Nos dias 11, 17, 18, 19 e 20 de Julho, haverão audiências preliminares referentes à investigação “Scripta Manent”. Relembro que, desde 3 de Julho, aos/às companheirxs já sob investigação foram adicionadxs outrxs – 5 companheirxs da Croce Nera Anarchica, eu por RadioAzione [site anarquista, em italiano, fechado pouco tempo depois] e a companheira que geria a RadioAzione Croácia, em relação à qual foi decidido, na audiência de 26 de Junho, que só estaria presente nas audiências seguintes.
Lançando um olhar ao dossier, tomamos conhecimento que uma investigação tinha sido aberta desde 2012, pelo ministério público de Nápoles, contra mim, um velho companheiro, já indiciado na operação Marini [mega operação anti-anarquista conduzida em toda a Itália na segunda metade dos anos 90 pelos ROS, o serviço especial dos Carabinieri, sobre ordem do procurador de Roma] e outrxs companheirxs da região de Lazio, referente à Federação Anarquista Informal.
Durante cinco anos sofremos um controlo total e isto levou a que outrxs companheirxs fossem colocados sob investigação, entre outrxs a companheira croata de RadioAzione.
Key logger instalado no computador, interseções telefónicas, vigilância ao longo de mais de 600km … do género: “Se eu me esqueci onde meti algo, posso perguntá-lo à Agente Elena (nome que deram ao software espião keylogger)”.
Após cinco anos de controle fictício, a 10 de Janeiro, o ministério público de Nápoles tinha solicitado a minha detenção, a da companheira de RadioAzione Croácia e a de dois companheiros gregos (um dos quais já aprisionado por C.C.F).
A partir desse momento passou tudo para as mãos do ministério públicio de Turim e do promotor Sparagna – visto o ministério público de Nápoles não ter competência para os tipos de delito de que nos haviam acusado.
De que é que somos acusadxs?
De ter feito contra-informação através de sites de internet e de jornais, de ter traduzido textos de reivindicação de ações vindas do mundo inteiro, de ter apoiado, sustentado, de nos termos solidarizado e ter feito prova de cumplicidade com xs companheirxs anarquistas Alfredo e Nicola, de termos recolhido dinheiro para xs companheiros na prisão. De termos formado uma célula italiana, croata e grega da Federação Anarquista Informal.
Nalgumas passagens do processo o juiz de turno, tentando alimentar as distâncias existentes entre alguns/mas de nós e o resto do movimento anarquista, inventa do nada através de escutas (re)transcritas à sua maneira desacordos entre mim e certxs companheirxs da Croce Nera Anarchica – companheirxs com quem houve desde o princípio uma completa colaboração num jornal anarquista que reconhecemos ser o único que vale a pena ler e isto de tal forma que até sou acusado de organizar a apresentação deste projeto em Nápoles. Só falo nisto para refrear maledicências.
Se são estas as acusações, então:
Reivindico ter publicado no site RadioAzione tudo com o qual eu tinha afinidade.
Reivindico ter dado e continuar a oferecer solidariedade e cumplicidade para Alfredo, Nicola e todxs xs outrxs companheirxs-irmãos/ãs que foram presxs em Setembro passado [na operação Scripta Manent].
Reivindico o facto de ter recolhido dinheiro para xs companheirxs detidxs.
Reivindico o facto de ter organizado o encontro da Croce Nera Anarchica em Nápoles. na esperança de organizar outros no futuro.
Reivindico o facto de ser anarquista, individualista e pela insurreição.
(agente Elena copiou tudo bem e fotografou? Agora relate aos seus chefes!)
Somma Gioacchino, Julho de 2017