As ruas de Exarchia estão quase vazias. A maioria dos atenienses deixaram a cidade durante a Páscoa, um dos maiores feriados do ano por aqui, então as suas ruas normalmente movimentadas estão vazias. As lojas e os cafés têm as portas de segurança trancadas, revelando a arte de pinturas coloridas de spray anti-autoritárias. As imagens de manifestantes utilizando máscaras de gás, as palavras de ordem contra o capitalismo e contra o governo e tributos aos militantes presos cobrem as paredes de quase todos os edifícios, revelando um pouco da contra-cultura que geralmente acontece aqui.
Exarchia é conhecida em Atenas como o centro de lutas sociais. Este bairro densamente povoado tem a reputação de ser anti-sistema e de ser o abrigo de estudantes, anarquistas, artistas e esquerdistas de todos os tipos. Um mês de protestos por todo o país foi atiçado em Dezembro de 2008 quando um estudante do secundário e anarquista de 15 anos foi atingido a tiro e morto pela polícia perto da Praça de Exarchia. A maioria dos atenienses odeia a polícia, e quando este jovem foi morto todo o país explodiu. A mãe de Alexis construiu um memorial na esquina onde ele foi morto com a sua foto e as seguintes palavras:
“Aqui, no dia 6 de Dezembro de 2008, sem qualquer razão, o sorriso de criança foi extinto do inocente Alexis Grigoropoulous de quinze anos de idade pelas balas dos assassinos sem perdão”.
Sinais dos protestos de Dezembro de 2008 podem ser ainda encontrados por aqui. Um edifício governamental que alojava o Ministério das Finanças continua vazio; resquícios de uma estrutura completamente queimada. Janelas que ainda se encontram partidas noutros edifícios, palavras de ordem que não foram bem lavadas e pintadas de stencil de Alexis podem ser ainda encontradas em pilares de mármore por toda a cidade.
Este bairro é a morada da Universidade Politécnica, onde muitos confrontos entre estudantes e polícia tiveram lugar. Na Grécia a polícia não pode entrar nas universidades. A 17 de Novembro de 1973, dezenas de estudantes que se revoltaram contra o governo militar foram atingidos por balas por militares no auge de um movimento massivo de protesto. Apenas alguns meses depois, o governo caiu e foi substituído por uma Democracia moderna. Os gregos não esqueceram este acontecimento e estão preparados contra o ataque às suas liberdades. Eles são especialmente sensíveis no que diz respeito às incursões policiais nas universidades e são várias vezes postos fora por estudantes e anarquistas que recusam que a história se repita.
O 1º de Maio está ao virar da esquina e apenas dez dias depois há uma greve geral. O campus Politécnico em Exarchia será sem dúvida o coração de muitos confrontos que terão lugar neste mês que vem. A economia grega está de rastos, os trabalhadores estão sobre um constante ataque e as pessoas que aqui vivem estão furiosas. Toda a gente por aqui fala da greve geral como algo com potencial para dar início a uma revolução. Muitos comparam a corrente crise ao colapso da economia Argentina em 2001, que levou a protestos massivos por todos os setores da população. Dez anos passaram desde então e o governo grego está numa situação muito parecida. Estão encurralados pelo alto valor do Euro e estão a ser forçados a atacar financeiramente a sua própria população pelo FMI e pela União Europeia. A Grécia é um barril de pólvora. Será a greve geral de 11 de Maio o rastilho.
Imagens de Exarchia, Atenas.
Tradução > P.M.
Nota da “ANA”: Os gregos e gregas farão uma nova Greve Geral nesta quarta-feira, 11 de maio, para protestar contra as medidas de austeridade e as privatizações receitadas pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
agência de notícias anarquistas-ana