A história repete-se: miséria e traição na Grécia
Que alguns acontecimentos históricos se repetem ao longo dos tempos é um fato conhecido. E na história do Movimento Obreiro e das lutas sociais, a constante traição dos seus burocratas e daqueles elementos que queriam dirigir as “massas” como se fossem ovelhas é uma constante nos dois séculos de existência do socialismo.
Desta vez, o desempenho das forças contra-revolucionárias fez eco na Grécia. Como de costume, o trabalho de “bombeiro” veio de um partido político, autodenominado “comunista”, o KKE e do sindicato burocrata PAME. Nos últimas jornadas de greve geral na Grécia, nos dias 18 e 19, ocorreram grandes confrontos entre os trabalhadores e as forças repressivas do Estado. Os companheiros anarquistas gregos desempenharam um importante papel nestas jornadas de luta, como vem sendo habitual nos últimos anos. A repressão foi tal que na Praça Syntagma um membro do sindicato PAME morreu devido à inalação dos gases.
Até aqui tudo se desenrolou como vem sendo habitual, as forças repressivas atuaram como o que são, repressivas. Mas, atónitos ficámos, ao observar os diferentes depoimentos tanto escritos como visuais, a ver os elementos do KKE e PAME e de outras seitas estalinistas atuar como cúmplices das forças de segurança, atacando, agredindo e formando cordões de segurança junto com a polícia anti-motim. Mais tarde atacaram através de comunicados, acusando os anarquistas de serem os culpados da morte do militante do PAME. Para aqueles que queiram saber mais sobre o desenvolvimento destes acontecimentos recordamos diversos artigos aparecidos em diversos meios de contrainformação.
A verborreia típica, lançada pelos elementos marxistóides e reformistas contra aqueles que decidiram fazer algo mais do que “passear-se” pelas ruas gregas, também é suficientemente conhecida. “Esquerdistas”, “infatilismo anarquista” … toda uma série de frases que não são mais do que outra força de ataque contra o povo trabalhador grego e o movimento libertário por parte do Capital, utilizando as suas marionetas camufladas de “comunistas” ou “cidadãs”.
E eis que a divisão é muito clara. Uns, lutam coerentemente com os seus meios e fins, procurando eliminar o tempo que falta para banir todos os vestígios da influência nociva dos valores da sociedade capitalista, como sejam a delegação ou o autoritarismo. Outros, decidiram estabelecer hierarquias nas suas organizações, criar figuras dirigentes às quais se deve obediência ou delegar a resolução dos problemas nos outros, com a consequente criação de figuras “profissionais” na luta, levando inevitavelmente à desmobilização dos trabalhadores. Para aqueles, qualquer acção de luta não é mais do que um meio de propaganda para obter ganhos eleitorais, para nós é uma ação que visa enfrentar o sistema e fortalecer-nos.
Enquanto que nós consideramos o Estado como a principal estrutura de dominação pela classe dominante, pertença à burguesia ou aos “líderes partidários”, eles querem usar a força total do aparelho repressivo do Estado para esmagar qualquer tipo de revolução que lhes escape das mãos. É aqui que residem as nossas principais diferenças.
Igualmente patéticos nos parecem os comunicados de diversos grupúsculos comunistas do amplo panorama internacional e concretamente no estado espanhol, de alguns partidos ou organizações de juventude que se auto-denominam como revolucionários. E é bem conhecido por nós, também, o papel das forças contra-revolucionárias na nossa história, intimamente ligado ao PCE (incluindo as diferentes traições na guerra civil ou na ” Transição”). Na Grécia podemos encontrar a analogia com a traição histórica na terra ibérica, através do “Partido Comunista Grego”, que abandonou os guerrilheiros que lutavam contra o regime para negociar às escondidas a sua legalização (para mais informações aqui).
Todos estes grupos demonstraram ser outro braço do sistema. Na Grécia, em particula, são os encarregados de tentar “apagar” o cada vez mais forte descontentamento social e a radicalidade com que se está a dar a luta.
Daqui, da Federação Ibérica de Juventudes Anarquistas de Madrid, queremos manifestar o nosso apoio aos companheiros anarquistas gregos e a toda a classe trabalhadora grega. De igual maneira, queremos pôr a nú o papel cúmplice com o Estado e o Capital que tanto o KKE como as suas juventudes e restantes sindicatos burocratas estão a desempenhar. Para os enfrentar, os anarquistas terão que responder organizadamente, sendo agora mais vital que nunca o fortalecimento das Organizações Libertárias, para dar uma resposta contundente, sempre desde a base, aos distintos ataques do Estado e ao Capital, venham de onde vierem. De igual maneira achamos vital expandir a ideología anarquista e as suas principais ideias força, como o federalismo, a autogestão, o anti-autoritarismo, a ação direta ou o apoio-mútuo ao conjunto da sociedade. Somente através da organização poderemos dar uma resposta de acordo com as necessidades actuais. De nós dependerá que a história deixe de repetir-se. Mãos à obra.
SOLIDARIEDADE COM OS ANARQUISTAS GREGOS!
ABAIXO O ESTADO E SEUS DEFENSORES!
PELA ANARQUIA!
JUVENTUDES ANARQUISTAS DE MADRID
fija.madrid@gmail.com