Na terça-feira, 16 Dezembro de 2014, a polícia catalã despertava de madrugada várixs companheirxs anarquistas em diversos pontos do Estado espanhol ao mesmo tempo que colocava as patas nas casas que habitavam e se punha a par das suas vidas. Sob as ordens do juiz Javier Gómez Bermúdez, presidente da parte penal da Audiência Nacional onde chegou impulsionado pela maioria conservadora do Poder Judicial, é desencadeada a operação Pandora (nome retirado de um mito misógino, segundo o qual Pandora é modelada pelos deuses para trazer todo o mal à humanidade).
Durante as primeiras horas da manhã, várias casas particulares em Barcelona, Manresa, Sabadell e Madrid são objeto de buscas. Registaram também o Ateneu Anarquista del Poble Sec e o Ateneu Llibertari de Sant Andreu além da casa ocupada Kasa de la Muntanya, a qual recentemente celebrou 25 anos de ocupação e que, no ano passado, já tinha realizado uma conferência de imprensa para denunciar a instalação de câmaras ocultas com o objectivo de vigilância policial. Foram levados livros, telefones e computadores e detêm-se 11 pessoas.
Ao ser conhecida a notícia, alguns e algumas compas realizaram cortes de trânsito nos arredores – acabando por ser dissolvidos pela polícia – sendo convocada uma manifestação para a tarde do mesmo dia, reunindo 3000 pessoas que marcharam pelo bairro de Gracia em atitude combativa, causando danos em bancos e mobiliário urbano embora sem cargas policiais nem detidxs. Simultaneamente, em diversas cidades catalãs e no resto do estado espanhol, realizaram-se concentrações e manifestações sendo o saldo de 3 detidxs em Madrid, após cargas policiais.
Na terça-feira, ainda, xs detidxs sob a lei antiterrorista recusam-se a depôr nas esquadras de polícia da Catalunha. Desconhecem as acusações que lhes imputam. Na quarta-feira são transferidxs para Madrid, onde são ouvidxs pelo juíz na tarde de quinta feira, sendo sete delxs enviadxs para a prisão, sem fiança, (transferidxs ao CP Soto del Real) ficando quatro em liberdade. O juiz mantém o segredo de justiça (desconhecem-se, assim, os relatórios policiais que servem de base às acusações), mas alguns dados estão a tornar-se conhecidos através da imprensa e de algum advogado dxs detidxs. As acusações passam pela constituição, promoção, direção e pertença a uma organização terrorista, posse e armazenamento de explosivos, além de danos e destruição com finalidade terrorista. Todas estas acusações representam duras penas e, no entanto, fazendo gala da sua justiça burguesa não são conhecidas as supostas ações que teriam realizado. A imprensa escreve que esta é uma investigação da polícia catalã com dois anos já, relacionada com um suposto grupo terrorista denominado GAC (grupos anarquistas coordenados), na qual já acusaram Monica Caballero e Francisco Solar, que continuam encarceradxs aguardando julgamento há meses. É renomeado como prova para as investigações a posse do livro “Contra a democracia”, assim como outras justificações dos seus delírios tais como o facto de terem estruturas organizacionais burocráticas e internas, produzindo publicações ou de terem formas de comunicação com alta nível de segurança (por meio do servidor RISE UP). No nosso ponto de vista volta a tratar-se de uma montagem policial, apoiada em dados que em si não levam a nada, mas que, com a ajuda da polícia, ministério público, jornalistas e juízes se torna num caso que serve, na sua perspectiva míope, para conter a ação política anti-capitalista e anti-estatal, além de desviar a atenção dos despejos, os cortes nos serviços públicos e casos de corrupção política e empresarial que enchem as noticiários do país, todos os dias.
Porque estxs companheirxs estão detidxs pela sua ação anarquista, porque estxs companheirxs levaram à prática as suas ideias, porque estxs companheirxs sãoo nossxs companheirxs.
LIBERDADE IMEDIATA AOS E ÀS ANARQUISTAS!
AGORA MAIS QUE NUNCA, MORTE AO ESTADO E QUE VIVA A ANARQUIA!
QUE A SOLIDARIEDADE NÃO SEJA APENAS UMA PALAVRA ESCRITA