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França: Comunicado do GADI – Chamada para as contra-manifestações antifa a 5.4.2014

Em Paris, no passado dia 26 de Janeiro, os fascistas organizadores da manifestação “dia de cólera” reuniram aí muitos dos seus militantes.

Eles desfilaram com slogans claramente antisemitas e saudações nazis. Grupos neonazis (caso das juventudes petainistas) estavam ao lado de responsáveis políticos da Frente Nacional bem como de numerosos representantes de movimentos claramente fascistas: monárquicos, extremistas religiosos, negacionistas [desmentem o holocausto pelos nazis], antisemitas, homofóbicos…

Quase todos os ativistas antifa foram apanhados de surpresa por esse evento, visto os organizadores não terem revelado, antes do dia D, os seus verdadeiros rostos.

Estes mesmos fascistas renovam agora a sua chamada, organizando manifestações para 5 de Abril próximo, em todas as grandes cidades de França.

Perante isto, chamamos claramente para se organizarem contra-protestos, no mesmo dia, a fim de bloquear o fascismo.

Os grupos fascistas estão armados, organizados e são extremamente violentos – já provaram isso em inúmeras ocasiões – o exemplo recente mais conhecido, em França, é o assassinato do companheiro Clément Méric, que infelizmente não foi a única vítima.

Em relação aos últimos anos, eis a lista dos companheiros antifa assassinados:

Silvio Meier: Novembro de 1992, Alemanha

Lin Newborn / Daniel Shersty: Julho 1998, EUA

Carlo Giuliani: Julho de 2001, Itália

Davide Cesare: Março de 2003, Itália

Nikolai Girenko: Junho de 2004, Rússia

Timur Kacharava: Novembro de 2005, Rússia

Alexander Ryukhin: Abril de 2006, Rússia

Ian Kucira: Janeiro de 2007, Polónia

Ilya Bondarenko: Julho de 2007, Rússia

Carlos Palomino: Novembro de 2007, Espanha

Jan Kucera: Janeiro de 2008, República Checa

Aleksey Krylov: Março de 2008, Rússia

Fyodor Filatov: Outubro de 2008, Rússia

Ivan Khutorskoi: Novembro 2009, Rússia

Ilya Dzhaparidze: Junho de 2009, Rússia

Kostja Lunkin: Maio de 2010, Rússia

Clément Méric: Junho de 2013, França

Pavlos Fyssas: Setembro de 2013, Grécia

Além disso, os grupos fascistas têm ligações com a polícia e os serviços militares e apoio evidente a partir deles. Na maioria dos casos, quando algumas prisões ocorrem, estas não são mais do que uma cena de teatro para diversão das pessoas bem intencionadas, através dos meios de comunicação de massa. A realidade é bem diferente: enquanto os nossos companheiros anarquistas são submetidos a extrema repressão nas mãos dos Estados capitalistas, os fascistas são rapidamente libertados sem preocupações. Por exemplo, o neonazi Martial Roudier, presidente do CEPE (comité de apoio para Esteban Morillo, assassino de Clément Méric), foi condenado a 4 anos de prisão por esfaquear o companheiro Thomas, na cidade de Nîmes, em 2008. Será que são estes os mesmos padrões que ameaçam aplicar aos companheiros Mónica e Francisco?

Escusado será dizer que o fascismo é uma extensão degenerativa do capitalismo, que está sempre inclinado a proteger os seus melhores amigos.

Esta degeneração fascista na França, assim como em toda a Europa, começou há muito tempo. Em França, enquanto a direita liberal da União por um Movimento Popular (UMP) manifesta claramente opiniões extremistas de direita e forja alianças, mais ou menos encobertas, com o partido de extrema-direita Frente Nacional, a esquerda liberal do Partido Socialista (PS) no poder, que já não tem nada de socialista, combate a Frente Nacional com palavras por si só, na medida em que os incentiva, com lamentáveis ações para fins eleitorais.

Sob estas condições, e por todas estas razões, afirmamos que uma luta pacifista contra grupos fascistas não só seria fadada ao fracasso, como também seria completamente improdutiva , pois é politicamente recuperável pelos partidos no poder.

Acrescentemos a isso que Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional, pediu ao ministro do interior francês, Manuel Valls, para dissolver os grupos antifascistas. Isso reforça a nossa crença de que grupos de ação direta só podem realmente assustar fascistas, e que representam a única, possível e credível, resistência.

A história dos anos 30 já nos mostrou que o pacifismo não é senão um sinal de fraqueza, e que a propaganda eleitoral leva ao pior. É tempo de respondemos de forma organizada e radical ao fascismo.

Mais do que nunca, a voz de Durruti deve fazer-se ouvir:
Existem apenas dois caminhos, a liberdade para a classe trabalhadora ou a vitória dos fascistas, o que significa tirania. Ambos os combatentes sabem o que espera o perdedor. Estamos prontos para acabar com o fascismo de uma vez por todas, mesmo apesar do governo republicano.

GADI. Grupo Ação Direta Internacional.

(12 de Fevereiro 2014)

“Eu sou apenas um militante anarquista que entrou em resistência. …
Não sou inocente nem vítima ou culpado”
– Anarquista Damien Camelio, condenado a dois anos nas prisões francesas por ataques incendiários do GADI em Tarbes e Pau.
Solidariedade com Damien! Liberdade para todos os reféns da guerra social!

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