder é particularmente clara. Políticos, líderes empresariais, proprietários, armadores, editores, jornalistas, juízes e a bófia são as pessoas no poder. O projeto Nemesis visa atacar essas pessoas. Esta é a nossa oportunidade de jogar para que o medo mude de campo. Em vez de se atacar os símbolos impessoais da justiça, acreditamos que é muito importante traduzir os nossos ataques no ambiente pessoal dos nossos inimigos: casas, escritórios, locais de socialização e veículos. Sabemos que para o poder, “ninguém é insubstituível”, mas também sabemos que um golpe em particular a um deles seria o medo instilado em cem outros. Criamos um legado de medo para as pessoas de sua espécie assim como para as susceptíveis de as substituir. Este é o contrapeso mínimo que podemos trazer o equilíbrio do terror em que o inimigo tem todo o controlo. Equilibrando o terror causado pelos assassinatos de trabalhadores pelos seus patrões, os disparos acidentais pela bófia, os milhares de anos de prisão proferidas pelos juízes, as mentiras de jornalistas, as leis e ordens de políticos. Em todos estes casos, o inimigo tem um nome e um endereço.
Ao atacá-los mostra-se que as pessoas como autoridade podem ser vencidas – ao mesmo tempo que, em vez de confinar a insurreição anarquista a conflitos ocasionais com a bófia – podemos fazer da revolução uma componente permanente das nossas vidas. Descobrindo aqueles que se escondem atrás de ordens e decisões que governam nossas vidas, estudando os seus movimentos e rotas e organizando as nossas próprias células ofensivas que responderão aos desafios da autoridade. Não antecipamos um curto-circuito social que conduzirá a mobilizações de massas, mas tornamos-nos os aceleradores da história através de nossas ações, criando o dicotomia ” com a autoridade ou com a liberdade”. Criamos espaços e eras onde a história é escrita pela nossa própria mão e não percorrendo-a passivamente. O guerrilheiro urbano anarquista é uma forma de olhar a vida directamente nos olhos, de modo a que se forme um autêntico “nós” coletivo. É a construção de um processo anarquista de libertação com coragem, coerência e determinação. As nossas ações não são avaliadas apenas em função dos golpes infligidos ao inimigo, mas também em relação à possibilidade de mudar as nossas próprias vidas.
O projeto Nemesis é uma proposta internacional de se criar uma lista com os nomes de pessoas do poder com o objetivo de as atacar lá, onde se sintam em segurança, nos bastidores … nas suas próprias casas. A explosão da bomba em Atenas, na casa da procuradora distrital do M.P. Georgia Tsatani, foi o primeiro ataque, o primeiro ato do projeto Nemesis. Compartilhamos este projecto com todas as células do FAI-FRI e todos os anarquistas de ação, por todo o mundo, querendo iniciar um diálogo sobre a difusão da luta anarquista. E nós sabemos que o melhor diálogo para a avaliação de uma acção não pode ser outra coisa senão uma nova ação…
Através do projeto Nemesis saudamos todos xs nossxs companheirxs cativxs nas celas da democracia em todo o mundo e que não estão mais ao nosso lado. É especialmente dedicado aos membros do CCF Olga Economidou, George Polydoros, Gerasimos Tsakalos, Christos Tsakalos, à nossa companheira anarquista Angeliki Spyropoulou e aos companheiros italianos da FAI, Alfredo Cospito e Nicola Gai.
A todxs aquelxs que não enterraram o machado de guerra…
Conspiração de Células de Fogo / FAI-FRI
Voltaremos em breve.
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