5/12/17 – Uma nova abordagem da situação para xs indivíduxs em permanente conflito com o poder e compas solidários de qualquer lugar do mundo. Passados que são já mais de 3 anos do nosso encarceramento e mais de 8 meses em julgamento oral pelo denominado “caso bombas 2”.
O tempo decorrido na prisão faz ressaltar a toda a hora o significado da vida que escolhemos conscientemente – desde que sentimos a necessidade de enfrentar essa realidade de extermínio e devastação com as suas relações de poder e submissão, para assim realmente viver- e agora aproximamos-nos inevitavelmente de algum final…
Estamos presxs há mais de 3 anos por assumirmos posição contra o sistema de dominação, sem remorso por isso. Já que não podíamos negar-nos a nós próprios, menos ainda o que significa esta luta contra o poder, na qual muitxs compas nos foram arrebatadxs, sendo para nós uma necessidade mantê-lxs presentes, dos pensamentos aos atos, para continuarmos assim a sermos cúmplices, destruindo as fronteiras do tempo e do espaço.
Há mais de oito meses que se está a realizar um julgamento contra nós mas do qual claramente não nos sentimos parte, pois desde muito tempo que sabemos ser os únicos proprietários das nossas existências,
não importando onde estivéssemos. Convocadxs diariamente a este lugar significa sentir ainda mais o confinamento físico, ao estarmos algemadxs, em jaulas pequenas e com intrusões forçadas diárias. Apesar disso, conseguimos estar todo este tempo próximxs, como nunca pudemos estar nos mais de dois anos de prisão.
Contamos-lhes que nos encontramos próximo do fim deste julgamento, a 1 ou 2 semanas, aproximadamente Esperamos que termine de uma vez, já que a extensão do processo se deve ao apetite da acusação para apresentar a sua “prova” até ao cansaço… (7 meses de exposição), sabemos que este caso é bastante fantasioso em relação ao Real.
Do visto e ouvido aqui, acusam-nos finalmente, de:
1- Ataque explosivo a 08/09/2014 no subcentro escola militar (acusado: Juan). Ataque do qual se deu aviso à polícia (número 133), segundo eles com somente 3 minutos de antecedência à detonação. Informação da qual não duvidamos que exista manipulação – pois devido ao que atrás foi exposto, após o aviso não se adoptou nenhum procedimento policial, nem sequer se informou deste aviso. Facto com consequências já conhecidas de existência de feridos.
2- Ataque explosivo a 13/07/2014, na estação terminal de metro los dominicos, deflagrando o dispositivo mais de 10 minutos depois de ter sido encontrado sobre um assento do trem subterrâneo, por um empregado de metro. (acusadxs: Natal y Juan)
Estas duas ações foram reivindicadas pelxs compas da conspiração das células de fogo.
3- Atentado explosivo a 11/08/2014, dispositivo posto por baixo do carro particular de um polícia, isto num estacionamento contíguo à 1ª esquadra de stgo central (acusadxs: Nataly e Enrique, por “facilitar” o dispositivo a Juan, a quem se acusa de colocador). Ao princípio também se acusou Juan pela colocação de um dispositivo explosivo, na 39ª esquadra do Bosque. No mesmo dia, a 11/08/2014, num horário que só diferia em 10 minutos, aproximadamente, da explosão na 1ªesquadra, em lugares separados por uma distância exageradamente maior no tempo… situação que insultava a lógica e só se tornava possível na imaginação da acusação, pelo foi retirada esta acusação – sendo no entanto utilizada como um tipo de prova em todo o julgamento.
Ambas as ações foram reivindicadas pela conspiração internacional pela vingança.
4- Nataly e Juan são acusadxs de colocação de pólvora negra.
A acusação (e não só eles), pretendem não só condenar-nos mas também condenar estes factos sob a lei antiterrorista e, como consequência, ao sepulcro que são os seus cárceres, solicitando prisão perpétua a Juan, 20 anos e 1 dia a Nataly e 10 anos e 1 dia a Enrique.
Este processo só procura – pela sua natureza repressiva, policial, mediática, judicial e de prisão – ser um golpe e uma demonstração mais de força contra xs indivíduos que negam o seu poder. Este é um “processo” que – desde o nosso encarceramento a 18/09/2014- contou já com mais de 2000 polícias para nos deter, no meio de um festim mediático. Polícías de diversas instituições tais como GOPE, LABOCAR, DIPOLCAR, PDI, entre outrxs, muitas das quais participaram neste julgamento na qualidade de testemunhas ou peritos, con informações de sitios do sucesso (por GOPE), levantamento de evidências (por LABOCAR e DIPOLCAR) e a inteligência de Carabineros, a cargo deste caso. Com perícias tais como o ADN pretendem vincular-nos a estes factos, ADN de misturas complexas, ao limite de detenção e outras complicações técnicas que não entregam nem têm nenhuma certeza científica, é só uma interpretação tendenciosa, parcial até à manipulação da prova por parte dos polícias de LABOCAR, como podemos apreciar neste julgamento. Para além da forma subjetiva, procuram ainda justificar uma relação com os factos através do nosso posicionamento. Factos dos quais temos sustentado não ser autorxs, mas que é um elemento extraordinariamente para o Ministério Público, devido à sua vaga acusação.
Hoje temos a necessidade de não ceder frente aos golpes dos nossos inimigos e responder a cada compa solidário e de ação que tenha estado connosco neste confinamento – compas dos mais diversos lugares do globo: Argentina, Brasil, Grécia, só para mencionar alguns. As suas diversas formas de desenrascar e propagar o conflito são fundamentais para aquelxs de nós que vivem a realidade prisional, e hoje queremos abraçá-lxs uma vez mais. Temos ainda bem claro que nada do que eles pretendam determinar, será suficiente para acabar com os nossos desejos de liberdade. A liberdade dxs compas presxs, e a mesma necessidade da destruição das prisões são parte das nossas abordagens e objetivos, pelo que o sentir nas mãos e chocar com estes muros só podem reforçar esta necessidade…
Hoje queremos saudar fraternalmente o Byron Robledo, compa atropelado por um miserável condutor dum transantiago em defesa da propriedade dos ricos. Quebrar a passividade e solidarizarem-se com Byron!!! Um abraço à distância ao companheiro Konstantinos Yajtzoglou, sequestrado em Atenas, acusado de atentar contra o primeiro ministro e empregado do FMI Loucas Papadimos. Solidariedade insurrecta com xs companheirxs da CCF e um abraço cúmplice a Freddy Fuentevilla, Marcelo Villarroel e Juan Aliste, sempre atentos e dispostos a se solidarizarem.
Recebemos com alegria a notícia da libertação de Hans Niemeyer e de Javier Pino, tal como a saída da prisão dos 8 comuneiros mapuches – presos na denominada operação Huracán – assim como a dos comuneiros absolvidos pelo caso Luchsinger Mckay.
Dos muros da prisão de San Miguel, Nataly Casanova;
Do CDP stgoSur (Ex-Penitenciária) Juan Flores.
21/12/17 – VEREDICTO DO CASO BOMBAS 2
Juan Flores, primeiro companheiro condenado pela lei antiterrorista; Nataly e Enrique absolvidxs.
*Metro los dominicos*
Delito principal qualificado como danos + lei de controlo de armas: Juan condenado, absolvidxs Nataly e Enrique.
*1ª Esquadra*
Delito principal qualificado como danos + lei de controlo de armas: Juan, Enrique e Nataly absolvidxs.
*Sub Centro*
Delito principal qualificado como atentado terrorista: Juan condenado
*Pertença de pólvora*
Delito de controlo de armas: Juan e Nataly absolvidxs.
Assim:
Nataly e Enrique: Absolvidxs de todas as acusações.
Juan Flores: Culpado de porte e detonação de dispositivo explosivo + Danos + 6 lesões menos graves (Metro los Dominicos) e de colocación de dispositivo terrorista + dano moral (Subcentro).
Pela primeira vez o tribunal utiliza a lei antiterrorista para condenar (nesta última década), após uma série de rejeições em anteriores processos (Caso Bombas, causa contra Victor Montoya, contra o companheiro Luciano Pitronello, contra o companheiro Hans Niemeyer, entre outrxs) às pretensões da acusação – este veredito é clave e histórico nesse aspecto, validando o uso da lei antiterrorista.
A leitura final será a 15 de Março de 2018, onde se entregarão os detalhes do veredicto, além da quantidade de anos de prisão a que vão condenar o companheiro Juan Flores. Xs companheirxs Enrique Guzman e Nataly Casanova já abandonaram a seção de máxima segurança e a prisão de san miguel, respetivamente.
Tanto a acusação como a defesa poderão ainda procurar a anulação do processo.
Toda a solidariedade insurrecta com o companheiro Juan Flores!
Abaixo a lei antiterrorista; Abaixo o Estado policial!
via publicacionrefractario em espanhol