Rede tradutora de contrainformação

Prisões chilenas: Cinco presos políticos em greve de fome, como mostra de solidariedade com Mónica Caballero e Francisco Solar

COMUNICADO PÚBLICO DE INÍCIO DE GREVE DA FOME:

A todas e todos os que lutam pela libertação total.
Às consciências anticarcerárias.
A todas e todos os rebeldes e insurretos do mundo enteiro.

No marco do chamamento feito desde Barcelona para uma jornada de solidariedade Internacional com xs nossxs companheirxs encarcerados hoje em Espanha, Francisco Solar Domínguez em Navalcarnero e Mónica Caballero Sepúlveda em Estremera, a realizar-se entre 16 e 22 de Dezembro, os prisioneiros subversivos, libertários, autónomos e mapuche, Marcelo Villarroel Sepúlveda, Freddy Fuentevilla Saa, Juan Aliste Vega e Hans Niemeyer Salinas situados nos diferentes módulos da Prisão de Alta Segurança e Carlos Gutiérrez Quiduleo na secção de Máxima Segurança, todos na Unidade Especial de Alta Segurança de Santiago de Chile, comunicamos:

1. Damos início a uma Greve da Fome líquida como expressão concreta de solidariedade direta com xs nossxs irmãxs, amigos e companheiros “Cariñoso” e “Mona”, acusados pelo fascista Estado Espanhol de pertencer ao Comando Insurrecioionalista Mateo Morral, quem se havia reivindicado da autoría da acção direta contra a Basílica del Pilar em Zaragoza, da falida detonação na Catedral da Almudena em Madrid, para além de serem acusados de conspirar para atentar contra a Basílika de Monserrat em Barcelona.

Com esta mobilização procuramos atingir o medo e a indiferença reinante, romper os muros de todo o tipo e num gesto de irmandade indestrutível assinalar claramente que o nosso sangue-coração e ossos hoje estão em Madrid junto a elxs, e nos dói o seu isolamento, embora entendamos que é  parte da vingança estatal permanente contra todos os que procuramos a destruição total da sociedade de classes

2. Hoje, frente ao complexo panorama juridico-repressivo-carcerário no qual estão imersos a milhares  de kilómetros de distância do seu lugar de origem, enfrentando a hostilidade media-policial-politica desencadeada pela macabra relação simbiótica entre os obscuros rincões da inteligência estatal chileno-espanhola, fazemos tangível, uma vez mais, aquela bela prática subversiva altamente criminalizada: o amor, respeito e solidariedade entre pares,
longe de qualquer fetichização iconográfica ou martirização panfletária, promovemos a articulação consciente e institiva de redes de cumplicidade no quotidiano da luta contra o poder e toda a autoridade.

Os gestos e ações de revolta não são meras saudações à bandeira; neste contexto são claramente atos de resistência ofensiva no indesmentível desenvolvimento da Guerra Social no qual toda a prática antagónica à ordem dominante se torna subversiva e portanto criminalizável e, quem somos, fazemos parte daquele universo de relações humanas não mediadas por conveniências cidadãs, orgulhosamente expomo-nos a ser perseguidos, onde quer que estejamos odiamos o Estado – em qualquer das suas variantes – odiamos  a autoridade e amamos a quem caminhe livre pelo mundo, opondo-se a este.

3. Não facemos abstração das imensas dificultades com as quais nos defrontamos em todos os âmbitos da realidad de reclusão na qual vivemos vivimos, mas uma Greve da Fome consideramos ser o mínimo que podemos fazer como manifestação individual-coletiva de solidariedade combatente com xs nossxs irmãxs. Perante a proposta vinda, a partir dxs solidárixs de Barcelona, incitamos a todxs xs que conservam sangue rebelde nas suas veias a ampliar e multiplicar a solidariedade multiforme com Francisco e Mónica. Toda a iniciativa tendo em vista visibilizar as suas ideias, as suas vozes, o fruto da sua diária resistência, fará com que seja em vão a intenção de xs silenciar, nas masmorras espanholas. A chamada é clara e tem força: contribuir para a luta anticarcerária combatendo a democracia do Capital, os seus sustentáculos e os seus falsos críticos.

4. Este período intenso da Guerra e Resistência trouxe-nos, nos últimos meses e dias, sequências de dor e raiva, embora de reafirmação subversiva, autónoma e libertária na nossa comunidade geral de ideias, nxs nossxs afins em luta.

A recente detenção de Carlos em território Mapuche, após 6 anos de furtiva clandestinidade.

O festim mediático com a detenção de Francisko e Mónica, em Barcelona.

E agora, há poucos dias só, na zona poente  de Santiago, no interior de uma sucursal de um Banco Estado, o assassinato de Sebastián Oversluij e a posterior detenção de Alfonso Alvial e Hermes González, todos companheiros anarquistas presentes nos últimos anos em diversas lutas e espaços de solidariedade com xs presxs da Guerra Social.

E como corolário democrático dos ares cidadãos do Estado chileno, a negativa ao ingresso e expulsão do país de Alfredo Maria Bonanno, enquanto o social fascismo de esquerda retoma o controlo do Estado através do triunfo presidencial de Michelle Bachellet, o que augura mais repressão e morte para xs exploradxs e altíssimas taxas de ganância na transação de mercadorias para os capitalistas, todo revestido de renovados brios progressistas.

E a nossa luta continua, continuará sem vacilação nem tempos mortos, porque é nossa opção e convicção.  Chamamos a todxs xs anticapitalistas, rebeldes sociais, antiautoritárixs, subversivxs e libertárixs do mundo inteiro a estreitar laços  a partir do que há que fazer no concreto de forma a se romper o isolamento e castigo que o Estado Espanhol impõe hoje a Francisco e Mónica.

Damos por iniciada a mobilização com caraterísticas de Greve da Fome líquida a partir das 00.00 hrs. de hoje, segunda-feira 16 de Dezembro.

Saudamos entranhadamente a todxs, sem excepção, prisioneirxs nas prisões do capitalismo mundial, manteendo bem alto o desejo incontível de libertação total.

Fazemos chegar os nossos respeitos fraternos e subversivos à familia, companheirxs e afins do anarquista expropriador Sebastián Oversluij…  a sua decisão kombatente de ofensiva contra o Capital é sinal inequívoco de que a subversão antiestatal se multiplica perante os olhos incrédulos de quem nos repudia.

SOLIDARIEDADE COMBATENTE COM XS NOSSXS IRMÃXS PRISIONEIRXS NAS PRISÕES DO ESTADO ESPANHOL!

ATÉ QUE TODAS AS JAULAS FIQUEM VAZIAS: FRANCISCO E MÓNICA PARA A RUA!

HONRA E RESPEITO ETERNOS A SEBASTIÁN OVERSLUIJ!!

SÓ A LUTA NOS FARÁ LIVRES!!!

MARRICHIWEW!!

ENQUANTO EXISTA MISÉRIA HAVERÁ REVOLTA!

Marcelo Villarroel Sepúlveda
Freddy Fuentevilla Saa
Juan Aliste Vega
Hans Niemeyer Salinas
Prisão de Alta Segurança

Carlos Gutierrez Quiduleo
Secção de Máxima Segurança

Segunda-feira 16 de Dezembro de 2013
Santiago de Chile, ao Sul de Abya Yala, o que o mundo mal conhece como América do Sul.