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Atenas, processo da οrganização Luta Revolucionária: Declaração escrita de Κostas Gournas, 24-10/2011

Em Abril de 2010, numa carta escrita em conjunto com os meus companheiros Pola Roupa e Nikos Maziotis, assumimos a responsabilidade política da nossa participação na Luta Revolucionária.

Sentimo-nos orgulhosos da nossa organização assim como do nosso companheiro de luta Lambros Foundas que foi assassinado pela polícia no conflito armado em Dafni.

Hoje, encontro-me diante de vós, neste tribunal especial, enfrentando penas de vários anos de prisão. O Estado, ao longo de todo este tempo, sistematicamente exerceu contra mim todos os esforços para reduzir a minha vontade de lutar. Tortura e espancamento na GADA [a sede da polícia de Atenas], o meu encarceramento longe do local onde vivem os meus filhos, o envio a julgamento da minha esposa Maria Mperacha que também aqui se encontra, acusada comigo. Apesar de tudo isso, têm-me aqui perante vós e eu declaro-me orgulhoso da minha luta, dos meus companheiros, e da história da Luta Revolucionária.

A minha presença aqui não visa aligeirar a minha situação, já que não aceito qualquer acusação contra mim por parte do regime burguês. Não sou eu o criminoso ou o terrorista e não considero que as ações da organização tivessem sido, de alguma maneira, prejudiciais para a sociedade. As ações e as intervenções da organização foram profundamente políticas e benéficas para a sociedade, no sentido de estavam exclusivamente voltadas contra o regime, os seus funcionários e os seus lacaios. Essas ações estavam direcionadas contra as estruturas e os personagens do sistema capitalista que oprimem e tiranizam os socialmente fragilizados.

Por isso não somos nós que devemos ser julgados aqui como um perigo para a sociedade. Perigosos para a sociedade são todos aqueles que governam e que roubam o povo durante anos. Aqueles que servem lealmente os planos da Troika e do capital supranacional, a fim de fazer sangrar o povo grego e reduzi-lo à miséria. Aqueles que impõem medidas económicas insuportáveis a fim de salvar o sistema financeiro credor e os seus lucros duplicados. Aqueles que protegem todos os que roubaram os rendimentos e o trabalho das pessoas e que nunca julgaram ninguém. Aqueles que enviam os seus assassinos para eliminar qualquer reação social.

Nós, os combatentes da Luta Revolucionária, agimos no passado e continuamos a agir para o derrube do capitalismo e do Estado, por um mundo livre no qual a igualdade entre os seres humanos seja total, ao nível económico, social e político. A organização nasceu no seio dos estratos proletários e sempre lutou pelos seus interesses. Cada uma dessas ações, cada um dos seus manifestos, foi um raio de sol para a sociedade, um grito de alívio para os oprimidos, uma esperança de que este regime injusto possa ser derrubado. São os oprimidos, os desprotegidos, os proletários, os desempregados, os nossos aliados de classe os que nos devem julgar e não vós… nas ruas, nas praças, nas assembleias… lá, onde já todos vós foram condenados.

Gostaria de esclarecer que o tribunal especial, como qualquer outro tribunal do regime burguês, não pode julgar as organizações revolucionárias da luta armada. E isso pela simples razão de que os interesses que vós servis e a classe a que pertenceis se encontram, à partida, em oposição conosco.

Este tribunal é um tribunal de classe e julga segundo o “direito” dos poderosos contra o direito revolucionário, o direito de um punhado de combatentes que lutam pela libertação social. A ação da Luta Revolucionária não pode ser julgada por vós, pela simples razão de que esta ação se volta contra vós, contra o sistema capitalista e a justiça de classe que vós servis fielmente.

Somos duas forças em guerra. Vocês, couraçados num espaço especialmente construído dentro de prisões* por detrás de legislação especial, o que pretendem, antes de nos condenar, é denegrir-nos e despolitizar a nossa ação. A nossa presença aqui visa reenviar as acusações, que pesam sobre nós, contra vocês mesmos, contra o sistema de que sois os servidores, e para mostrar que são as vossas ações que são criminosas e perigosas para a sociedade. A batalha política que terá lugar neste tribunal dá-nos a oportunidade de mostrar a justeza da nossa luta. Nesta batalha não estamos sós. Do nosso lado temos uma grande parte da sociedade que já não acredita no sistema político – económico e que exige vigorosamente que todos os seus especialistas deixem o país. Tornou-se legítima a nossa escolha…

A luta armada contra o regime é hoje mais atual e mais imperativa do que nunca. Isto porque para nós, os proletários, para superar a crise, não há outra forma que não seja a da revolução. Na guerra de classe que terá lugar num futuro próximo, tanto no interior como no exterior desta sala, e na rua, seremos nós os vencedores.

Κostas Gournas

fonte

* NDT: O processo da οrganização Luta Revolucionária está a desenrolar-se num “tribunal” especial, no interior das prisões de Koridallos.